Capítulo XXI - Rapto

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Os dias no passado pareciam se passar cada vez mais rápido, o que me preocupava um pouco. O diretor estava investigando o buraco no teto que eu havia deixado, tínhamos que sair de lá o mais rápido possível, porém ainda tínhamos muitas coisas para resolver. ]

Scott e Nicholas já haviam planejado tudo sobre como iriamos raptar o meu pai, ele ainda era iniciante em alteração da realidade, mas ainda sim era muito bom no que fazia. 

Observamos ele por dois dias durante suas aulas de campo para saber como surpreendê-lo. A ideia inicial era Nicholas usar a sua telecinese para atingi-lo com propulsões, já que ele está no nível Beta do treinamento da CA. Nicholas sempre foi o melhor em tudo, no seu tempo de seleção no CJT ele já era nível 1 e em poucos anos como agente da CA ele já era beta, não dava nem pra acreditar.

— Qual o nível do nosso pai como agente? — perguntei para Nick.

— Nível Alpha, como todos os membros do conselho.

— Esse é o ultimo nível? — perguntei mais uma vez enquanto colocava meu cabelo atrás da orelha.

— Existe o nível Omega, mas apenas a presidente é esse nível. Poucos agentes chegam a esse nível de poder. Só existiram três presidentes que foram nível Omega, até hoje.

— O papo está ótimo ai, mas temos um rapaz para sequestrar. A investigação está muito dura aqui, nosso disfarce pode cair a qualquer comento. — comentou Scott com tom debochado em sua voz.

— Então vamos embora daqui. — falou Everly impaciente.

— Não antes de descobrir tudo o que aqui aconteceu aqui. — falei firme.

— Se formos pegos a culpa será toda sua, Lilly. — Everly falou e se afastou.

Assim que anoiteceu começamos a colocar o plano em ação. Everly foi para o quarto do meu pai para chamar Patrick que era o seu colega de quarto, fazendo com que ele ficasse sozinho no quarto, dessa forma seria mais fácil raptá-lo. De inicio ela se recusou a isso, como eu já esperava.

Ela passou quase duas horas falando sobre como seria nojento ter que seduzir um cara que poderia ser seu pai e ela realmente tinha razão, mas isso era no futuro, aqui no passado até que Patrick não era de se jogar fora. Ficamos observando escondidos as atitudes de Everly de longe, assim que ela bateu na porta Patrick a atendeu com um sorriso no rosto, obviamente ele já estava com segundas intenções.

— Ele é um idiota. — comentou baixo Nicholas.

Eu poderia jurar que ele estava com ciúmes, já que não fazia muito tempo que eu o tinha flagrado dando uns amassos em Everly, mas não falei nada, preferi não pensar novamente naquela cena, só de imaginar já me embrulhava o estômago. 

Assim que ela saiu do nosso campo de visão, esperamos mais uns 15 minutos para irmos até o quarto do meu pai. Graças a Deus a minha missão era ficar do lado de fora vigiando e caso qualquer coisa saísse do controle, dar uma nova realidade para quem aparecesse por ali.

Ouvi alguns barulhos, mas não queria me preocupar, então comecei a pensar no quanto eu tava com saudade. Eu estava com saudade de tudo. Saudade da minha antiga vida, da minha tia, do colégio, da minha melhor amiga, do meu melhor amigo, do Tom. 

Só de pensar nele meu coração chegou a acelerar, mas ignorei essa sensação. Eu já tinha perdido tanta coisa na vida, toda e qualquer normalidade que tinha se foi para longe de mim. A Melanie não estava aqui para me acalmar e nem para me fazer tentar ver o lado bom de tudo isso. 

Só de pensar em tudo as lágrimas já brotavam em meus olhos, mas me esforcei para não deixá-las caírem. A vida nem sempre é do jeito que queremos e muito menos do jeito que planejamos, não é um roteiro de filme que podemos alterá-lo sempre que acharmos necessário. 

Muito pelo contrário, a vida é como é e não temos controle nenhum sobre ela. Ela nem espera estarmos preparados para nada. Simplesmente tudo acontece como tem que acontecer.

