16 - Stress.

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Luke – Prova.


Fiz o que ele disse e ao fechar a boca e começar a mastigar, o algodão desfez-se na minha boca, o que me fez engolir logo. Voltei a tirar um pouco e saboreei melhor. Era um sabor doce e açucarado, era ótimo, mas meio enjoativo. Sentámo-nos num banco virados para a roda gigante e continuámos a comer e a falar, ríamos e ríamos. Perto do fim do algodão doce, ambos pensámos no mesmo. Enquanto íamos tirar o bocado maior, as nossas mãos tocaram-se o que nos fez entreolhar. Ele sorriu e esticou a mão, limpando algo perto do meu lábio. Sorri de volta e ele aproximou-se, dando-me um beijo na bochecha, o que me fez sentir algo estranho.

Luke – Devíamos de ir andando, é quase uma da manhã. – Assenti e levantámo-nos. – Dás-me o teu número?

- Claro. – Ele entregou-me o iPhone e eu marquei o número. – Gravei só como Dianna.

Ele assentiu e fizemos o caminho de volta para o carro. Antes de me levar a casa, fomos apenas a mais um sítio onde ficámos durante algum tempo. Conversámos imenso e sinceramente, não me sentia tão normal à imenso tempo. Perto dele sentia-me bem. O riso dele, a voz dele, o sorriso dele, as palavras dele provocavam felicidade dentro de mim, contagiavam-me de uma forma inexplicável. Ele era adorável e daqueles rapazes rebeldes, mas que ao mesmo tempo responsáveis. Um pouco contraditório, mas a melhor maneira de o descrever. 

Luke – Posso perguntar-te quais os motivos de teres ido para o Camp?

Tremi com a pergunta dele e a forma como a sua expressão mudou, ele tinha percebido isso. 

- Foram mesmo muito motivos. Alguns crimes, drogas, bebida, tabaco e fui apanhada a grafitar umas paredes. – Falei de cabeça baixa. – Assinei como DSF e como tinha grafitado grande parte do bairro... Piorou tudo.

Luke – Gostas de arte? 

- Venero grafitar. 

Ele levantou-se e agarrou na minha mão, levando-me para um beco completamente velho. Era um beco e um espaço enorme ao fim do mesmo. Um lugar velho, sem vida. Olhei para as paredes e a enorme vontade de comprar sprays de tintas e grafitar todas as paredes, dando mais cor e vida ao lugar, invadiu-me por completo. Olhei para o telemóvel e vi que era quase 3 da manhã, arregalei os olhos e entrelacei a minha mão à dele, puxando-o de volta para o beco. Corremos até ao carro e soltámos algumas gargalhadas, entrámos no carro e ele apressou-se a conduzir, para que não chegasse muito mais tarde a casa. A Jennifer ia matar-me e o Tom fazia-o caso ela não o fizesse. Quando chegámos, ele parou o carro perto dos portões e desligou as luzes do carro, juntamente com o motor. Virei-me para ele e ele esticou-se, para me dar um beijo na bochecha. Ao sentir os lábios dele pressionados na mesma, senti também a argola dele, o que me fez voltar a pensar... Antes que ele se pudesse afastar, dei por mim a abraça-lo e a sussurrar-lhe um obrigada pelo dia e pelas conversas que trocámos. 

Luke – Eu é que tenho que agradecer, à muito tempo que não me animava tanto. – Sussurrou de volta.

- E não te preocupes, o vosso segredo continuará segredo. – Ele deu-me um beijo na bochecha novamente e afastou-se. – Prometo-te isso.

Luke – Prometo que também não vou contar a ninguém o que me contaste.

- Obrigada mesmo. – Ele assentiu sorrindo. – E... Sempre que precisares, podes falar comigo.

Luke – Digo o mesmo.

Assenti e sai do carro, levando a mala da escola. Entrei dentro de casa em silêncio e subi as escadas, fechando-me no quarto. Pousei a mala a um canto e atirei-me para cima da cama, aconchegando-me na mesma. Os meus pensamentos baseavam-se no Luke e no dia que tinha passado com ele. Foi tudo tão normal, apenas dois adolescentes a sair da escola sem ninguém saber e a passar um bom bocado juntos. O que me estava a chocar, era o facto de ter agido tão normal perante ele e ele também ter agido normalmente perto de mim, sabendo as minhas origens e o que dizem de mim. Ele tinha crescido num bairro tal como eu e deixou tudo para trás. Mesmo tendo as mesmas origens que eu, ele adaptou-se a Beverly Hills e eu tinha que fazer o mesmo. Deixar as pessoas aproximarem-se de mim, sem as julgar. A primeira pessoa foi a Caroline, depois a Jennifer e o Tom. Confiei no Justin e continuo a confiar nele, a Bridgit e a Alisson também são umas queridas e o Luke, simplesmente tornou o meu dia super normal e descontraído. Algo que eu precisava.


Quinta-Feira , 12 pm.


Acordei com um barulho estranho vindo da rua. Levantei-me e fui até à janela, onde vi o jardineiro a aparar a relva, a sério que ele estava a cortar relva de madrugada? Quer dizer... Olhei para o céu e vi que estava claro e bastante sol, caminhei até à cama, sentando-me nela com o telemóvel nas mãos. Era meio-dia, dentro de uma hora e tal as aulas acabavam. Era desta vez que ia ser morta por eles. Despi a roupa que tinha vestido ontem e cobri o meu peito com um top curto, pois ninguém devia de estar em casa e podia andar à vontade, sem medo de mostrar as marcas que tinha nas costas. Vesti uns calções justos e curtos de desporto e sai do quarto, descendo as escadas.

Quando entrei na cozinha, surpreendi-me com a Jennifer a preparar o almoço. Lambi os lábios e preparei-me para recuar e fingir que ainda dormia, mas ela virou-se e colocou dois pratos na mesa, um à frente do outro. Caminhei até à mesma e sentei-me, esperando que ela trouxesse a comida para a mesa e se sentasse também. Assim que o fez, vi os seus olhos a fixarem-me e sabia que ela ia começar a reclamar com o facto de ter faltado ás aulas e ter chegado bastante tarde.

Jennifer – Ainda esperei que te desculpasses, mas pelos vistos...

- Desculpo-me por ter faltado ás aulas, não por ter vivido o dia mais normal da minha vida ultimamente ontem.

Jennifer – Onde é que estiveste Dianna? Não disseste nada, tu agora tens responsabilidades.

- Eu sei. – Falei calmamente. – Andei por ai a conhecer Beverly Hills, nada demais.

Jennifer – Nada demais? Ouvi-te chegar ás 3 e tal da manhã! Não disseste que ias sair depois das aulas e tu tens que o fazer.

- Não penses que vou ligar-te sempre que precisar de ir a qualquer lado, eu sei cuidar de mim. – Cuspi meio fria, mas sem aumentar a voz.

Jennifer – Não me interessa isso, interessa-me que agora fazes parte da família e que não quero que nada te aconteça.

- E achas que pode acontecer? Que nem tentem. – Revirei os olhos.

Jennifer – Dianna não estou a brincar, o que fizeste ontem foi irresponsável.

- Não foi, não fiz nada de mal. Jennifer eu tenho a minha liberdade e o facto de não ter dito nada, foi apenas porque precisava de estar sozinha, de me afastar de tudo por um bocado.

Jennifer – Sabes que podes falar comigo ou com o Tom, agora. Foi a Molly novamente? Algum professor que te faltou ao respeito? Alguma pessoa? O que é que aconteceu? Fala connosco, não te isoles.

- Chega de perguntas! – Falei alto, levantando-me. – Toda a minha vida fui interrogada por tudo e por nada, se pretendias com que recomeçasse aqui, não está a resultar! 

Sai da cozinha e subi as escadas a correr. Nesse momento a porta foi aberta e a voz do Tom e da Caroline entrou-me pelos ouvidos. Quando estava no cimo das escadas, ouvi-o a chamar-me, mas ignorei. Entrei no meu quarto, fechei a porta, trancando-a por dentro e liguei o computador, deitando-me na cama com o computador. Liguei-o e entrei no facebook, coloquei música também e entretanto o meu telemóvel não parava de piscar. Peguei nele e vi que tinha 4 mensagens e 3 chamadas. Fui ver de quem eram. As chamadas eram da Caroline, uma mensagem era do Luke, outra da Jennifer e as outras duas da Caroline também. Li todas, mas decidi apenas responder à do Luke.

De: Luke.
Para: Dianna.
Mensagem: Ainda não te vi por aqui, conseguiste acordar ou nem por isso? – Luke 

Para: Luke.
De: Dianna.
Menagem: não e já tive problemas com a jennifer . 

De: Luke.
Para: Dianna.
Mensagem: Também só fui à última aula de Desporto, mais nada. Então? 

Para: Luke.
De: Dianna.
Mensagem: ela começou com cenas de responsabilidade e de lhe avisar quando vou sair e com quem , essas cenas , enfim .

Continuámos a falar.

{...}

Perto das seis da tarde, estava dentro da banheira a tomar banho, devido a ter estado no ginásio. Não troquei palavras com ninguém dentro da casa, nem um olhar com a Caroline, nada. Parecia que estavam todos chateados comigo, quando não fiz nada demais. Terminei o banho e sai da banheira, passei cremes pelo corpo e escolhi algo para vestir, pois tencionava ir dar uma volta pelo quarteirão, para ir ver quem eram os vizinhos ou algo do género.

Sai do quarto com o telemóvel na mão, pois estava a responder ao Luke e fui abordada pela Caroline ao passar pela sala. Olhei para lá e vi a Jennifer e o Tom a olhar-me, o que me deixou desconfortável, pois a maneira como a Jennifer olhava, tornava impossível ser bruta ou algo do género. Ela preocupava-se comigo e quanto a isso, não tinha quaisquer dúvidas.

- Vou só dar uma volta pelo quarteirão, janto em casa.

Caroline – Posso ir contigo? 

- Sim.

Ela levantou-se do sofá e deu um beijo na Jennifer e no Tom, vindo ter comigo. Dirigi-me até à porta e ambas saímos da mesma, começando a volta ao quarteirão pelo lado da casa do Justin. Olhei para lá, pois sabia que ele tinha faltado novamente ás aulas. Vi-o à porta a falar com a Molly, ele parecia preocupado e chateado e enquanto a ela, notava-se que estava irritadíssima com ele. Continuei a andar e parei de olhar para eles, pois não queria que a discussão piorasse por causa de mim. Enquanto caminhávamos, lembrei-me do assunto do Harry e ao vê-la tão entretida a escrever mensagens, decidi tocar no assunto.

- E o Harry?

Caroline – O Harry é a pessoa mais querida do mundo, meu deus. – Ela murmurou toda sorridente. – Hoje passámos o primeiro intervalo juntos, diante da escola inteira e ele não tentou nada, nem falou nisso. 

- Hum... E aconteceu algo mais?

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1 - Aos poucos e poucos vão descobrindo coisas sobre a vida da Dianna, o que acham das descobertas já feitas?
2 - O que acham do Luke? Sobre a história dele?
3 - E aquela discussão com a Jennifer, será que a Dianna errou?
4 - Aconteceu ou não algo entre a Caroline e o Harry?

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