Passamos o domingo todo na cama, comendo guloseimas e vendo filmes (de ação escolhidos por Cris e de ficção cientifica escolhidos por mim). Volta e meia, as lembranças do que fizemos no banheiro na noite anterior me açoitavam tal como eu tinha previsto. Isso me fazia querer experimentar coisas novas com Cris. Coisas excitantes.
A noite chegou trazendo um sentimento de solidão. Cris teria que voltar para o seu apartamento para se preparar para o trabalho e para a audiência de amanhã. Eu sei que por enquanto ninguém pode saber que estamos juntos, mas como eu gostaria de poder acordar com ele todos os dias...
Cris veste sua roupa lentamente um sinal de que ele tampouco quer ir embora, isso me traz sensações já conhecidas no estomago. Quero trancá-lo no meu quarto e não deixar que saia por um bom tempo.
Depois de colocar a calça e os sapatos, ele pega sua chave e vai até a porta caminhando com a cabeça baixa como se estivesse indo a um lugar terrível.
-Não quero ir embora. -Ele se vira de repente e me segura pelos ombros.
-Eu também não quero que vá...-seu rosto se ilumina.- mas você precisa se preparar para amanhã, falando nisso, vou mandar uma carta dizendo que estou doente, assim podemos ir juntos. Espero que o chefe aprove e me dê uns três dias de folga. -Pisco para o homem emburrado na minha frente e vejo um esboço de um sorrisinho de canto de boca.
-Vamos ver, se você se comportar bem, pode ser que ele te dê algumas coisinhas a mais.- Ele beija minha têmpora, depois meu nariz e finalmente minha boca. -Espero que amanhã ocorra tudo bem. -Ele encosta sua testa na minha.
-Vai dar tudo certo, é só uma audiência de leitura de testamento o que pode dar errado?
-Bom, tenho que ir, ou vou acabar dormindo aqui de novo.
Cris me dá um último beijo e sai disparado pela porta. Aproveito para trancar tudo e encosto na porta como uma adolescente apaixonada. Toco a boca com os dedos e sinto a maciez da sua língua fazendo maravilhas na minha cabeça.
Depois de alguns minutos decido que já fiz demasiado papel apaixonada e subo até o quarto para tentar dormir. Me posiciono no lugar que Cris ocupava e sinto seu cheiro inebriante. Quase que imediatamente pego no sono.
Estou em uma praia... não conheço o lugar, mas é tão lindo. É cheio de pequenas pedrinhas brilhantes. Tão brilhantes que não deixam ver nada a mais de um metro de distância. Meus pés estão descalços, mas não sinto nada debaixo deles, é como se eu estivesse flutuando. Visto uma camisola branca de cetim bem solta da cintura para baixo, ela é tão linda, muito parecida com uma camisola que minha mãe costumava vestir. Caminho tentando descobrir mais desse lugar, mas a cada passo que dou, parece que algo me puxa de volta. Sinto um toque no meu braço, me viro e não encontro ninguém. De repente uma brisa sopra pelo meu pescoço e meus cabelos e pelos do braço se eriçam.
-Tenha cuidado... - o vento diz.
-Porque? - Pergunto olhando para o nada.
-Tenha cuidado...
De repente caio em um buraco escuro. Me debato como Alice quando cai no tronco da arvore. Tento me segurar em algum lugar. Quero voltar para aquela praia tão linda, mas por mais que eu tente, não paro de cair...
-Merda! -Acordo assustada. Que diabos de sonho foi esse? Sinto um frio na espinha, olho para a janela para ver se a deixei aberta, mas ela está bem fechada e trancada. Será que foi outro sonho com Jonah? Esse era diferente, era algo mais... místico.
Olho para o relógio de cama e já passa das sete horas. Me levanto, tomo uma ducha bem quente e demorada e depois preparo meu café da manhã com calma, já que não irei trabalhar hoje.
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Amelia
RomanceA pior dor que uma mãe pode sentir, é a dor da perda de um filho. Amelia sentiu na pele o que era ter que se despedir da pessoa que ela mais amava no mundo todo. Após anos de solidão, ela não esperava era que um engano fosse mudar toda a trajetoria...