POR CRISTOPHER
Depois de transar com a Amélia na minha sala e de dizer aquilo para ela, me sinto muito mal. Algo se acendeu dentro de mim quando a vi falando com aquele pirralho do Rafael com tanta intimidade, como se alguma vez tivessem saído ou algo assim. E tudo piorou quando ela não aceitou meu convite para almoçar e ainda por cima foi comer com o idiota. Eu quis provar a ela que eu não ligo, mas o efeito foi totalmente o contrario.
Depois que ela saiu da minha sala praticamente correndo, me afundei no trabalho e quando percebi, já passava das oito.
Desci até o estacionamento e fui até a saída, conversei com o guarda e disse a ele para arrumar o bendito leitor de digitais. Ele me comenta que Amélia havia saído a alguns minutos também e fiquei preocupado. Mas se meus cálculos estivessem corretos, eu sabia muito bem onde ela estaria.
Pego a avenida que leva até o ponto de ônibus e como imaginei ela ainda está lá esperando. Porque diabos ela não pegou um táxi? Paro o carro bem na sua frente e insisto para que ela me deixe levá-la até sua casa, mas ela é teimosa e me rejeita, ainda tem a audácia de pedir carona para o Rafael!
Minha visão fica vermelha e eu simplesmente a deixo ali sozinha. Me arrependo duas quadras depois e acabo voltando. Estaciono na rua de baixo e espero até que Rafael finalmente chega e ela entra no carro dele.
Espero eles saírem e vou para minha casa. Durante todo o caminho, penso no que eles podem estar fazendo. Eu sei que Amélia não se entregaria a ele depois de transar comigo, mas minha mente vai a mil e imagina muitas coisas que podem acontecer sem ser uma transa.
Uma sensação estranha se apodera de mim, e em um surto acabo entrando em outra rotatória e pegando o caminho da casa de Amélia. Não sei porque fiz isso, quando me dou conta, ja estou estacionado na frente da sua casa.Pondero alguns minutos se devo descer ou não... decido descer e inventar qualquer desculpa para estar aqui a essa hora.
Toco a campainha uma, duas, três vezes e ela não atende. Minha mente paranóica está imaginando tantas coisas nesse momento e eu não sei como pará-la.
Quando Amélia finalmente abre a porta, meu coração quase para com a visão que tenho.-O que foi que esqueci Rafa?
Amélia pergunta ao abrir a porta sem perceber que o homem parado na sua frente, não é o seu "Rafa".
Ela está vestindo apenas um roupão e nesse momento vejo tudo vermelho. Se aquele idiota ousou tocar nela, vou matá-lo!-Cris? O que está fazendo aqui?
Pergunta surpreendida com minha presença. Droga!
-Você beijou ele?Antes que possa sequer pensar, as palavras saem da minha boca.
-O quê?-Você beijou ele, Amélia? Ou será que fez outras coisas?
Agora não consigo me controlar. Essa sensação estranha se apodera de mim e eu preciso saber o que ela fez com o idiota do Rafael.-Você só pode estar louco!
Ela tenta fechar a porta na minha cara, mas sou mais rápido e consigo entrar. Ela dá um passo para trás e me olha com raiva. Nesse momento estou tão furioso que não consigo pensar.
-Me responde caramba! Você... Você transou com ele Amélia?-O que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta! Afinal, não somos nada não é mesmo!
Essa simples frase me deixa sem ar. Ela usou o que eu disse contra mim e eu posso sentir a tristeza que ela deve ter sentido quando disse as mesmas palavras a ela.
-Por favor Amélia... só...me responde.Suplico agora totalmente sem ar. Me encosto na parede porque sei que não vou conseguir ficar de pé por muito tempo.
-Não, Cris. Eu não transei com o Rafa, ele só me trouxe, eu agradeci e ele foi embora.
Escorrego até o chão, aliviado com sua confissão, sei que não estou certo em vir e exigir respostas depois de deixar claro que não temos nada, mas essas palavras me fazem respirar de novo.
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Amelia
RomanceA pior dor que uma mãe pode sentir, é a dor da perda de um filho. Amelia sentiu na pele o que era ter que se despedir da pessoa que ela mais amava no mundo todo. Após anos de solidão, ela não esperava era que um engano fosse mudar toda a trajetoria...