Capítulo 1 (Lú)

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 "Quero abrir os olhos para um novo dia; quero escolher como será o meu dia.

Quero sorrir por vontade e não por ser social; quero dançar na chuva aquela música que eu baixei.

Quero gritar para que o vento leve tudo que fere e faz mal; quero dar boas-vindas para os raios de sol que trarão emoção genuína.

Quero me descobrir inteira, mesmo não sendo nem metade; quero saber que eu nada sei.

Quero me fundir em sonhos e conquistas; quero ser para mim o que jamais serei para ninguém: Livre."

L. M. Gomes


― Lú! Acorda! ― a voz estridente da minha mãe vinda do lado de fora, me fez revirar os olhos. Ninguém merecia ser acordada daquele jeito em uma sexta-feira, mesmo que eu já estivesse alerta, já que na verdade nem havia dormido ainda.

Havia me esgueirado pelos fundos da casa, pulado minha janela apenas meia-hora antes. Passei a noite fora, em uma fogueira na praia de Maresias, nos braços de Fernando, meu atual ficante. As coisas funcionavam de uma forma bem simples para mim: era muito jovem para me prender à alguém. Deus, eu só tinha 18 anos! Morava no litoral Norte de São Paulo, mais precisamente em Boracéia, e só queria curtir. Fernando era lindo, o tipo de cara que toda garota sonharia em ter como namorado... menos eu. Para mim, beijar e ser livre era bom demais.

Minha mãe abriu a porta e eu me levantei, nos meus 1,65cm de altura. Meus cabelos eram um emaranhado loiro, devido ao vento que peguei na praia, e meus olhos verdes estavam vermelhos... de sono. Só para constar, eu era bem careta neste sentido. Me arrastei pelo quarto e nem era cena, eu estava mesmo acabada.

— Vamos sair em trinta minutos. Sua irmã já está pronta, esperando ― ah, claro que ela estava. Clarice era tão mimada e centrada em ser tudo que meus pais queriam. Tinha vinte e um anos e namorava há três o Caio, um mauricinho metido a besta que morava na capital e achava que nada prestava se não fosse conhecido por ele. Era muito chato com todos aqueles papos sobre seu último ano de faculdade de Medicina. Oh, sim, ele ainda seria médico. Minha mãe estava no céu.

— Tudo bem, tudo bem! Vou me arrumar e estarei na sala em meia hora ― passei por minha mãe indo até o banheiro que ficava no corredor. Isso era outra coisa que Clarice tinha vantagens sobre mim, ela tinha a suíte. Acho que mudei de ideia... de repente, queria muito que desse certo com o Caio e que ela casasse e se mudasse, deixando o imenso quarto com banheiro todinho para mim.

Eu estava pronta na hora. Ok, eu admito... quase. Quarenta minutos depois entrei no banco de trás do carro da minha irmã, usando meus jeans escuros, sapatilhas pretas e uma blusa justa com os dizeres: "Keep Calm And Carry On..." Eu precisaria "keepar" minha calma com minha irmã tagarelando que eu não era mais uma criança e já estava na hora de crescer e fazer alguma coisa da vida.

— Tudo bem, me acorda quando chegarmos ― coloquei os fones de ouvidos, escutando "Children don't Stop Dancing", de uma das minhas bandas favoritas, Creed. Meio irônico, não?

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