Capítulo XXXVI - As entranhas do alcácer

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Estava em seu quarto devia fazer uma hora e o silêncio vindo da cidade somente dava espaço à sua imaginação para criar infinitas possibilidades que podiam estar ocorrendo. Perdeu o compasso da respiração quando a imagem de pessoas morrendo passou ante a seus pensamentos. E para piorar, Sombra havia desaparecido. Era para ele estar ali desde o intervalo, pois era por volta desse horário que voltava para o quarto e a esperava a fim de dormirem juntos.

Inconformada, perguntava-se como Hendrik tinha disposição para dormir em pleno ataque. A cada ronco seu, mais provocava Selena. Nem fechando a janela, com o ruído que passava pela mesma vindo do quarto do amigo, o ronco diminuía.

— Sombra, cadê você?!

Imediatamente se calou quando ouviu alguns passos ecoarem cuidadosos do corredor. Selena nem esperou para projetar uma adaga de gelo nas mãos. Entretanto, com o nervosismo, acabou criando algumas agulhas ao redor do objeto.

Quando a maçaneta da sua porta começou a balançar foi que o chão sob seus pés ficou coberto de gelo e pôde notar a temperatura baixar tão rápido que o ar que saía da sua boca se condensava em uma densa névoa.

— Abre a porta, Carter.

Christopher?

Todo o medo se esvaiu, sendo substituído por uma vontade enorme de abrir outro corte na perna do garoto.

— Vai embora — disse, com uma vã tentativa de não mostrar que na voz carregava um quê de desespero e raiva.

— Pensou que fosse um tenebrae? — perguntou ele, que soltou um pigarreio de quem estivesse se segurando para não rir. — Abre essa coisa, Selena! — ordenou, baixando o tom.

Relutante, fez-o.

— Por que não está no seu quarto?

— Vim buscar você e Alec.

Ele segurava a Diamante da Lua nas mãos, entregando a ela. A Rugido do Leão de Alec estava embainhada no seu debrum. Na verdade, ele estava vestido com uma cota de malha sob a roupa.

— Você vai lutar? — perguntou, incrédula.

Ele mal tinha quinze anos.

— Vou guarnecer o quarto das crianças Alliand — respondeu, já batendo na porta de Alec. — Só estou fazendo o que Sir Beorren pediria para que eu fizesse.

— E quanto ao meu amigo?

Não podia deixar Hendrik para trás.

Quase voou no pescoço do loiro quando ele deu de ombros. Como assim estava pouco se importando com a vida alheia?!

— Não saio daqui se Hendrik não for comigo.

Bateria o pé no chão, porém pensou bem antes de fazê-lo. Se os outros soubessem que estavam se refugiando, todos iriam querer ir junto.

— O que está fazendo aqui? — Alec parecia outro que esteve dormindo.

— Ele veio buscar a mim e a você para nos refugiar. Acredita que ele não quer levar Hendrik?!

Princesa de Gelo: O Legado da Aurora [Vol 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora