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Luke – Como é que faziam isso, se até aos próprios violadores e assassinos, apenas prendem? Não é justo, não tinham esse direito! – Ele falou revoltado.

- Achas que eu sei Luke? De tanto procurar respostas, acabei por me cansar. Cada chicoteada deixou de ser sentida. Aprendi a viver com a dor, com as torturas, com aquele ambiente. Acho que foi uma nova forma de viver. Aprendi a aguentar a fome, as minhas emoções, tornei-me fria, arrogante, bruta, pouco comunicativa. Tornou-se automático. Acordar, sofrer e dormir.

Justin – Tens a noção da pessoa que és Dianna? Tu sobreviveste ao que metade das pessoas não sobreviviam. Tu és uma guerreira! Como é que podes duvidar tanto de ti? 

- Achas que me orgulho do que passei lá dentro? 

Justin – Devias de te orgulhar. Tu sobreviveste, diz-me, quantas raparigas lá estavam?

- Umas 30 acho.

Justin – Quantas estavam quando tu saíste?

- Duas. – Engoli a seco.

Caroline – Vês? – Soluçou. – Tu és um exemplo de vida Dianna, não devias de te esconder. 

Ela levantou-se e veio na minha direção, levantei-me também e abraçámos-nos. Sem conseguir evitar, comecei a chorar mesmo nos braços dela, sentia-me horrível. Reviver tudo foi das piores coisas que me aconteceu ultimamente, mas de certo modo, sentia-me mais leve agora. Afastei-me dela e recebi um abraço de todos eles, que choravam tal como eu. 

Cada pessoa que me abraçava, dizia-me palavras de apoio e as palavras ficam mesmo dentro da minha cabeça.

- Vocês estão certos. – Afastei-me, ficando de frentes para ele. – Não vou continuar a esconder e não posso importar-me com o que vão pensar.

Virei-me de costas para eles e subi a minha camisola a medo. 

Engoli a seco e acabei por tirá-la, deixando as minhas cicatrizes aos olhos deles. Senti um toque nas minhas costas e as lágrimas começaram novamente a escorrer. 

- A marca no fim das costas, foi de uma facada. A que está perto do meu ombro foi um ferro que ficou espetado. As outros menos nítidas são das chicoteadas. – Senti outro toque. – Essa foi a da queimadura com o ferro. – Engoli a seco e virei-me de frente. – E a que se viu no balneário, foi de uma facada também.

Luke – Continuo a ver uma miúda perfeita, sem qualquer defeito, sem qualquer motivo para ser criticada. Tens que te orgulhar da pessoa que és e mostrar aos outros do que és feita Dianna, tal como fazias quando chegaste a Beverly Hills.

Hannah – Eu nem sei o que dizer. – Engoliu a seco. – Só de imaginar cada dia naquele lugar, dá-me arrepios.

Caroline – Ela agora já não está lá e já não precisa de tocar no assunto. Nós já sabemos e não te vamos virar as costas, sabes que agora ainda te compreendemos mais.

Hannah – Exatamente. Mesmo que nós estejamos em Chino, nunca deixaremos de estar disponíveis para ti.

Vanessa – E isto é uma promessa Dianna. 

- O problema, é que não quero olhar para estas marcas e lembrar-me de tudo, não quero!

Justin – Também não podes esquecer, é impossível. Apenas tens que olhar para isso, não como marcas de tortura, mas sim como aquilo que te tornou no que és hoje. Deves de te orgulhar dessas marcas, porque por mais que te tentassem deitar a baixo, tu conseguiste sobreviver. – Engoli a seco e ele puxou-me para um abraço.

Justin – Foste a melhor pessoa que encontrei ao longo de 19 anos, amo-te tanto. – Sussurrou ao meu ouvido.

- Também te amo. – Solucei. – Desculpa se não tivemos o melhor dia... Não é todos os dias que se faz 6 meses.

Justin – Faremos 7, 8 e os que vierem. – Apertei mais o abraço.

