Capítulo 26

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Quase tive um treco vendo o Edu encolhido de dor e aquela vaca ali. Contive-me para não arrastá-la pelos cabelos. Quando os olhos dele pousaram em mim, agradeci mentalmente a tudo que eu conhecia. A sensação de alívio me inundou profundamente. Ele estava vivo!

Veio até mim e me envolveu. Estava tão frágil que me soou irônico, quando tudo que eu queria era dar uns tapas nele por ter me feito passar aquele susto. Quando me disse que estava de alta, eu soube que ele estava, apesar de tudo, bem e podia muito bem arrumar a bagunça da vida dele. Eu não me deixaria levar pelo Edu doentinho. Tudo bem, era o que eu mais queria... Mas aí já sabe, viraria aquele círculo vicioso, e eu era garota de palavra. "Chega de rolo. Vaca Bruna fora ou nada feito".

Passei por Vivi, que se levantou do banco do corredor e me seguiu.

—Como assim? Estamos indo? E o Edu?

—Pronto pra outra ― ela riu.

—Você é fogo, Lú ― ele me amava, só restavam as provas.

—Aprenda, Vivi. Nunca ceda aos caprichos de um homem.

—Mas isso não foi um capricho, foi um acidente.

—Que seja, tá valendo a dica.

Seguimos até o estacionamento e entramos no carro. Vivi ligou e começou a dar ré. Um barulho no capô e Vivi freou. Olhei para frente e lá estava ela... Bruna. Um sorriso lento se espalhou no meu rosto.

—Me espera aí, Vivi ― desci do carro. Sem um segundo pensamento, fui direto dando um tapa na cara dela. Foi bem em câmera lenta, seu rosto foi e voltou e ela colocou a mão, me encarando em seguida de olhos arregalados.

—Vou te deixar compatível com o seu namoradinho ― esbofeteei o outro lado. Escutei um "Vai, Lú!" vindo do carro. O que dizem? Gravidez não é doença... Deve valer surras também.

Bruna se endireitou e eu sorri. Aquele sorriso de maldade pura. Eu ia acabar com ela. Seu rosto empalideceu de medo... Vivi segurou minha mão, que estava pronta para um soco.

—Acho que tá bom, Lú ― falou no meu ouvido. ― Pensa, amiga... Ela pode dizer que perdeu o bebê por culpa sua, ou pior... Confia em mim, logo você vai poder terminar isso ― olhei-a e vi pelo canto de olho a vaca sorrir. Desgraçada. Vivi também viu e desceu uma mão na cara dela, sem aviso. A criatura era uma mosca morta.

—Arrebenta, Lú ― saiu da frente. Olhei para o lado e as duas acompanharam meu olhar. Um segurança do hospital estava chegando. Controlei-me e a coisinha medrosa fez o que eu sabia que faria: correu até o homem, que estava com um rádio na mão.

—Por favor, chame a polícia! Eu fui agredida, ela tentou me matar e estou grávida! ― disse, chorando, e o segurança olhou para mim e Vivi. Ódio. Eles vieram até nós.

—Precisam me acompanhar, senhoritas ― abri a boca, e antes de responder, aquela voz deliciosa se pronunciou atrás de mim. Mesmo sem a voz, eu saberia que ele estava chegando. Nem pergunta... eu saberia.

—Está tudo bem. Desculpe o incômodo, foi só um mal entendido. Estão comigo ― parou ao meu lado, com Nathalia, que se pronunciou sedutoramente para o segurança. Ele babava nela, era nítido.

—Bruna está brincando. Não é, querida? ― ela disse e encarou a Bruna - assim como o segurança, que parecia um dois de paus e não dizia nada.

—Sim, eu acho que sim ― a sonsa concordou rápido, o que me assustou. Entendi que ela tinha medo da Nathalia. Boa.

—Tudo bem, então. Por favor, tenho mais o que fazer ― o cara disse, mal-humorado, e saiu. Nathalia piscou para ele antes que se virasse. A garota era das minhas.

—Eduardo, essa selvagem louca me atacou e você fica ao lado dela! Eu quase perdi o bebê por causa dela, e agora de novo... ― Edu a calou erguendo uma mão.

—Merecia muito mais. E nunca mais se refira a ela dessa forma. Aliás, temos um assunto a tratar ― meu coração palpitou de ciúme. Eu sei, era idiota da minha parte, afinal, era isso que eu queria que ele fizesse, mas, de boa, não na minha frente. Puxei Vivi e saí andando até o carro. Senti a mão dele me segurar. Aquilo estava um circo. Virei-me pra ele, que me segurou com o braço livre e me deu um beijo delicioso. E eu deixei, só para acabar com a nojenta. Ele me soltou e disse, no meu ouvido:

—Vou te conquistar quantas vezes for preciso. Vou te dar tudo, gatinha ― me encarava com aqueles olhos lindos faiscando nos meus e, porra, eu tive que me segurar, senão soltaria um "own" . Ele já tinha me conquistado, só não precisava saber... Por enquanto.

—Tchau, Edu. Cuide-se ― dei um beijo no rosto dele e saí. Entrei no carro e, enquanto Vivi deu a volta para pegar a saída do estacionamento, olhei uma última vez e ele estava lá... Observando-me enquanto Nathalia mantinha a porta do carro aberta pra ele.

Acenou de longe e sorriu. Virei o rosto, e eu sabia que isso o faria sorrir mais largo. Pimentinha estava ardida. "Vamos ver se o paladar dele é forte o suficiente".

AMORES DE LÚOnde histórias criam vida. Descubra agora