-Oi...
-Olá.
-Eu estava indo te dar boa noite, justo agora.-Eu... vim ver se você está confortável.
Cris olha pra mim de cima em baixo e franze a testa, descontente com algo.
- Você não trouxe roupa para dormir... toma pode dormir com minha blusa.Diz ele já tirando a blusa branca de algodão. Eu não consigo tirar os olhos do seu corpo musculoso, mais ainda da sua bendita tatuagem que se esconde no elástico da sua calça. A única coisa que consigo ver é algo como se fosse chamas saindo pelo coz da cueca. Acho que posso estar babando nesse exato momento.
-Você vai ficar me encarando ou vai pegar a bendita blusa Amélia?
Droga!-Des...desculpa... e obrigada. Bom boa noite Cris, espero que você durma bem. - digo envergonhada. Devo estar igual um pimentão.
Fecho a porta e tiro minha roupa, ficando só de calcinha. Antes de colocar a blusa, a levo ao meu nariz e aspiro sua fragancia amadeirada, esse homem sim que cheira bem!
Coloco a peça fria e sinto um arrepio em todo o meu corpo... Coisas sujas passam pela minha cabeça, eu nunca pensei em nada assim, nem quando estava com Alex.
Lavo meu rosto com água fria e escovo meus dentes rapidamente. Preciso dormir. Deito na grande e macia cama e fecho os olhos. Os pensamentos ainda fluindo, me perseguindo. Dou voltas e mais voltas pela cama, mas sinto calor, não consigo dormir. Tento ler um livro qualquer, acabo lendo uns dez capítulos, e ainda sim o sono não vem. Olho no celular e me assusto ao ver que já é quase duas da manhã, ou seja fiquei quase duas horas lendo! O que faço pra conseguir dormir?
Ando pelo quarto, repassando todo o dia de hoje na minha cabeça, quando lembro que as caixas de chá estão aqui no apartamento. Em cima do balcão da cozinha pra ser mais exata.
Decido fazer uma xícara de chá de camomila pra ver se finalmente consigo dormir.
Abro a porta e espio por debaixo da porta do quarto de Cris. A luz está apagada, ele já deve estar dormindo.Vou até a cozinha e acendo somente a luz do fogão. Encho uma chaleira com água, deixando a tampa aberta para não apitar (essas chaleiras fazem um barulho insano), enquanto procuro por uma xícara. Abro as portas debaixo do balcão e não encontro nada. Vou abrindo todas as portas do armário de cima, até que encontro a bendita. As benditas pra falar a verdade. Dentro do armário há pelo menos umas vinte xícaras de todas as cores e desenhos. Escolho uma com listras azuis e brancas, amo a cor azul, por que me lembra a Jonah.
Coloco um pouco de água fervendo e afundo a bolsinha com ervas, esperando até que a água fique da cor amarelada da camomila. Coloco três colheres de chá de açúcar, gosto do meu chá bem doce e quem sabe assim durmo bem.
Me recosto no balcão que separa a cozinha da sala, fico de costas para a sala e para os quartos. Admiro a cozinha de Cris. É enorme e cheia de aparelhos eletrônicos que nunca vi. A geladeira é daquelas side by side e prateada. Não tinha prestado atenção na casa dele ainda. Não vi como é a sala, está tudo escuro.
Imagino uma pessoa vivendo sozinha nesse apartamento. É muita solidão. Mas quem sou eu pra falar, também vivo só.
-Será que estou sonhando?
-Droga Cris! Você me assustou!
-Amélia? O que você está fazendo na cozinha a essa hora?
-Não podia dormir, então resolvi fazer um chá de camomila, espero que você não se importe...
-Não me importo, na verdade eu também vim fazer um chá pra mim, não consegui dormir. Mas ai venho na cozinha e a encontro assim...
Cris me diz tudo isso olhando para meu corpo, e nesse momento lembro que estou somente com sua blusa e com uma calcinha.
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Amelia
RomanceA pior dor que uma mãe pode sentir, é a dor da perda de um filho. Amelia sentiu na pele o que era ter que se despedir da pessoa que ela mais amava no mundo todo. Após anos de solidão, ela não esperava era que um engano fosse mudar toda a trajetoria...