Capítulo 30

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POR PAT

Observo atônito enquanto os médicos tentam reviver minha prima. Quando eu vi a Martha dentro do quarto, meu coração parou por alguns instantes. Eu sabia que ela estava fazendo algo de ruim a Amélia. Aquela mulher é um diabo vestido de cordeiro. Eu fiquei paralisado e com tanto medo, que fui reagir só quando Joe gritou para que eu chamasse um médico. Saí correndo como um raio e agarrei a primeira pessoa de bata branca que vi no corredor e o arrastei até o quarto 403. O médico agiu rápido, mas eu sabia que algo estava errado. Joe mais uma vez gritou, dessa vez indicando que a vaca tinha uma seringa na mão. O doutor arregalou os olhos, mexeu na bolsa da vadia e encontrou uma ampola vazia, imediatamente começou a dizer um monte de palavrões, mas mesmo assim continuou seu procedimento e graças aos céus, conseguiu fazer os batimentos de Amélia voltarem.

Joe não saiu do seu lado por um segundo sequer. Ele a ama como se ela fosse família. E de certa forma é mesmo, cunhada e prima.

O médico termina seu trabalho e manda chamarem a polícia.

A cara de confusão de Joe refletia a minha própria. Como assim a polícia?

-Doutor, o que está acontecendo? -Consigo fazer minhas cordas vocais funcionarem.

-O que essa senhora -Ele aponta para Martha amarrada no sofá -injetou no soro da paciente, é um veneno que causa parada cardíaca. Se o senhor -agora ele aponta para Joe- não tivesse avisado, poderíamos ter piorado a situação. Conseguimos administrar um antidoto universal e com as massagens manuais, poder trazer de volta os batimentos cardíacos. Pedi que chamassem a polícia porque isso foi uma tentativa de homicídio.

Enquanto ele terminava de explicar, a polícia chegou e entrou no quarto. Seus olhos caíram sobre a mulher amarrada, e juntaram as peças rapidamente.

Eles a algemaram ainda sonolenta e quando ela sentiu o frio do metal, acordou de vez. A partir daí, foi uma confusão total. Martha começou a gritar que isso não ia ficar assim, que Amélia iria se arrepender, que isso ainda não tinha acabado e mais um monte de injurias...

Amélia continuava inconsciente e o médico disse que ela iria acordar em algumas horas. Os policiais levaram Martha para longe do hospital e eu fiquei só um pouco aliviado. De todas as coisas que aquela vadia disse, uma me chamou a atenção: "isso ainda não acabou...". Essa frase ficou martelando na minha cabeça por horas e horas.

Joe me disse várias vezes para que ficasse tranquilo, que tudo tinha passado, mas eu continuava com essa sensação ruim no meu peito.

Ficamos alternando entre ver Amélia e Cris. Sempre tinha alguém a acompanhando. Quando percebi a noite já tinha dado lugar aos primeiros raios de sol. Liguei para Marcela e lhe contei tudo o que tinha acontecido, ela ficou tão preocupada e alguns minutos depois apareceu no quarto com os olhos cheios de lagrimas. Ela abraçou Amélia e pediu desculpas, não entendi o porquê, mas não quis atrapalhar o momento.

Eu estava exausto. Pedi que Marcela ficasse alguns minutos cuidando da minha prima enquanto eu ia trazer café para nós. Decidi passar e dar uma olhada em Cris no caminho. Ele estava cheio de tubos na boca, nariz, várias seringas de soro nos braços, uma bolsa de sangue novinha gotejando e entrando no seu corpo desacordado. Joe alisava seus cabelos e podia ver a tristeza no seu olhar. Até o momento ele deve ter recebido pelo menos quatro bolsas. O médico disse que tiveram que o induzir a um coma para que ele possa se curar sem sofrer, mas vê-lo assim sem abrir os olhos, me dói o coração. Ele amava Amélia, isso era claro para quem quisesse ver, não consigo aceitar que isso termine assim.

Seguro os copos de café na mão e observo a cena por mais alguns minutos, até que Joe, como se percebesse minha presença, se vira e fico preso na intensidade do seu olhar. Vejo suas lagrimas descerem sem parar e quero entrar na sala para consolá-lo, mas há todo um procedimento antes, roupas especiais... indico com a cabeça que estou voltando para o quarto de Amélia e ele faz sinal para que eu o espere. Joe se levanta, dá um beijo fraternal na cabeça de Cris, alisa suas mãos como se quisesse esquentá-las e logo sai do quarto.

Amelia Onde histórias criam vida. Descubra agora