Epílogo

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1 ano e 3 meses depois...

Passei a mão na barriga imensa. Estava chegando a hora, estava ansiosa e animada.

― Filha! Você precisa pensar no seu corpo quando o bebê sair! ― minha mãe entrou na sala, com aquela ladainha. Dona Cristina Serrano era a vaidade em pessoa, sem descontos ― não pega leve nem com grávidas. Clarice olhou pra mim e sorriu. Ela entendia, e estava se fodendo pra tudo aquilo. Eu fiz como ela, sorri e revirei os olhos.

—Ela chutou! ― eu disse, maravilhada, ainda alisando a barriga. Caramba, estava muito emocionada... Eu seria tia da Beatriz! Clarice estava imensa; apesar de ter se casado com um ginecologista obstetra, a bichinha comia demais e não estava nem aí para as dietas. "Casa de ferreiro, espeto de pau", como dizia o meu amado pai Alfredo.

— Ela chuta o tempo todo, Lú ― diminuiu o momento. Eu nem liguei, estava curtindo.

Pausa. Só um segundo... Você achou que era eu nessa cena, certo? Bom, ainda não chegamos nesse estágio. Sabe como é, ainda tinha 20 anos e uma vida de coisas pela frente. Não se assuste, eu e Edu estávamos muito bem, obrigada. Nossa relação acabara de entrar em um novo nível. Ele era o meu patrão, desde a semana anterior. Aquele papo de faculdade de Filosofia não rendeu em nada; parti para administração, e agora eu era a secretária estagiária de um Engenheiro fodidamente sexy. Falando nele...

—Já guardei tudo, amor. Vamos? ― entrou na sala, lindo, com aqueles jeans escuros e uma camiseta branca com seus óculos aviador preso na gola. Olhou pra mim, e meus olhos brilhando ao lado de Clarice, o fizeram sorrir. Eu sabia que Edu era um cara para o futuro... Aquele tipo que queria cerquinha e filhos correndo no quintal. E o amava mais ainda por respeitar e entender que um dia eu chegaria lá também. Estava ansiosa pelo final de semana na casa de praia dele, queria dar um presente de aniversário inesquecível para o meu amor...

—Tudo bem, vamos ― me levantei dando um beijo em Clarice e outro em minha mãe. Edu foi até elas e se abaixou em frente à minha irmã.

—Posso? ― ele perguntou, estendendo a mão. Clarice acenou positivamente, e minha mãe suspirava ao lado. Edu tocou a barriga dela e disse, baixinho:

—Por favor, não chegue antes do titio e da titia voltarem. Quero te conhecer assim que chegar. Vai ser a princesinha do tio ― tirou a mão e se levantou, dando um beijo na testa da minha irmã. ― Fica bem, cunhada. ― Clarice sorriu. Sorri, também, e minha mãe disfarçadamente piscou pra mim. Ela sabia do meu presente.

—Pode deixar.

Seguimos até o meu A3 vermelho e lindo. Nada dessa porra de modelo submissa, só era legal. Presente de um ano de namoro do Edu... Batizamos no mesmo dia, demais! Entrei no banco do motorista e recebi uma mensagem de Vivi.

"TUDO CERTO, AMIGA".

Minhas amigas eram mesmo incríveis. Vivi estava noiva do Felipe e Flávia estava namorando há dez meses um japonês. Zoamos muito ela quando nos apresentou o Alexandre... sabe como é... Reza a lenda...

Mas, segundo ela, não tinha nada de lenda e o moço mandava muito bem no quesito importante. Uma novidade era que agora éramos um quarteto. Nathalia não desgrudava da gente, estava ficando com um gringo que estava de férias por lá. Amava minha cunhadinha, tinha dedo dela na minha surpresa também.

—Então, gatinha... Pronta pra se render a mim pelo final de semana inteiro? ― aquelas covinhas me arrancaram do meu devaneio. Eu guardei o celular e liguei o carro.

—Prontíssima, meu lindo ― pisquei pra ele e arranquei.

∙ ∙ ∙

Parei devagar em frente à casa. Edu olhou pra fora e pra mim, confuso.

—O que é isso? ― dei de ombros. Um sorriso lentamente se espalhou em seu rosto. ― Adorei, pimentinha! Lindo! ― saí do carro, e ele também. Me agarrou e me beijou, antes que eu pudesse sair de perto do veículo.

