Capítulo 24

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"(...) And I'm gonna miss you like a child misses their blanket

But I've gotta get a move on with my life

It's time to be a big girl now,

And big girls don't cry"

- Firgie (Big Girls don't cry)

Garotas grandes não choram. Não choram. Bem, isso não era verdade: eu estava muito triste, arrasada e preocupada. No dia anterior, Edu saiu do meu quarto e da minha vida. Nem mensagem, nem uma ligação... Eu estava em um casulo no meu quarto, que nada e nem ninguém me tirariam.

Confesso que ri muito só uma vez: quando a Vivi e a Flávia vieram me contar que o Fernando estava destruído, com pontos no queixo, testa e bochecha, roxo em quase todo o rosto e com um dente quebrado. Bem feito, maldito. Eu sabia, e as meninas também, que não foi um carro que o atropelou... Foi um trator; meu pirocudo. Bufei alto, queria me estapear. "Porra, ele não é mais meu".

Sentei-me, decidida a dar um fim naquela deprê. Levantei e mandei a Fergie se foder com o choro dela. Desliguei aquela merda. A música que eu gostava e que me animava, me faria chorar, com certeza – "Rockstar" estava fora, definitivamente.

Saí do quarto e fui tomar um banho. Deixei aquela água escorrer pelo meu corpo e fechei os olhos para aquela sensação deliciosa. Estava lavando a alma. Era o efeito menininha, tudo vira filosofia. Eu estava lavando para longe as coisas ruins e as tristezas. O meu sol tinha que voltar a brilhar, com ou sem Edu.

Entrei no meu quarto e vesti um short jeans, uma regata justa vermelha e uma rasteirinha. Deixei os cabelos soltos, deixaria secar ao sol. Andar de bicicleta sem hora de voltar. Queria enxotar aquela névoa ruim de mim. "Chega!".

Estava tirando a bicicleta da garagem quando Vivi veio correndo sem fôlego até mim. Ela me olhava esquisito. Senti minha respiração acelerar. Eu só havia visto Vivi assim uma vez: quando ela veio dar a notícia há três anos, que uma amiga querida nossa havia falecido. Hora de dizer que a bicicleta já estava no chão?

—Lú, é o Edu...

Posso dizer que acabo de me juntar à bicicleta?

∙ ∙ ∙

—Lú, acorda! Acorda! ― alguém batia na minha cara. E, doeu!

—Acorda! ― Vivi estava me chamando. Olhei pra ela e seus olhos vermelhos e a cara de desespero me lembraram. "Edu!". Sentei e agarrei seus braços tão rápido que a assustei.

―É o que eu tô pensando? Ele... ele... ― eu não podia dizer.

Droga, eu não podia.

—Não, Lú, pelo amor de Deus. Não! ― Eu não sabia se batia nela ou se a beijava pelo alívio. "Então, por que aquilo?".

—O que aconteceu? ― me levantei, puxando-a comigo. ― Me fala! Droga! ― eu gritava.

—Ele caiu de moto, ontem. Estava quase em casa. Felipe me contou agora há pouco.

—E onde ele está? Vamos lá! Pelo amor de Deus, se mexe, porra! — ela não saía do lugar.

—Ele está no hospital, em observação. Parece que deslocou o ombro, teve uma ou duas costelas fraturadas e... ― fechei os olhos e respirei fundo.

—Ok, entendi. Vamos lá ― saí andando. Ela veio correndo atrás de mim. Entrei apressada em seu carro, adrenalina correndo. Eu precisava ver meu lindo.

AMORES DE LÚOnde histórias criam vida. Descubra agora