Capítulo 7

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Deito na cama e tento dormir. Estou muito cansada mas ao mesmo tempo enérgica. Relembro uma e outra vez a sensação da mão de Cris na minha e quero, não, preciso sentir de novo aquele calor. Já faz tanto tempo que não... Droga! No que eu estou pensando, o cara além de ser meu chefe, na empresa me trata indiferente. Eu sei que ele tem que ter autoridade e bla bla bla, mas poxa, é crime conhecer uma pessoa que trabalha pra você antes mesmo de saber que ela iria ser tua empregada? 

Arghh preciso de um chá.
Desço as escadas lentamente ainda com a cabeça nas nuvens e de repente me vem uma lembrança de Jonah...

-Mamãe olha o que posso fazer!
Diz o meu bebê escorregando pelo corrimão da escada.
-Você vai se machucar Jonah! Desce daí  meu filho!
-Mas mãe é tão legal! Você deveria tentar! Vamos, não seja chata!
-Jonah Elijah Regins! Respeite a sua mãe!
-Desculpa mamãe, é que eu queria que você se divertisse comigo...
Jonah me olha com aqueles olhinhos de cachorro arrependido e eu não consigo continuar séria, o perdoo imediatamente.
-Tudo bem meu anjo, mas nunca mais diga essas coisas para a mamãe ok?
Agora vamos lavar as mãozinhas porque o jantar ja está pronto!
-Ebaaaaa! Eu te amo mamãe...

E assim como a lembrança veio, ela desapareceu me deixando a já conhecida sensação de vazio.

Abro o armário e procuro a caixinha de chá de camomila, mas não a encontro em lugar nenhum.
-Aonde será que eu coloquei você?
Pergunto para o silêncio. 

Olho para baixo e vejo uma pequena caixa amarela no lixeiro e percebo que bebi o último chá antes de ir para o trabalho de manhã. Agora me restam duas opções, ou vou para a cama tentar em vão dormir, ou vou ao mercado e compro umas dez caixas de chá só para garantir.
Visto meu casaco, pego minha carteira  e as chaves da porta e me dirijo ao ponto de ônibus. A segunda opção era a escolha obvia.

******

Depois de quase vinte minutos de espera no ponto, finalmente um ônibus para, e depois de outros vintes minutos, estou na porta do supermercado. Como sempre o interior é frio por causa do ar condicionado, mas dessa vez não sinto frio, graças ao casaco que vesti antes de sair. Pego uma cestinha, já que não comprarei muitas coisas, e vou direto na ala dos chás e cafés.
Estou em dúvida sobre qual marca levar, já provei a maioria, mas hoje colocaram duas marcas novas. Eu não sou daquelas pessoas que se apega a uma só marca, eu gosto de provar todas, mesmo se alguma resultar ser horrível. Quero dar a chance a todas de se "defender", como dizia Alex (quando ainda me tratava bem). Eu sei, sou estranha.

Estou quase decidindo entre a "Tea for Life" e a "Windsor" quando sinto um arrepio na nuca.
-Recomendo a Windsor, eles não economizam na camomila.
-Cris? O que está fazendo aqui?

Eu estou pra lá de surpreendida, o que ele veio fazer aqui no mercado a essa hora?
-Eu vim comprar algumas coisas que faltavam no apartamento. -Ele diz levantando a cestinha recheada de batatas fritas, biscoitos e cerveja.

-Pelo visto você está com preguiça de cozinhar hoje não é? -Pergunto em tom debochado.
Eu pude presenciar a habilidade de cozinheiro do Cris, e posso dizer que ele poderia ser considerado um cheff completo.

Os tres dias que ele ficou hospedado na minha casa, ele se ofereceu para cozinhar todas as refeições, desde o café da manhã até o jantar. Segundo ele, era o "minimo que ele poderia fazer para agradecer", e eu aceitei a condição de boca fechada, ja que nao comia uma refeição decente a anos. 

-Você vem então Amelia?
-O-O quê? - pergunto sem conseguir esconder que estava distraida e ainda por cima pensando no meu chefe que agora está parado na minha frente e me olhando com uma sobrancelha levantada.

Amelia Onde histórias criam vida. Descubra agora