7 - Escola, burburos e professora idiota.

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Duas semana depois..

Domingo, 7pm.

Estávamos no hospital, à espera dos resultados dos últimos exames que fiz. Nestas duas semanas muita coisa aconteceu. O mais importante, é que acabei por ser adotada pelos Mason e matriculada na escola da Caroline, na mesma turma que ela, como Dianna Sophie Forbes Mason. A Jennifer e o Tom estavam bem cientes que provavelmente iam haver imensas brigas e que não ia ser a melhor aluna, pois não me lembrava lá muito do que tinha aprendido nos últimos anos. Tal como também estavam cientes que não ia ser fácil a minha adaptação, muito menos a dar-me bem com a Molly e a Megan. Eu e a Caroline tornámo-nos bastante próximas, descobri mais sobre ela e principalmente, sobre a paixão por fotografia que ela tinha desde pequena. Mesmo com estes acontecimentos, nunca falei do BootCamp, nem dos verdadeiros motivos para ter ido lá parar. O meu corpo está diferente, mais desenvolvido, já não estou com anoréxia, mas também não estou propriamente recuperada. Quando a médica finalmente veio com os exames, comparei as duas fotografias do meu corpo.

Desde quinta-feira que estou inscrita num ginásio e que tenho um nutricionista privado. As minhas sessões no ginásio são de duas horas e as consultas do nutricionista são ás sextas-feiras, semana sim, semana não. A Jennifer e o Tom levam com bastantes comentários idiotas sobre o facto de me terem acolhido. As pessoas de Beverly Hills não sabem o que é passar por dificuldades e não percebes que assaltos, drogas e coisas desse género, não são uma escolha de vida, mas sim ao que a maioria dos adolescentes no Chino estão sujeitos. Quando chegámos a casa, tive que ir mudar o despertador, pois ia acordar ás 6am, para me preparar para a escola. Não sabia como ia ser a minha receção, mas tinha a certeza que ia ser falada durante dias e dias, pois a minha turma é só raparigas e logo filhas de famílias riquíssimas. Salto-alto, vestidos, saias, penteados, maquilhagem, malas caras, era o que ia ver pela escola e eu, ia estar lá no meio com um estilo mais descontraído. A Caroline bem que tentou mostrar-me as roupas usadas lá na escola e o estilo que toda a gente usa, mas não sei se estou pronta para usar. Era o ideal para não levar com tantos olhares e comentários desnecessários, mas de qualquer forma, os comentários iam surgir. Pois sou a Dianna de Chino e serei sempre vista como tal.

Segunda-Feira, 16 de Setembro, 6am.

Assim que ouvi o despertador a tocar, abri os olhos e espreguicei-me na cama. Entrava pouca claridade pela janela do quarto, o que me desafiava a dormir novamente, mas sabia que não o podia fazer. Sai da cama espreguiçando-me novamente e fui para a casa de banho, onde tomei um duche rápido. Quando terminei, voltei para o quarto, com uma toalha enrolada ao corpo e escolhi algo para vestir. Sequei-me, passei cremes pelo corpo, olhei-me ao espelho e sorri, pois o meu corpo estava mais desenvolvido e bonito.

Deixei o cabelo solto, com os seus próprios jeitos e em relação à maquilhagem, não fiz quase nada, pois não tinha jeito e não gostava lá muito de usar. De seguida pequei na mala, na escova dos dentes e no telemóvel e desci as escadas.

Entrei na cozinha e vi a Jennifer bastante atarefada, pois já estava atrasada para o trabalho. Mal o Tom desceu as escadas, despediram-se ambos de nós e pediram-nos para que tivéssemos juízo na escola, pois era o primeiro dia do 12º ano. Mal eles saíram, nós começámos a tomar o pequeno-almoço e ás 7:40am, já estávamos a sair de casa. Durante o caminho para a escola a Caroline ia a falar-me das aulas e dos professores, do quão provocadores podem ser. Quando chegámos, a Caroline estacionou o carro e ambas saímos do mesmo. Os olhares caíram sobre nós, mais sobre mim. Os sussurros começaram, o que me irritou logo. Entrámos na escola, fomos à secretaria e eu recebi o meu cartão escolar. Agradeci e saímos da mesma. Ela mostrou-me a escola em 20 minutos, apesar de não ter percebido nada ou decorado.

