Capítulo 12

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LU


O sol tocou meu rosto e eu gemi.

― Levanta, Lú! Agora! ― a voz da Vivi estava acabando com a minha cabeça.

—Vai embora!

—Vou jogar um balde de gelo na sua cama! Levanta, agora! ― ela estava mais irritada, e eu não arriscaria. Sentei-me bufando de raiva e olhei o relógio de cabeceira na cama. Ainda era madrugada! Eram 7 horas da manhã!

― Você está louca? Ainda são 7 da manhã, Vivi! Me deixa! ― voltei a me deitar, quando eu escutei ela falar no telefone:

—Flávia, separa o gelo ― me sentei, encarando-a. Ela riu um pouquinho.

—Vamos sair em 15 minutos ― parou e escutou. Provavelmente, Flávia estava irritada; ela odiava esperar ― Caralho, garota! Segura aí quinze minutos! ― desligou, se virando pra me encarar.

—Levanta a bunda da cama e vamos lá atrás do seu homem ― declarou, e eu demorei mais que o normal para processar a informação. Quando a ficha caiu, me levantei em um salto.

—Ô, caralho! Não vou atrás de ninguém!

—Ah, vai sim!

—Não vou porra nenhuma. Você está maluca? Você deveria era me incentivar a ficar longe, ele nem ligou pra mim... ― minha voz falhou, e me sentei novamente na cama. Eu estava tão fodida. Vivi não me escutou, foi logo abrindo meu guarda-roupas e pegando um vestido curto verde esmeralda que eu adorava. Era da cor dos meus olhos.

—O que você está fazendo?

—Coloca esse vestido, ou eu vou vestir em você... à força, se precisar ― abri a boca pra protestar e ela me interrompeu: ― Felipe viu o Edu na saída da orla, em direção à estrada, ontem. Um pouco antes de você invadir minha casa. Imagino que ele viu algo que interpretou errado. Depois você me transfere todos os seus bens. Aqui o endereço dele, que eu arranquei do Felipe ― me mostrou um pedaço de papel com a cara de "eu sou foda". Foi automático: levantei-me e tirei meu blusão de dormir, colocando o vestido em quase um movimento só.

—Maldito Fernando, eu vou matar o desgraçado ― o mataria de verdade, mas que merda! A cena que o Edu viu só confirmou o que eu dizia... "Sem compromisso". Provaria que não era nada daquilo, nem que eu tivesse que colocar o Fernando sob tortura na frente do Edu.

Corri até o banheiro, dei um jeito no cabelo em uma trança lateral e escovei os dentes, passando um gloss. Meus olhos inchados exigiam óculos escuros. Saí e Vivi e Flávia estavam me esperando no portão.

—Vamos ― entrei no carro no banco de trás, indo buscar o meu deus das covinhas de volta.

Ele morava em um prédio. No sétimo andar, para ser mais precisa. Flávia tinha uma lábia incrível. Ela convenceu o porteiro a me deixar entrar sem avisar no apartamento, e ainda descobriu que estava em casa. Como ela arrancou isso? Não me pergunte.

― Vai lá e faz direito dessa vez. Seja menininha mesmo e se declare, Lú! ― me disse, antes de voltar para o carro. O portão destravou e eu passei apressada, pegando o elevador. Na boa, a sensação de estar apaixonada e meio que no drama de ter seu homem de volta é um tremendo teste cardíaco. Quando o elevador parou e abriu no sétimo, eu achei que precisaria de um desfibrilador. Meu coração perdeu uma batida quando parei na porta do 706. Levantei o dedo para apertar a campainha, mas abaixei no segundo seguinte. Eu estava com medo. Medo que ele não me quisesse! Levantei o indicador tremendo para apertar a campainha, quando a porta abriu. Meu coração não pararia. Explodiria! Batia tão rápido que eu estava ficando surda. Ele estava usando uma camisa social azul marinho com as mangas dobradas até o antebraço, e uma calça preta social... era mais lindo do que eu me lembrava. Olhou-me com uma expressão de surpresa, que deu lugar à expressão que eu esperava: raiva.

—O que você está fazendo aqui? ― mandou na lata, sem se mexer um centímetro. Me senti estranha. Parecia que desmaiaria, estava difícil respirar.

—Edu, eu... eu... ― não aguentei e comecei a chorar. CHORAR! NA FRENTE DE UM CARA! NA FRENTE DO EDU! Ele me puxou e me abraçou, e aí, ao invés de me recompor, agarrá-lo e dizer tudo que queria, eu chorei mais. Estava assustada. Afastou-me um pouco, me puxando pela mão e fechando a porta. Conduziu-me até o sofá, e eu não conseguia olhar nada que não fosse ele. Estava perdidamente louca por ele. Fodida. Na fossa. Apaixonada.

—O que você veio fazer aqui? ― perguntou, depois de se sentar na mesinha de centro, de frente pra mim. Seu tom frio me cortou o coração. Eu queria o meu Edu. Respirei fundo e fui dizendo, em uma respiração só. Sem chance de ele não me escutar.

—Eu soube que você apareceu por lá quando eu estava na praia com o Fernando, mas não era nada daquilo. Eu estava surtando, porque você tinha sumido. Ele me disse que não acreditava que eu estava apaixonada por você, e eu surtei com ele e me levantei, dizendo que eu estava sim e que eu queria só você ― criei coragem de olhar pra ele, que me encarava sério. Os cotovelos estavam apoiados nos joelhos e os dedos indicadores na frente da boca, contemplando alguma coisa. Respirou fundo e se endireitou. Mal sinal, eu estava sendo uma ridícula.

—Lú, eu... ― fechou os olhos e balançou a cabeça. Eu não aguentaria ser rejeitada por ele. Levantei-me e antes que dissesse as palavras ele segurou minha mão. Virei-me devagar e me puxou, já procurando minha boca, me beijando tão forte que eu achei que ela fosse inchar depois... E eu estava me lixando. Era tão bom sentir seu corpo duro contra mim, sua boca, a língua. Agarrei o cabelo dele na nuca com as duas mãos e gemi baixinho contra a boca dele, que me assaltava sem trégua, como se quisesse me possuir por ali. Suas mãos baixaram na parte de trás das minhas coxas e foram subindo por dentro do vestido até espalmarem e amassarem a minha bunda, me apertando mais. Estava com saudades, eu podia sentir. Liberou minha boca, mas não minha bunda. Ainda me apertando contra ele, falou baixinho em meu ouvido:

—Preciso te dizer uma coisa ― eu o interrompi.

― Edu, sou louca por você. Eu quero compromisso com você. Eu quero tudo ― me declarei e ele sorriu, me mostrando aquelas covinhas matadoras que o transformavam em um deus...

—Senti tanto a sua falta ― me beijou castamente, e eu achava que podia me acostumar com aquilo. Encostou a testa na minha e fechou os olhos por uns segundos, antes de abrir e me soltar, indo sentar no sofá. "Hã?". Nos filmes era mais fácil. O que mais ele queria?

—Eu realmente preciso te dizer uma coisa ― sabia o que era. A noiva.

—Sua ex voltou, é isso?

― Ela está grávida ― soltou de uma vez. Congelei. Aí era demais, o buraco era muito embaixo para eu me arriscar. 

AMORES DE LÚOnde histórias criam vida. Descubra agora