21 - Dance.

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Justin – Os teus pais tiveram motivos para decidirem isso. Os meus pais não. Têm uma vida perfeita, sempre se deram lindamente.

- Não sabes Justin... – Suspirei e sentei-me ao lado dele. – Eles podem ter os seus motivos e sinceramente, não sou a pessoa indicada para te aconselhar, quando tenho a minha vida revirada.

Justin – É... Nem devia de ter puxado esta conversa. Mas acredita, as coisas que dizes deixam-me mesmo pensativo e és tipo, a única pessoa que me consegue ouvir.

Respirei fundo e deitei-me na cama a encarar o teto. Alguns minutos depois ele fez a mesma coisa e começámos a falar sobre diversas coisas. Ele contou-me mais sobre ele e a Molly e apesar da miúda ser irritante, pelas coisas que me contava, ela parecia gostar realmente dele. Pelo menos, tinha a certeza que ele gostava dela, o brilho dos seus olhos e a forma ternurenta como conta as coisas, diziam-me isso. Ele perguntou-me sobre o Luke e eu congelei completamente, mordi o lábio, pois sentia-me nervosa. Não que fosse tímida em relação a rapazes ou fosse virgem, algo assim, mas não gostava de falar sobre isso, deixavam-me envergonhada de certo modo, pois quando gosto de alguém, gosto mesmo.

Justin – Desembucha, namoram?

- Não, somos amigos.

Justin – E o Wesley? – Olhei para ele, sentando-me. 

- O que tem?

Justin – Já toda a gente sabe o que aconteceu...

- Por amor de deus, não sabe estar calado? – Revirei os olhos. – Não foi nada demais.

Justin – Mas o Luke... Vá conta-me lá, sabes que podes confiar em mim. – Riu-se de uma forma super querida.

- O Luke é um querido e um rapaz interessante. – Dei de ombros, desviando o olhar dele. - Confio nele e não somos tão diferentes como parece.

Justin – Ele gosta de ti. – Balancei a cabeça. – Não, estou a falar a sério. Rapazes falam sobre estas coisas e nós sempre nos demos bem.

- Hum... Bom saber. – Ri-me.

Justin – Ainda vai rolar algo entre vocês! – Ele brincou, levantando-se. – Começo a imaginar-vos a entrar de mãos dadas e tu a saltares para cima das raparigas que se meterem com ele. – Ri-me e balancei a cabeça novamente. – E depois ele feito mauzão a dar porrada em todos os rapazes que olharem para a namorada dele.

- Justin! – Gargalhei e fui na direção dele, empurrando-o para fora do quarto. – És um idiota, devias de escrever um filme.

Justin – Luke e Dianna, a princesa e o sapo.

- Idiota, sai daqui! – Gargalhámos ambos.

Justin – Até amanhã Didi.

- Menos Juju. – Fechei a varanda, ainda com um sorriso na cara.

Fui vestir o pijama, enquanto pensava seriamente no que o Justin havia dito. O Luke gostar de mim? Não nos conhecíamos tão bem para isso... E, certas coisas não podia mudar, mesmo que esteja longe de Chino, há memórias que dificilmente serão apagadas da minha mente. Jamais poderia apaixonar-me novamente, por mais que a importância do Luke crescesse, nunca poderia colocar a sua vida entre mim e as pessoas de Chino, nunca mesmo. Gosto bastante dele, estar com ele faz-me esquecer tudo, mas não posso cometer qualquer erro, que prejudique a vida das pessoas com quem realmente me importo. Luke, Caroline e talvez o Justin. Só para não referir a Jennifer e o Tom, que se tornaram bastante importantes para mim. Acabei por me deitar e por adormecer de imediato, sentia-me cansada. 

{...}

Saturday, 12pm.

Acordei ao ouvir os cortinados a serem afastados de uma forma bruta, assim que abri os olhos, a luz do sol cegou-me por completo. Enrolei-me mais nos lençóis e escondi a cara na almofada, começando a ouvir música e bastantes saltos, lá de baixo. Lembrei-me imediatamente da festa e sentei-me na cama, completamente pasmada a olhar para Caroline, que balançava a cabeça. Dei de ombros, com um sorriso inocente na cara e ela riu-se, apontando para o vestido que estava sobre a cadeira da secretária. Assenti agradecendo-lhe e corri para a casa de banho, tomando um duche rápido. 