Caroline – Ainda temos 5 minutos, o que queres fazer?

- Ir para a sala e sentar-me. – Ela riu-se. – Vamos ter o quê?

Caroline – Biologia.

- Estive a ver o livro e não me agradou. – Rimos e entretanto a Bridgit veio ter connosco.

Bridgit – Pronta para o primeiro dia? – Balancei a cabeça negativamente. – Nem eu. – Sorriu. 

Durante estas duas semanas, a última vez que tive problemas com a Molly e com a Megan, foi quando elas e os pais apareceram na "minha festa de boas-vindas". Nunca mais as vi desde então, pois temos andado ocupados com a matriculação na escola, o ginásio, nutricionista e outras coisas. Quando chegámos à sala, a porta já estava aberta. Entrámos e fomos sentar-nos perto das janelas, na 5ª mesa, a antepenultima. 

Stora – Bom dia caros alunos, prontos para mais um ano letivo? – Negámos e ela riu-se. – Temos aqui caras novas, vou fazer as chamadas e quero que digam o vosso primeiro e último nome e a idade. – A turma assentiu e a stora abriu um livro. – Número 1.

Alisson – Chamo-me Alisson Parker e tenho 17 anos.

Bridgit – Bridgit Parker, 18 anos.

3 – Caitlin Beadles, 18 anos.

4 – Catherine Douglas, 17 anos.

Caroline – Caroline Mason, 18 anos.

E entretanto chegou à minha vez. Levantei-me tal como todas estavam a fazer e os olhares caíram sobre mim. Senti-me tão observada, que estava prestes a criar confusão. Respirei fundo e engoli a seco, olhei para a stora e falei por fim.

- Sou a Dianna Mason, 17 anos.

A apresentação continuou e os burburinhos tornavam-se sufocantes. Voltei a sentir que não pertencia a Bervely Hills, voltei a sentir vontade de voltar para Chino. Durante a aula, os meus olhos estavam postos no treino que estava a acontecer no campo. Tinha visão para todo o campo e para as bancadas. A stora apresentou-se no fim, chamava-se Rose.

Prof. Rose – Menina Dianna? – Olhei para ela. – Espero que se dê bem com as suas colegas e que encare o que está a acontecer como uma segunda oportunidade. Seja bem-vinda. 

- Obrigada. – Falei rápido.

Quando finalmente tocou, saí da sala com a Caroline, a Alisson e a Bridgit juntaram-se a nós. Fomos até ao bar da escola, elas foram comer e eu fiquei apenas por uma garrafa de água. Tirei o horário da mala e vi que a próxima aula era de Maths e pelo pouco que me lembro da escola em Chino, eu odiava Maths. 

Justin – Podemos falar? – Olhei para o lado e assenti.

Sai de perto delas e segui-o até ao exterior da escola. Sentámo-nos nas bancadas, ele num "degrau" mais a baixo, virado para mim. Fiquei à espera que ele começasse a falar, mas antes disso, ele acendeu um cigarro, colocando-o entre os lábios. Há imenso tempo que não fumava e já a algum tempo que sentia vontade de o fazer.

Justin – Como fui de férias, desde que aconteceu aquilo na praia, não tive tempo de me desculpar.

- Não fizeste nada.

Justin – De me desculpar pela Molly, ela é bastante impulsiva. – Assenti. – Posso recompensar-te?

- Não precisas. – Respondi fria. – Podes é levar-me à sala, porque não sei onde fica. 

Ele riu.

- Não tem piada.- Ele acabou de fumar e deitou o cigarro para o chão. 

