Capítulo 8

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Cris aperta o botão número dez e a caixa de metal começa a subir suavemente ao som de uma bossa nova qualquer. Ao chegar ao décimo andar as portas se abrem silenciosamente esperando a saída dos seus passageiros. 

Meu chefe dá dois passos e para de repente da forma que o fez no estacionamento do mercado e quase colido com suas costas largas e musculosas.

- Não vai me dizer que esqueceu em que andar você mora também, Cris. - digo em tom de brincadeira e ao mesmo tempo nervosa pela proximidade.

Cris continua imóvel e não diz uma só palavra, então dou a volta pelo seu corpo e o que vejo também me faz perder o fôlego.
-O que você está fazendo no meu apartamento Martha? -rosna Cris para a mulher linda, loira e elegante sentada no sofá preto de couro, com as pernas cruzadas como se fosse a rainha da inglaterra. -Como diabos você conseguiu entrar no prédio? Melhor, COMO DIABOS VOCÊ ENTROU NO MEU APARTAMENTO? E COMO SABE ONDE MORO? - Diz meu chefe entrando no apartamento e praticamente me puxando junto com ele como se eu fosse algum tipo de proteção.

Cris está possesso e eu não consigo me mexer. Quem é essa mulher? E porque tenho a sensação de que já a vi em algum lugar?

-Eu preciso falar com você Cristopher. Em particular. -diz a loira olhando somente para Cris, como se eu nem estivesse aqui.

-Eu não tenho nada pra falar com você. E se não sair em dez segundos chamo a polícia. - meu chefe ameaça a mulher mas ela nem se abala.

-Você não faria isso comigo e sabe disso Cristopher. -mas que audácia!
-Não me provoque Martha, eu não sou o mesmo garotinho de antes. 

-Cristopher, acho que eu volto outro dia tá?! Vou deixar as suas sacolas na mesa viu. -digo já deixando as sacolas na bendita mesa e indo em direção à porta.
-Você fica Amelia! -Cris quase grita sem nem ao menos me olhar.

Eu nunca tinha o visto assim, ele está furioso e eu estou paralisada com o susto.
-Desculpa, eu não queria ter gritado com você... -ele diz me olhando por alguns segundos.
-Olha Cristopher, eu não quero interromper a sua noite com uma garota qualquer, mas eu realmente preciso falar com você. -do que essa vaca acaba de me chamar?
-CHEGA! Martha você vai sair da minha casa por bem ou por mal! -responde Cris já com o telefone na mão preparado para chamar a policia.

-Seu pai morreu. - a mulher solta simplesmente. 

O telefone escorrega lentamente da mão de Cris e vejo o exato momento quando ele perde a cor. Ele não diz nada, é como se seu corpo fosse um sistema que simplesmente apagou. Ele encara a loira por uns minutos e pela primeira vez vejo alguma expressão no rosto da mulher. Mas não consigo identificar se é de pena ou de prazer.
-Você está mentindo. 

-Eu não brincaria com algo tão serio Cris...- responde a mulher tocando no braço do meu chefe e me causando uma sensação muito estranha.
-Não me chama de Cris. - diz ele tirando a mão de Martha com força do seu braço e posso notar sua cara de nojo.- Saia da minha casa agora.

-Cris...topher, me escuta, precisamos conversar em particular, preciso ver os detalhes da herança e do testamento...

-Meu pai deixou um testamento? -Cris interrompe o discurso barato da mulher.
-Sim, ele deixou. Você precisa assinar alguns documentos para ter acesso à sua parte.
-Por mim você pode ficar com tudo. Foi o que sempre quis não é mesmo? Agora por ultima vez, SAIA DA MINHA MALDITA CASA!

-Tudo bem, por hoje eu saio, por que sei que você deve estar abalado, mas nós ainda conversaremos sobre o assunto.

A mulher (que nem conheço e já odeio) sai caminhando nos seus saltos altíssimos sem nem olhar pra trás, deixando a mim e principalmente a Cris estupefatos.
Meu chefe abaixa lentamente e pega seu celular e se levanta ja discando um número. Alguém do outro lado atende quase imediatamente.

Amelia Onde histórias criam vida. Descubra agora