Capítulo 9

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Acordei com um cheiro delicioso. Abri os olhos e notei que estava nua, com um lençol fino sobre mim, deitada em um sofá. Me estiquei, estava toda doída. Tentei me situar. Sentei-me e espreguicei. "Breakaway", da Kelly Clarkson, estava tocando baixinho...

"I'll spread my wings, and I'll learn how to fly
I'll do what it takes till I touch the sky
And I'll make a wish
Take a chance
Make a change
And breakaway..."

Edu era eclético. Enrolei-me no lençol e segui o cheiro, olhei em direção à porta de correr da varanda e vi que era noite, ainda. Cheguei ao cômodo de onde vinha o cheiro e vi Edu colocando uma travessa com arroz na mesa ao lado de uma com salada tropical. Ele sorriu quando me viu e, contornando a mesa, notei que vestia apenas uma cueca boxer azul escura. Nossa, ele podia fazer propaganda daquilo. Aquelas pernas torneadas, aquele V descendo e aquele caminho da felicidade, levando até o grande pacote, todo embrulhadinho... Uma tosse e eu percebi que estava com o dente no lábio inferior, encarando demais o que não devia naquele momento. Não é todo dia que a gente se depara com um Edu da vida.

― Hum, acho que deve estar com fome... ― eu o encarei, arregalando os olhos. Eu precisava de uns minutinhos. ― ... de comida completou ― com um sorriso torto. Acenei em positivo e ele me deu um beijo rápido, me levando pra sentar em uma cadeira.

Minha nossa! Eu achando que estava dolorida, a palavara certa era destruída. Tenta fazer um canudinho receber uma lata de leite condensado versão especial... é isso aí. Sentei-me um pouco de lado e ele arqueou uma sobrancelha vendo minha expressão. Eu o encarei de volta.

— Você sabe... A noite toda ― declarou e piscou, se voltando para o fogão e tirando uma travessa do forno. Mas que diabos? O cara cozinhava?

— Linguado ao molho de maracujá ― anunciou e eu literalmente fiquei de boca aberta. Sorriu, presunçoso.

— Quando que você vai parar com isso? ― comecei a me servir. Nossa, que fome!

— Isso o que? ― sentou-se de frente para mim se servindo também.

— De ser bom em tudo.

— Tudo? ― me olhou, com aquela carinha de safado. Eu podia dizer que só tinha começado, e apesar da dor lá na minha sofrida, eu já estava me excitando com aquela expressão maliciosa dele.

— É... tudo ― repliquei, em um tom mais excitado.

— Lú, você mal tá andando. Acho que fui muito bruto com você. Come, senão eu, é quem vou te comer agora ― eu queria aquela oferta. Parece que leu minha expressão. Quando foi que ele começou a me sacar tanto?

— Come, Lú ― parecia um comando... Eu não duvidava que ele jogava no lado escuro, vendo a forma como me conduziu o tempo todo. Afastei o pensamento e terminei minha comida, com uma mão segurando o lençol e a outra traçando o peixe, que estava maravilhoso, só pra constar. Maldito, era perfeito demais. Demais pro meu gosto.

Comemos em silêncio, e ele recolheu tudo, colocando na pia. Me ofereci para lavar e ele disse que não precisava, no dia seguinte limpariam.

— Essa casa é sua?

— Era dos meus pais ― senti um tom triste naquele "era"... eu não queria que se prendesse nisso.

— É linda.

— Você não viu nada. Vamos conhecer a banheira? ― com o intuito de distraí-lo, soltei o lençol ali mesmo. Os olhos dele brilharam, analisando todo o meu corpo. Lambeu os lábios enquanto encarava sem cerimônia lá... foi a minha vez de tossir. Voltou a olhar meu rosto, com um sorriso torto, enquanto eu o fitava, com a sobrancelha arqueada.

AMORES DE LÚOnde histórias criam vida. Descubra agora