Entrámos na escola e praticamente toda a gente olhou para nós, do tipo que estávamos a fazer algo que não devíamos. Provavelmente, estávamos mesmo. Juntos, quando ele namora com a Molly a Diva da escola, usando as palavras da Caroline. Ele pediu-me o horário e eu tirei-o da mala. Ele olhou para o papel durante algum tempo e tirou uma foto do nada, o que me deixou meio confusa. De seguida, entregou-me o horário e apontou para uma sala, onde elas estavam. A Molly apareceu entretanto e começou a vir na nossa direção, chateada.

Justin – Agora sei onde andas e posso convencer-te a deixares-me recompensar-te pela noite.

Revirei os olhos e sai de perto dele, levando um encontrão da Molly. Virei-me para ela e ela começou a fazer-me peitos. O Justin pegou no braço dela e levou-a para longe de mim, o que me deixou mais relaxada, pois se ela começasse a provocar, íamos começar uma discussão ali mesmo. Fui ter com elas e a porta foi-nos aberta. Desta vez, do outro lado estava um homem alto, com a cara trancada. Era meio assustador. A Caroline disse-me que ele era bastante mau e um dos stores mais provocadores da escola, gostava mesmo de criar conflitos com os alunos. Sentei-me e ele apresentou-se. Chama-se George, quando ouvi o nome dele até tremi, ele tinha o mesmo nome que o homem que me torturou durante 1 ano. Engoli a seco quando ele olhou para mim, pois eu era a primeira da lista, das alunas novas.

George – Número 6, a rapariga de Chino, correto? 

- Não, a Dianna Mason. – Respondi num tom de gozo. 

George – E não vem de Chino? – Perguntou com um sorriso de gozo também.

- Você vem aqui ensinar ou interrogar uma aluna? – Respondi novamente.

George – Deixa-me lembrar que não está em Chino, nem no BootCamp, logo modere as suas palavras.

- Deixe-me agora lembrá-lo, que o facto de estar aqui, não muda a minha maneira de ser.

George – Devia, porque irá dar-se bastante mal aqui, então.

- Não é meu pai, não me é nada para me interrogar dessa maneira. Faça o seu trabalho, que eu desempenho o meu papel como aluna, se pretende julgar-me por vir de Chino, bem que posso arrumar as coisas e sair pela mesma porta que entrei.

George – Faça favor. – Apontou para a porta.

Revirei os olhos e ri-me sem querer. A Caroline arregalou os olhos e eu dei de ombros, arrumei as coisas e saí, fechando-lhe a porta na cara, enquanto dizia que ia apresentar queixa. Apresentar queixa porquê? Apenas me defendi, enquanto ele me atacou com o BootCamp e com as minhas origens. Caminhei pelos corredores sem saber para onde ia, vi um placar a dizer "WC" e virei nesse corredor, para onde a seta indicava. Ao virar, fui contra alguém, o que me fez ir contra a parede. Levantei o olhar e vi o Justin, ri-me por dentro, pois já era a segunda vez que chocávamos.

- Desculpa, estava distraída.

Justin – Eu também. – Deu de ombros. – Que fazes aqui?

- Vim para a rua. – Dei de ombros e ele arqueou as sobrancelhas. - E por mais dificil que seja de acreditares, não tive a culpa. 

Justin – Tiveste Maths com o George, não foi? – Assenti. – Não deixes que ele te intimide. Metade das participações e queixas que tenho no processo, são dele.

- Portaste assim tão mal? – Ele riu-se e começámos a andar ao longo do corredor. 

Justin – Acredita que sim, a minha mãe irrita-se tanto comigo. – Ele sorriu. – Já me atirou com um salto-alto, achas normal?

Arregalei os olhos ao ouvir o que ele tinha dito e comecei-me a rir. Ele levou-me até ao exterior da escola novamente, para um muro, situado por baixo das bancadas do campo de basquete e futebol. Pelo que ele me disser, era onde ele e os da equipa se encontravam todos os intervalos e onde almoçavam. Sentei-me no muro e ele tirou o maço da mala, mostrando-me.

Justin – Não sei se devia ou não, mas queres? – Assenti. – Tens a certeza que não vai...

- Não continues a frase, não vamos entrar nesse assunto. – Ele assentiu e eu acendi o cigarro. 

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