Meu coração já estava apertado com tudo que estava se passando pela minha cabeça, eu não tinha parado para pensar em tudo que eu havia perdido em tão pouco tempo e para falar a verdade era melhor nem ter pensado. Olha onde eu estou e o que estou fazendo, eu não tenho controle de nada, estou apenas tentando sobreviver e fazer o que é certo. Mas até quando? Talvez eu apenas estivesse me distraindo com tudo isso, por que a verdade e a realidade conseguiriam ser ainda mais cruéis.

— Vamos embora daqui. — Scott falou abrindo a porta do quarto do meu pai.

— Para onde? — perguntei.

— Túneis. — Nicholas respondeu imediatamente.

Scott estava carregando o meu pai e andávamos o mais rápido possível pelos corredores do prédio torcendo para que nenhum selecionado fosse sonâmbulo ou estivesse sem sono andando por ai. Eu às vezes me esqueço que Scott é super forte, ele carregava o meu pai no ombro direito, ele caminhava tão rápido que nem parecia estar com um ser humano no ombro, parecia até leve. Ele era realmente muito forte.

— À direita. — Nick falou um pouco mais alto e nós o seguimos.

Assim que chegamos aos túneis Scott colocou meu pai que ainda estava desacordado no chão. Eu fiquei com dó, pois aqueles túneis eram um pouco úmidos. Com uma corda que eu não fazia a menor ideia de onde Scott havia tirado ele o amarrou em algumas estacas de madeira que tinha nas paredes dos túneis, acho que elas serviam para a sustentação do lugar.

Assim que ele acabou de amarrar olhou para Nicholas como se esperasse alguma iniciativa do meu irmão que apenas sorriu e jogou o seu cabelo médio para trás, eu não conhecia muito bem esse lado confiante do meu irmão. Ele realmente parecia um agente da CA naquele momento. Ele se abaixou até o meu pai que ainda estava desacordado e deu uma tapa de leve em seu rosto, mas nada aconteceu, ele permaneceu desacordado. Então ele repetiu o movimento mais uma vez e dessa segunda vez meu pai acordou, ele parecia meio confuso e sem entender o que estava acontecendo.

— Quem são vocês? — perguntou confuso.

— Pergunta irrelevante. — Nick respondeu com uma voz grave cheio de segurança, ele estava realmente irreconhecível. Scott permanecia parado de braços cruzados do lado do meu pai, ele estava com cara de poucos amigos o que ajudava a assustar meu pai que estava sentado ainda tentando entender o que estava acontecendo.

— Quem mandou vocês? — perguntou ele mais uma vez.

— Vamos parar de perguntas e começar com respostas. — A voz de Nicholas estava mais grave. — Eu só quero saber quem era o garoto morto do ginásio e o que você tem a ver com essa morte.

Meu pai olhou para Nick com os olhos arregalados como se estivesse surpreso por ele saber tanto sobre esse caso, o que o deixava ainda mais sujo nesse assunto.

— Eu não sei. — respondeu por fim.

— Resposta errada.

Assim que Nicholas fechou a boca meu pai começou a gritar como se algo o estivesse matando.

— O que está acontecendo? — perguntou.

— Estou na cabeça dele — respondeu.

Ele não parava de gritar e eu já estava ficando assustada com tudo que eu estava vendo.

— Tudo bem, eu falo. Só pare com isso. — ele falou desesperado e gritando.

— Estamos progredindo. — Nicholas falou sorrindo. — Estou esperando.

— Eu não queria mesmo fazer parte disso, mas eu não tive escolha... — falava desesperado.

— Devagar, eu não estou entendendo. — falou Nicholas tentando compreender o que ele falava. — Quem te obrigou?

— O conselho.

Assim que meu pai fechou a boca foi à vez do meu irmão e Scott ficarem com os olhos arregalados e se entre olharem. O que aquilo significava? Eu não estava entendendo mais nada, mas pela cara dos dois nada parecia bom.

— Voltei pessoal. — Everly falou chegando no túnel como se fosse uma entrada na sala de aula.

Saga: Os Selecionados - Caçada Mortal - Livro #2 (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora