Edú
Dor. Dor. Eu só sentia dor. Porra, latejavam minhas costelas, e meu ombro estava imobilizado. Estava chovendo muito e a curva acabou como eu não queria... Minha cabeça doía. Fechei os olhos e respirei fundo. Dor. Merda!
Está tudo bem, querido? ― escutei a voz da Nathalia ao meu lado. Abri os olhos.
- Só respirei fundo. Péssima ideia ― suspirou e passou a mão no meu rosto. Conforto. Nathalia era minha única família, desde o acidente que tirou a vida dos meus pais 10 anos antes.
—Já avisou à Lú? ― perguntou, e meu coração palpitou ao som daquele nome. Deus, como eu queria ela ali. Balancei um pouco a cabeça. Ela me encarava e sorria.
—E você acha que ela não vai aparecer aqui a qualquer minuto?
—Você ligou pra ela? ― perguntei, querendo que sim e não.
Queria ela ali, mas não a queria sofrendo.
—Não. Liguei pro Felipe, e aí já sabe...― cerrei os olhos pra ela. Piscou e deu um beijo na ponta do meu nariz. Um médico entrou nesse momento.
—Eduardo Lucena ― disse, olhando um prontuário.
—Eu ― respondi e veio até mim.
—Você teve muita sorte, garoto. Mais cuidado da próxima. Está de alta, aqui a prescrição com a medicação de dor. Deixe uma consulta marcada com o ortopedista antes de sair, ele deve avaliar o ombro direito e as costelas em quinze dias. Tonturas e enjoos, retorne imediatamente. Alguma pergunta?
—Não.Tudo certo ― respondi, aliviado. Eu iria para casa. O médico deu um aceno e saiu. Nathalia me ajudou a levantar e foi ao banheiro pegar minhas coisas que ela trouxe no dia anterior. Bruna entrou correndo e me abraçou. Caralho, dor. Eu me contorci. Ela agarrou o lado fodido. Assustou-se e me soltou.
—Tá louca? ― resmunguei, ainda um pouco agachado.
—Não toque nele ― escutei a voz que me fez conseguir respirar novamente. Levantei a cabeça e vi a minha gatinha parada na porta, olhando furiosa com aquele jeitinho pimentinha, só dela. Estava linda, usando aquela blusinha vermelha, e eu segui até ela. Estava ignorando a dor, eu só queria abraçá-la. Achei que não a abraçaria mais. Céus... Ela retribuiu com cuidado, com meu braço esquerdo envolvendo suas costas e seus dois braços segurando em minha cintura. Cheirei o cabelo dela.
—Some daqui, sua vadia ― escutei Nathalia enxotando a Bruna e eu não queria saber de mais nada. Ela passou ao nosso lado e eu sussurrei no cabelo da minha garota:
—Senti sua falta. Senti muito ― ela me soltou. Latejavam minhas costelas, mas eu não estava ligando. Minha mão passou em seu rosto e ela fechou os olhos. Uma lágrima desceu e eu beijei, seguindo até sua boca. Ela recuou um pouco e abriu os olhos.
—Porra, seu idiota, eu achei que você... eu achei... ― fechei a distância novamente e segurei seu rosto.
―Shhh... Tudo bem, meu amor, eu estou bem. Acabei de ter alta. — deu um pequeno sorriso.
—Está de alta? ― olhou em volta. Refleti seu gesto e notei que Nathalia tinha saído, provavelmente quando Bruna saiu.
—Sim. Vem pra minha casa, cuida de mim...?― pedi e ela me olhou, séria.
—Você ainda não resolveu as coisas, não é? ― apesar da dor, respirei fundo.
—Não deu ainda ― revirou os olhos. Ela era dura na queda, era a minha Lú.
—Pois bem, ainda estou esperando me provar ― e, tendo dito, foi embora. Não seria Lú se fosse fácil, e era por isso que eu amava tanto minha pimentinha.
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AMORES DE LÚ
RomanceLuciana, mais conhecida como Lú, é uma jovem desencanada com a vida. Ela curte tudo o que pode e se recusa a se prender em um relacionamento convencional e se tornar, como ela diria, "uma menininha". Sua vida está toda no lugar e se classifica livre...