Capítulo 32

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TRES MESES DEPOIS

-Oi Amanda! -Cumprimento a enfermeira que passa correndo. -Como está o Pedrinho?

-Oi Amélia, está bem! Obrigada por perguntar!

Ela acena com a mão e desaparece pelo corredor. Assim é a vida dos enfermeiros e médicos, corrida.

Cruzo o hospital e vou cumprimentando cada pessoa que conheço e que viraram meus amigos no decorrer desses três meses.

Passo na ala das crianças, dos adultos, dos idosos e quando finalmente chego na ala onde Cris está, encontro quem eu estava procurando.

-Bom dia doutora... como ele está? -Pergunto sem rodeios. A doutora Carolina já me conhece bem o suficiente para perceber que a primeira coisa na minha cabeça é Cris.

-Oi, Amélia. Bom dia.... ele está... do mesmo jeito. Não tivemos nenhum avanço.

Aquele olhar me causa um arrepio na espinha. Esses últimos noventa dias foram terríveis e ao mesmo tempo uma lição de esperança e perseverança para mim, mas ver esse olhar estranho no rosto da doutora me causa medo.

-Eu senti ele se mexendo aquele dia doutora! Eu juro para você.

-Eu sei, Amélia, mas pode ter sido apenas um espasmo... olha eu conversei com Joe, e ele me disse que primeiro teria que falar com você e...

-Não! -A interrompo já sabendo o rumo dessa conversa. -Eu não vou permitir.

-Olha Amélia, eu sei que você o ama, mas já passou muito tempo e ele não demostrou nenhuma evolução no quadro... eu sinto muito...

-EU NÃO VOU PERMITIR.

Dou meia volta e corro para a entrada do hospital. Entro no meu carro e saio cantando pneu, pegando a rua que me leva até a casa de Joe.

Estou na entrada da sua casa em milagrosos dez minutos, nem bem paro o carro, salto pela porta e entro na sua casa como um furacão.

Joe está sentado no sofá segurando a cabeça com os braços apoiados no joelho, o corpo encolhido como se estivesse sentindo muita dor.

-Eu não vou permitir que o desconectem. -Paro bem na sua frente.

-É a única solução, Amélia. Ele está sofrendo...e nós também.

Vejo as lagrimas caírem do seu rosto como cascata. Me abaixo e fico no nível do seu rosto. Pego suas mãos e ele olha para mim, a tristeza inundando seu olhar.

-Ele vai acordar! Vocês precisam acreditar em mim! Eu juro que ele se mexeu na semana passada... eu só preciso de mais tempo... por favor Joe!

-Amélia, ele NÃO vai acordar! Por favor, não faça que isso fique mais difícil do que já é!

Mas que merda! Solto suas mãos de repente e saio da casa da mesma forma como entrei. Dou a partida no carro e pego o caminho de volta para o hospital.

Quando paro em um semáforo, bato várias vezes no volante buzinando sem querer e assustando algumas pessoas que cruzavam a faixa de pedestres.

-Merda! Merda! Merda! Mil vezes merda!

Sinto as lagrimas vindo, mas pisco várias vezes para afastá-las. Não quero dirigir sem ter total atenção no caminho.

Depois do acidente com Jonah e do último com Cris, eu fiquei ainda com mais medo de entrar em um carro, mas quando Cris não saiu do coma depois de algumas semanas, eu tive que superar esse trauma. Joe e Pat não podiam me trazer todos os dias, e pegar ônibus quase sempre me atrasava, além de que era um gasto. Então em um certo dia, peguei as chaves, entrei no carro e.... dirigi. Não senti medo, me senti tranquila como se nunca tivesse deixado o volante.

Amelia Onde histórias criam vida. Descubra agora