Senti eles a abraçarem-nos também e disseram que com eles, não precisava de me sentir inferior. Os meus olhos estavam bastante doridos, cada vez que pestanejava, era um sacrificio para os abrir. Agradeci a todos pelas palavras e por não terem ficado chateados com o meu desaparecimento. 

Disse-lhes que eram as melhores pessoas que tinha comigo e que queria que momentos assim, se repetissem imensas vezes. Mesmo que nos separemos no futuro, tínhamos que nos reencontrar e lembrar-nos de momentos assim.

Afastei-me do Justin quando senti eles a afastarem-se também. O Luke e o Justin foram apagar a fogueira, enquanto a Hannah e a Vanessa abraçaram-me novamente. 

Logo depois, a Caroline se juntou ao abraço e disse que eu era a irmã que ela sempre quis ter. Agradeceu-me por tudo e disse que era o exemplo de vida dela. 

Ao fim de uns minutos, caminhámos para casa, pensando num mentira sobre o facto de termos chegado tão tarde. Era quase meia-noite e nos nossos telemóveis, estavam imensas chamadas da Alli e da Bri. A Caroline ligou ao Harry e disse que já estávamos a chegar. Assim que chegámos, eu desculpei-me por ter desaparecido e disse que estava tudo bem, que só queria dormir e acordar para um novo dia.

Fui para o quarto e entrei na casa de banho, tomei um duche refrescante e vesti o pijama. Sai da casa de banho, sentei-me no colchão, enquanto elas se despiam e vestiam e liguei o telemóvel. Tinha imensas chamadas e mensagens do Justin, uma das mensagens tocou-me, deixando-me novamente deprimida, mas feliz ao mesmo tempo.

" Apenas sei que não é o melhor dia, talvez até possa ser o pior destes últimos meses. Não sei o que dizer, não imagino pelo que passaste, mas quero que saibas que não estás sozinha. Desde que nos cruzámos no shopping, que não estás e agora muito menos. Confesso, estava um bocado receoso de entrar numa relação contigo, devido ao que sabemos. Tinha receio que me deixasses por causa do Tyler, para voltar para Chino, algo do género. Sou inseguro com aquilo que amo, sabes disso. Não sei o que dizer sinceramente, amo-te babe e o nosso 8, continua a ser um 8 deitado. "

Sai do quarto e fui ao quarto dos rapazes, perguntei pelo Justin e disseram que ele estava na sala com o Jai. Fui até à sala e encostei-me à ombreira, vendo-o a falar com a Caroline e não com o Jai. Eles estavam com um olhar triste, o que me deixou confusa. Quando deram pela minha presença, a Caroline levantou-se, deu-me um beijo na bochecha e saiu da sala. 

Justin – Que se passa? – Aproximei-me e sentei-me.

- Vi agora a tua mensagem... A maior que mandaste.

Justin – Ah... – Passou a mão pelo cabelo, de um jeito envergonhado. – É...

- Obrigada por tudo. – Murmurei, dando-lhe um beijo na bochecha. – Sei que já aturaste muito de mim e também sei que não foi fácil. Não desististe de mim e isso é das coisas que mais valorizo em alguém. Se fui bruta, desculpa, não é por querer.

Justin – Não precisas de te justificar babe. – Puxou-me para si. – Só quero que saibas que não estás mesmo sozinha.

- Nem tu Justin, acredita que não estás. 

O beijo durou algum tempo, pois conforme os nossos lábios se mexiam, ele puxava-me ainda mais para perto, continuando o beijo. Separei os nossos lábios, pois não queria que nada avançasse, não ia conseguir dar-lhe outra barra, não depois do que falámos. Não o queria fazer. Dei-lhe um beijo na bochecha e sai da sala, caminhando para o quarto. Deitei-me entre a Alli e a Vanessa e verifiquei se tinha o telemóvel de baixo da almofada. Ao senti-lo, aconcheguei-me e fechei os olhos.

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