Capítulo XXXVI - Agente e Presidente

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Eu não sabia oque fazer ou que falar então, apenas me joguei para trás e mesentei no chão desesperada, estávamos no refeitório. Não seiquanto tempo passou, fiquei apenas sentada pensando em tudo. Eu tinhauma mãe? Eu tinha um pai? Eu tinha um irmão? Eu tinha uma família!Minha vida foi uma mentira, tudo foi uma mentira, tive que aturarolhares de outras crianças a minha vida toda, ir para as festas eexplicar o que tinha acontecido com os meus pais. Tudo isso eramentira, tudo foi uma grande farsa, o que eu deveria fazer agora?Ficar de pé e dar um abraço na minha "mãe"? Perdoa-la portudo? Eu realmente iria conseguir fazer isso? Meu estomago reviravasó de pensar.

Como eu nuncaenxerguei antes? Quando flagrei Scott falando com ela... Ela eraminha mãe, ela sempre foi.

Será que Scottsabia? Não sei, mas tia Sabrina com certeza sabia.

— Minha mãe...Foram minhas primeiras palavras desde a confissão dela. Eu estava decostas para ela. Virei-me e a encarei.

— Minha mãe.Voltei a falar baixinho. Ela começou a se aproximar, tinha um andarangelical, parecia uma modelo, estava tão ereta que só deobserva-la minhas costas doíam. Ela tinha nascido para serpresidente da CA, tão fria... Tão sozinha.

— Eu não sousua filha — falei com a voz firme.

—É claro quevocê é. Lembro-me como se fosse ontem, quando vi seu rosto pelaprimeira vez...

—Isso é o quevocê diz o que você lembra! Não eu! Eu não sou sua filha!

— Querida, seique é complicado eu entrar na sua vida depois de anos, não esperoque você aceite tão fácil, mas Lilly. Por favor, entenda secoloque no meu lugar, eu só queria o seu bem, só queria protegervocê.

— Uma mãe quequer o bem de um filho não o entrega para estranhos! — As lágrimasjá eram inevitáveis em meu rosto.

— Mas Sabrinanão é estranha, ela sempre foi uma grande amiga, eu não poderiater te colocado em melhores mãos.

— Ah, vocêpoderia, poderia ter me colocado em suas mãos. Mas passou, eucresci, cresci com Tia Sabrina, nunca precisei de você. Ela é muitomais minha mãe que você

— Nuncaprecisou de mim? Eu estive presente na sua vida mais vezes do que euposso contar, quando você se perdeu da sua Tia no parque quandotinha dois anos, eu quem a peguei nos braços e a levei para casa,foi à primeira vez que eu a tive em meus braços desde seunascimento, naquele momento pensei em largar tudo e ficar com você,seu pai e seu irmão. Quando você bateu a cabeça na piscina e quasese afogou, eu estava lá, eu a tirei da piscina. Como você acha quea CA não a capturou até agora? Somos uma agência, Lilly. Agênciade pessoas com os melhores dons, poderíamos achar você em segundos,mas eu estava aqui, interferindo, mandando os piores agentes atrásde você e seus amigos, o conselho estava dando ordens para acabarcom vocês. Vocês não têm noção do tamanho do tumulto quecausaram por aqui.

Eu não sabia sesentia mais raiva dela por ter colocado um dedo em tudo o que fiz, ouraiva de mim mesma por não ter imaginado a força da CA.

Alguém bateu naporta.

—Já está tudopronto — falou à loira que tinha ido à minha cela mais cedo.

— Já estouindo — respondeu ela.

— O conselho eeu, não gostamos de esperar. A mulher voltou a falar.

A presidente queaté então estava de costas para a mulher virou para ela.

— E eu nãogosto de ter que repetir a mesma frase duas vezes. Ela falou o finalcom uma imensa calma. A mulher fechou a porta e se foi.

— Lilly, porfavor, eu não espero ter o seu perdão, não agora ou talvez nunca otenha, o que peço apenas é que você tente me entender, tenteentender seu pai. A CA não é vida Lilly, estamos constantemente emperigo, e quando você é presidente, seus parentes correm ainda maisperigo, pessoas matariam para estarem onde estou e matariam maisainda se conseguissem, queria afastar você de tudo isso, como umaagente e presidente, eu falhei na minha maior missão. Ser mãe. Eufui uma péssima mãe para os meus dois filhos.

Vi a cabeça deMel aparecer na porta, comecei a ir a sua direção, passei ao ladoda presidente sem falar nada. Eu tinha como não chorar, masforcei-me.

— Ela é minhamãe, minha verdadeira mãe — sussurrei pra Mel.

— Eu sei.

— Como assim,você sabe?

— Quandoestávamos no CTJ, ouvi seu pai conversar com alguém e ele disse''sua filha está bem'' eu não sabia que era ela, é claro,eu iria te contar, mas então sofremos o ataque e tudo aconteceu,agora quando seu pai a trouxe para falar com ela e a deixou sozinhajunto com ela, eu tive a certeza que era ela.

Encarei a Mel porum tempo. — Não importa, vamos embora, vamos ser julgadas —entrelacei meu braço ao dela e os guardas se aproximaram para noslevar, a presidente veio logo atrás.

As portas quedavam para a sala de julgamento eram enormes, havia um agente em cadalado, eu e Mel trocamos olhares e entramos assim que a porta foiaberta. Estava lotado lá dentro, em um lado havia os bancos ondevárias pessoas estavam sentadas, do outro lado havia uma mesa enormede frente para os bancos, o conselho.

Todas as cadeirasnas mesas estavam ocupadas, menos uma cadeira vermelha no meio quecom certeza era dela. Todos ficaram de pé, a presidente entrou,andou até sua cadeira como se estivesse flutuando, sua cara estavaindecifrável, ela se sentou e todos fizeram o mesmo.

Os agentes queestavam atrás de mim e de Mel nos levaram até o meio da sala paraficar de frente para os conselheiros, Tom se junto a nós, ele meolhou como se quisesse saber se estava tudo bem comigo, eu assenti acabeça. Ele estava tão ferido.

— Vamos darinício ao julgamento. — Um homem que estava entre os conselheirosficou de pé, ele era careca, era muito esquisito também.

MelanieBrooke, Lilly Johnson, Tomás Derek Kammer, vocês estão aqui hoje,pois estão sendo acusados de vários crimes, são eles: Traição,assassinato, fuga, invasão, começar um motim,vazamento deinformações sigilosas.

Vocêsacham ou acreditam que um dos crimes falados anteriormente nãodeveria ter sido falado?

Ficamos calados,tínhamos feitos exatamente tudo isso? Tínhamos assassinado alguém?Eu não sabia dizer, tínhamos lutado tantas vezes contra tantosagentes... Começar motim? Eu não tinha feito isso, ou tinha?

— Comoimaginei... Incontáveis crimes e delitos, vocês querem seexplicar?

— Meus amigosnão fizeram nada, eu sou a culpada de tudo — falei dando um passoa frente.

— Isso não éverdade. — Tom e Mel falaram juntos.

— Calem a boca!— Falei.

—Chega, pelovisto vocês aceitam as acusações de bom agrado, vamos agoraesperar o conselho decidir a pena de vocês.

O homem sesentou, todos do conselho ficaram calados.

— Eles jáestão decidindo? — Perguntei.

— Sim, um delesfaz uma conexão com todos, eles conversam por pensamento.

Ficamosesperando.

—Chegamos a umveredito — falou o mesmo homem de antes.

— Decidimosque, os acusados devem ser executados.



Saga: Os Selecionados - Caçada Mortal - Livro #2 (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora