25

50 8 37
                                    

A vida é sempre tão cheia de surpresas, é tão imprevisível.
Você nunca sabe o que vai acontecer, nunca tem o controle de nada.

Em um dia você está bem, com pessoa que você ama deitado do seu lado. No outro, a pessoa que você ama está entre a vida e a morte em uma cama de hospital.

E então eu penso, como isso foi acontecer? O que eu fiz?
Penso em todas as coisas que teriam levado à aquele acidente.
A única coisa que sempre cai sobre mim é a culpa.

Corro os olhos por toda a sala e vejo os pais de Yuna  os abraçando enquanto ela se acabava em lágrimas, os pais de Jimin ainda em estado de choque, parados sem dizer uma palavra, Jin e Namjoon sentados no sofá do meu lado com a cabeça baixa, e Hoseok e Taehyung encostados na parede perto da porta.

E eu? Bom,  eu não consigo pensar em nada, sentir nada, nem se quer uma lágrima a mais se formou em meus olhos.
Eu estava tão destruído que nem as reações naturais do ser humano não funcionava mais em mim.
A verdade é que eu estava anestesiado, em choque, em negação.

        --- Vou para casa. -- Disse enquanto seguia em passos curtos até a saída.

        --- Yoongi, espera! -- Jin levantou.

        --- Não Jin, eu vou sozinho. Depois eu vejo vocês. Obrigado.

Saí do hospital e peguei o primeiro táxi que eu vi, segui para casa. O motorista falava sobre alguma coisa que eu não dava atenção. Eu estava preso olhando o trânsito pela janela, eu estava tentando pensar, tentando buscar um sentido pra tudo isso.

Quando cheguei em casa, segui para o quarto e tirei a roupa rapidamente, seguindo para o banheiro.
Fiquei la por tanto tempo que eu nem sei o exato, saí quando meus dedos já estavam enrrugados por causa do frio.

Procurei uma roupa confortável e fui para a cama, me cobrindo com o cobertor que usei naquela vez que Jimin dormiu aqui.
Não tinha mais o seu cheiro, já havia sido lavado várias vezes depois disso. Mas tinha a lembrança, e era nela que eu me agarrava com todas as forças.

E foi assim que eu dormir, dormir por tempo demais.

Acordei com minha mãe sentada do meu lado.

      --- Oi filho. -- ela chegou mais perto e passou a mão na minha cabeça.

      --- Que horas são? -- perguntei passando a mão em meus olhos.

      --- Já são 18:00hs.

      --- Preciso ir pro hospital. -- levantei rápido e procurei meu celular.

      --- Não mesmo, primeiro você vai comer. Olha pra você filho... parece que não come a dias. Eu sei que você quer ficar com Jimin agora mas, se você não cuidar de você, como vai ficar bem pra poder cuidar de Jimin?

Ela tinha razão, as mães sempre tem razão mesmo. Até quando a gente acha que não.
Mesmo sem fome eu desci com ela, ela já havia preparado todo o jantar.
Comi tudo o que ela me serviu, mesmo sem está com fome.

Acabei e logo saí, voltei para o quarto e peguei um casaco, meu celular e alguns wons.

Tinha algumas ligações perdidas de Namjoon e uma mesagem de Jin, a qual pedia que eu os ligasse de volta. É claro que eu iria, mas não agora.

Desci as escadas e encontrei meu pai na sala.

     --- Onde vai? -- ele perguntou.
 
     --- No hospital.

     --- Eu te dou uma carona.

     --- Ta...

Achei estranho, mas não o questionei, apenas saí e lhe segui até o carro, sentando no banco do carona e com o rosto virado para a janela.

Fomos o caminho quase todo em silêncio, até que ele tomou a iniciativa de uma conversa.

       --- Como ele está?

       --- Não sei, estava em coma quando eu saí de lá. Mas quem sabe por um milagre ele já tenha acordado.

        --- E como está a situação com os Park? Eles não gostam de você, acha que vão te deixar ficar lá?

        --- Não sei, mas não me importo.

        --- Tenha cuidado Yoongi.

Apenas assenti.
Chegamos e eu desci, meu pai nunca gostou de hospitais então não quis entrar, apenas pediu para que eu o ligasse caso precisasse. Agradeci e ele se foi.

Respirei fundo e entrei, perguntei novamente a moça sobre Park Jimin, e dessa vez ela me respondeu. Informou a sala e disse que o horário de visitas ja havia começado a alguns minutos. Eu teria mais uma hora  e meia para poder vê-lo. Ela me entregou um crachá de visita e eu fui, passei pela sala de visitas e lá estava apenas a Sra. Park.
Fingi não vê-la e continuei a andar, mas parei quando ela me chamou.

        --- Espera, Yoongi.

        --- Você sabe que não vai me impedir, né? -- virei e fiquei encarando-a.

        --- E nem quero fazer isso. Mas é que agora Yuna está lá com ele. Sente-se aqui e aguarde um pouco.

        --- Tudo bem.

Talvez se o o Sr. Park estivesse ali, ela não teria sido tão legal comigo. Jimin sempre falava que o monstro sempre foi o pai, a mãe apenas o seguia.

Depois de uns minutos Yuna apareceu na sala acompanhado de Taehyung.
Levantei e segui até o quarto de Jimin  com os olhares dos três sobre mim.

E lá estava ele, a pessoa que mais amo,  ligada a vários aparelhos, imóvel em uma cama.

Cheguei perto e segurei sua mão,  passei a minha outra mão em seu rosto, seu rosto tão perfeito.

       --- Eu estou aqui Jimin... -- deixei um beijo em seus lábios -- eu estou aqui meu amor. Não sei se consegue me ouvir mas, vou falar assim mesmo. Me desculpa Jimin, me desculpe por todas as vezes que eu agi como um babaca, me desculpa por ter sido egoísta demais a ponto de não ver que o seu sofrimento era maior que o meu. Eu não sei se a sua intenção era morrer naquele acidente, não sei se foi mesmo um acidente ou era o que você queria. Fique sabendo que eu nunca vou te deixar sozinho, mas por favor não morre. Por favor,  fica comigo...

O Menino da Casa ao Lado [Yoonmin]Onde histórias criam vida. Descubra agora