Capítulo 20

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Não posso ver meu próprio rosto, mas sei que devo ter ficado pálida pelo olhar preocupado vindo de Cris. Ele quase corre até chegar do meu lado e quando vê as imagens que tiro de dentro do envelope, ele fica tão branco quanto eu.

São quase dez fotos nossas saindo do apartamento de Cris de manhã, no mercado, no hospital... várias imagens nossas em momentos íntimos ou que pelo menos pensávamos que eram íntimos.

Agora entendo a ameaça de Martha. Ela realmente quer esse dinheiro, vadia! Se alguém descobrir que estamos juntos, nossas carreiras estão acabadas. Nenhuma empresa vai nos levar a sério sabendo que não conseguimos cumprir uma regra que deveria ser simples: não se relacionar com colegas da empresa.

Cris olha de novo cada foto e posso ver as engrenagens na sua cabeça. Agora ele está vermelho de raiva. De repente ele começa a rasgar uma por uma em uma explosão de ódio.

-Vadia! Quem ela pensa que é? Desgraçada!

-CRIS! Pelo amor de Deus, fala mais baixo, alguém pode nos ouvir!

E alguém ouviu porque quase dez segundos depois alguém bate na porta e eu tenho quase certeza de quem é.

Respiro fundo algumas vezes antes de destrancar a fechadura e abrir a porta para uma Marcela preocupada.

-Amélia está tudo bem? Ouvi gritos...

-Não é nada Marcela, pode ficar tranquila. Cris só estava nervoso com um sócio que fez uma besteira. Eu já o tranquilizei. - Pisco para ela e ela me olha cumplice. Ah se ela soubesse...

-Tudo bem, mas fala para ele que dá para escutar tudo aqui de fora, tenham cuidado. - Ela volta para sua mesa me deixando com essa advertência e mexendo com minha cabeça. Será que escutaram Cris e eu fazendo amor?

De qualquer jeito esse é o menor dos nossos problemas. Agora precisamos ver o que fazemos com a vaca loira.

-Meu bem, o que você acha que devemos fazer? - Pergunto usando o apelido carinhoso para ver se Cris fica mais calmo. Funciona.

Ele me olha por alguns segundos com essa expressão estranha e depois volta a olhar as fotos totalmente despedaçadas.

-Você não tem que fazer nada, Amélia. Aqui o problema é comigo. Terei que ir na maldita audiência e abrir o testamento para que essa vadia se tranquilize quando tiver todo o dinheiro do meu... pai.

Ele enruga o rosto ao dizer a palavra pai e me aproximo dele dando um beijo em cada ruga da sua testa.

Não quero que ele se reúna mais com essa vaca, mas não temos outra opção. Eu posso encontrar outro trabalho como contadora em uma empresa menos conhecida, mas Cris, ele é muito bom no que faz e é realmente conhecido no ramo. Não quero prejudica-lo.

-Tudo bem, mas eu vou com você.

-Sinto muito meu anjo, mas você não pode, a audiência é só para parentes ou conjugues. - Ele me olha triste.

-Mas nada me impede de te esperar do lado de fora não é mesmo? - Sorrio e o abraço apertado.

Cris beija o topo da minha cabeça e ficamos assim por alguns minutos, ambos pensando na nossa situação, com certeza.

***

Depois de conversar por quase meia hora sobre o que devemos fazer no dia da audiência, chegou a hora de ligar para a vaca loira e dizer que Cris vai participar.

Ele pega o telefone e disca alguns números. Me incomoda saber que ele tem o telefone da vaca, mas não é a hora de bancar a namorada ciumenta.

Depois de alguns toques, a vaca finalmente atende. Cris coloca na viva voz, fazendo sinal para que eu não diga nada.

Amelia Onde histórias criam vida. Descubra agora