—Te amo, gatinha! Adorei o presente. ― Sorri largo. Aquilo não era nem o começo.

—Tem mais ― me afastei, segurando a mão dele e seguindo pelo caminho de rosas que planejei até a porta. Edu era todo sorrisos. Eu sei, aquilo era brega, mas eu já não ligava. Meu amor merecia tudo aquilo e mais... e eu daria pra ele.

Chegamos à porta e eu destranquei, deixando-o entrar. A sala estava cheia de balões de ar em forma de corações, pendendo do teto com fitas, igual fez comigo no aniversário de casamento dos meus avós. Porém, ao invés de bilhetes, as fitas prendiam fotos nossas. Na praia, no Chile, na cama, ele dormindo... olhou pra mim quando viu aquela. Dei de ombros outra vez. Ele era lindo de todo jeito. A trilha de balões ia até a porta de correr da varanda, que tinha um cartaz de "me abre". De costas pra mim, ele seguiu passando a mão em cada foto. Vi uma mão passar pelo seu rosto... Estava emocionado. Eu já estava muito mais. Passei por ele e segurei seu lindo rosto antes que ele abrisse a porta. Uma lágrima desceu, chegando à minha mão. Meu Deus, como era lindo.

―Eu te amo tanto, Edu... Quero que saiba que você é a minha vida, e eu nunca tive tanta certeza de nada tanto quanto tenho agora. ― Seus olhos azuis me encaravam. Ele estava mudo. Sorria e beijava meu rosto, meu cabelo... Me abraçou apertado.

― Nunca duvidei disso, gatinha ― morri contra o peito dele. Forcei-me fora do seu abraço e, impaciente, abri a porta por ele e o conduzi até o corrimão de madeira. Prendi a respiração enquanto ele lia, na areia, o seu presente de aniversário escrito com rosas vermelhas.

"Casa comigo?"

Virou-se para me olhar, atônito, e eu me ajoelhei diante dele. Um sorriso lindo se formou naquela boca, mostrando as covinhas que me conquistaram pra sempre. Tão lindo...

Tirei a caixinha vermelha do meu bolso. Deu aquela gargalhada gostosa dele e eu pisquei. Estendendo pra ele igual aqueles príncipes, eu dei o passo:

— Eu sei que te fiz esperar demais. Não houve um momento em que eu tivesse dúvida de que era você o homem da minha vida, mas eu precisava apenas... você sabe... ― sorriu, balançou a cabeça em positivo. Continuei, antes que eu desmaiasse de nervoso. ― Quero acordar com você todos os dias da minha vida. Quero nadar pelada daqui há 50 anos em uma praia com você. Quero ter filhos seus e aprender a cozinhar pra você. Quero ser tudo na sua vida, assim como você é na minha. ― Levantei. Estava doendo o joelho, já. Ele me ajudou. Coloquei um dedo em sua boca, antes que falasse, e abri a caixa. Coloquei a aliança grossa de ouro branco no dedo dele. Beijei o anel, e eu nunca vi um homem chorar tanto. Céus! Chorava mais que eu... E eu o amava por ser assim.

— Eduardo Lucena, casa comigo? ― ele sorriu e levantou a mão, mostrando-me o anel.

—Acho que não posso mais fugir, certo? ― ele me beijou, com necessidade e euforia. Me encostou no corrimão e puxou meu vestido rápido pela cabeça. Estava com pressa, e eu também. Desabotoou sua calça e, pra coroar, rasgou minha calcinha. Levantou-me, amassando minha bunda, e me apoiou no corrimão. Penetrou-me. Parou ali, naquele instante, e me olhou. Extasiada por estar tão completa, o olhei também.

—Aceito ― finalmente respondeu, e começou a estocar e gemer no meu ouvido, sussurrando palavras que me enlouqueciam. Puxei seu cabelo... A mão dele que segurava minha bunda apertou forte, e continuamos assim até que chegamos ao orgasmo juntos. Segurou-me em seu colo, sem sair de mim, e retornou para a sala. Aquilo me trazia lembranças... Íamos sempre ser assim, não tinha dúvidas...

Edu era todos os meus amores e mais um pouco. Edu era o amor da Lú.

AMORES DE LÚOnde histórias criam vida. Descubra agora