Sequei o cabelo e estiquei-o, comecei a vestir-me e a maquilhar-me como diariamente fazia. Em vez de um vestido, era uma saia super clara e um top preto, ia ficar grito o conjunto até, mas não era nada o meu estilo, mas ia faze-lo, para calar as pessoas que me criticaram tanto. Uma maquilhagem simples e leve, apenas para condizer mais com o vestido e a importância da festa para a Jennifer. Não queria estragar nada, só queria descer as escadas e deixar as pessoas de boca aberta. 

A criminosa de Chino, vira a princesa de Beverly Hills.

Sai do quarto ainda a pensar que estava de saia, de salto alto e com um conjunto mesmo rico. Aquele reflexo no espelho do corredor não era eu, não era a Dianna Forbes. 

Era mesmo estranho estar dentro daquelas, prestes a ir para uma sala cheia de pessoas luxuosas e mesquinhas. Mas tinha que o fazer, mesmo sabendo que a Jennifer e o Tom iam continuar sempre a ouvir comentários desnecessários. Ao descer as escadas, os olhares caíram sobre mim como já esperava, procurei a Caroline naquela multidão de pessoas e vi-a perto da entrada, perto da Jennifer e do Tom. Caminhei até eles lentamente, pois não me queria arriscar em partir o pé ou até mesmo o salto.

Jennifer – Será que estou a ver bem?

Tom – Meu deus Dianna, estás linda!

- Obrigada. – Eles sorriram.

Caroline – E mais uma vez, a Dianna é o centro das atenções.

- Não me digas isso, que vou já vestir umas calças rasgadas e um sutiã e depois descer assim as escadas.

Caroline – Serias na mesma né? Mas pelo lado negativo, portanto deixa-te estar assim, estás mesmo linda.

- Olha quem fala, já te viste ao espelho? – Trocámos sorrisos e eu olhei para a Jennifer. – E tu também Jennifer, estás linda.

O Tom tossiu, limpando a garganta e depois deu uma voltinha, exibindo o fato que usava. Ri-me e balancei a cabeça, sentindo uma mão nos meus ombros. Virei-me para trás e vi a argola sexy do Luke, olhei mais para cima e vi o brilho que tinha nos olhos. Baixei a cabeça e sorri meio timida, virando-me para a Jennifer e para o Tom novamente.

Luke – Posso roubá-la? – Sorriu.

Jennifer – Estás à vontade.

Entretanto a Alisson veio buscar a Caroline e a Bridgit apareceu com o Jai. O Tom pediu a mão da Jennifer para uma dança e os rapazes imitaram o gesto dele, o que me fez rir imenso. Pousei a mão sobre a do Luke e deixei que ele me levasse para o centro do salão, onde todos dançavam com os maridos, namorados ou apenas amigos. Talvez até mesmo familiares. Parei à frente dele e senti a sua mão na minha cintura, encostando os nossos corpos. Coloquei os braços à volta o pescoço dele e começámos a dançar lentamente, enquanto trocávamos sussurros.

Luke – Estás mesmo linda, nem pareces a mesma. – Sussurrou.

- Isso é bom ou mau?

Luke – Ótimo, porque ficas perfeita com qualquer estilo de roupa.

- Estás a tentar conquistar-me com esses piropos? – Gargalhámos.

Luke – Está a resultar? – Colou as nossas testas.

- Nadinha. – Ri-me.

Luke – Será que não? – Roçou os nossos lábios.

- Luke...

Luke – Fica tranquila.

Mordi o lábio enquanto nos olhávamos. Eu sabia o que ele queria e talvez também quisesse, ter vindo para Beverly Hills pode ter mudado muita coisa, até mesmo a forma como vejo e trato as pessoas. Nunca julguei ninguém pela aparência ou tive uma diversão numa noite com alguém. Ao contrário do meu grupo em Chino, eu não fazia tudo o que eles faziam, não andava a saltitar de rapaz em rapaz, não me envolvia com um todas as noites. Acho que ao longo de 17 anos, só tive 5 namorados e apenas 2 foram sérios. Tive imensas curtes, mas não envolviam sexo. Para mim, as coisas tinham que ser bem-feitas e sentidas, não à toa e depois arcar com enúmeras consequências. Estava realmente interessada no Luke, mas não o amava ou perto disso, era uma especie de atração e com o que ele queria, podia... vir a dar em outra coisa. Isso não podia acontecer.

- Luke não faças nada que depois te venhas a arrepender.

Luke – Achas que me vou arrepender? Não te estou a pôr um anel no dedo Dianna, nem com intenções de fazer algo mais, que te beijar.

- Não o faças. – Murmurei. – Não quero estragar as cenas entre nós e depois de tudo, sinto-me bem. A tua presença deixa-me bem.

Luke – E isso não vai mudar, prometo.

Senti-me perfeitamente bem quando nos beijámos, senti-me livre e sem quaisquer problemas. Se beijá-lo fazia com que me sentisse assim tão bem, então não queria largar os lábios dele por nada. Os nossos lábios entrelaçavam-se lentamente, para não chamar a atenção de ninguém. Os nossos corpos continuavam a mover ao ritmo da música, mas o que importava mais era o beijo. A música acabou e a Jennifer chamou todos para almoçar, descolei rapidamente os nossos lábios e afastei-me dele. Nos seus lábios surgiu um sorriso super fofo, o que me fez sorrir automaticamente. Ele entrelaçou as nossas mãos e puxou-me pelo meio das pessoas, até chegarmos à cozinha. Sentámo-nos de frente um para outro, pois os pares ficavam frente a frente. Estava a servir-me, quando senti um pontapé devagar por baixo da mesa, levantei a cabeça e olhei para ele, que se controlava para não rir.

- Idiota. – Murmurei.

Durante o almoço, havia imensas conversas no ar, paralelas e de um canto ao outro da mesa. Era uma grande confusão, mas parecia que estavam todos habituados. Não prestei atenção nenhuma ao que diziam, pois estava numa guerra de pés por baixo da mesa. Controlava-me para não gargalhar e o Luke fazia o mesmo. No fim do almoço, foram para o exterior leiloar coisas que já não iriam precisar ou já não necessitavam. Eu estava a ver pela porta, pois havia ouvido comentários estúpidos novamente. Pelo que parece ninguem se conforma com o facto de pertencer à família agora. Ouvi que, agora andava a aproveitar-me do dinheiro que nunca tive, para me vestir como os ricos, como alguém que nunca vou ser, nem perto disso. Acabei por ficar chateada e para evitar confusões, decidi manter-me afastada.

Jennifer – Anda para as cadeiras.

- Prefiro ir para o quarto.

Jennifer – Que se passa?

- Depois falamos sim? Vai lá fazer inveja a essas mulheres todas.

Jennifer – Gosto muito de ti, sabes disso?

Sorri e assenti.

Subi as escadas e descalcei-me, sentindo os pés doridos ao calcar o chão. Deitei-me na cama de barriga para baixo e estiquei os braços, suspirando. Sentia-me confusa e com saudades das pessoas que deixei em Chino.

- Que merda. – Suspirei, virando-me para cima.

Luke – A falar sozinha?

- A pensar, apenas.

Luke – Em quê?

- Sinto a falta de pessoas que deixei em Chino. – Dei de ombros. – Pessoas com quem cresci e passei por muitos altos e baixos.

Luke – Não gostavas de visitar essas pessoas?

- Adorava Luke, mas sei que pensam que morri...

Luke – Mas não morreste e se souberam isso, vão ficar felizes.

- Ou magoados, porque lhes virei as costas.

Luke – Não foi uma escolha, era isto ou o Camp.

Assenti e suspirei. Continuámos a falar sobre Chino, sobre as saudades que sentia das duas raparigas com quem cresci. Vanessa e Ashley, sentia a falta delas de uma forma inexplicável. Éramos uma por todas e todas por uma. Até nas piores situações, ficávamos juntas e cumpriamos castigos e levávamos com as consequências juntas. Nunca fugimos, quando alguma se metia em asneiras, apenas arriscávamos tudo. Elas eram a minha família e neste momento, pensam que morri... Ou, que as abandonei, caso a Donna já tenha contado que estou viva. Começámos a falar do beijo que havíamos dado e sem evitar, voltei a beijá-lo, mas desta vez, um beijo mais intenso, onde as nossas línguas se tocaram. 


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1 - Conversa entre a Dianna e o Justin.. Será que ele apoia mesmo ela e o Luke ?
2 - O que acham do Luke? Há qualquer sentimento pela Dianna ou só quer uma curte?
3 - E a Dianna... O que estão a achar dela?

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