Capítulo XVIII - Diamante da Lua

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Sentia vários olhares sobre si, contudo, era o do lorde que mais pesava. Ao olhá-lo notou que havia um brilho de curiosidade nele.

Subitamente, todo o ruído foi abafado. Não ouvia nada além da sua respiração quando seus passos estancaram em frente às rochas. Ao fechar os olhos, como se estivesse numa ópera, ouviu um suave assobio de uma flauta. Permitiu que sua mão fosse conduzida pela melodia, torcendo internamente para não escolher a errada. Sentiu um toque frio envolver a palma de sua mão ao envolver o punhal lilás e prata e uma onda de alívio aterradora trouxe aos seus olhos lágrimas quando o aço arranhou a rocha e sentiu seu peso ao ergue-lo a meia altura. Era como se tivesse sido feita para ela. No punhal, havia o desenho de uma lua crescente. E esculpido na adjacência entre o punhal e o aço havia pequenas raízes de gelo se expandindo para o aço.

Um tremor abalou o seu interior, não sabia o que fazer com o objeto, nunca havia visto uma espada, tampouco tocado em uma. Arrepiou-se por completo, e por um momento pensou que fosse cair ao ser tomada por uma forte vertigem. O músculo em sua barriga tencionou, incomodando-a. Há muito sua audição havia voltado e escutava as palmas calorosas de Barney, que pedia apoio de Kit para fazê-lo também. Kit franziu o cenho, porém aplaudiu também. Não tanto quanto o pequeno mas o fez.

— Platina de Diamante! — anunciou o mestre, arrancando suspiros de espanto de todos. Inclusive o lorde ajeitou-se no seu lugar, levando a mão ao queixo para observar.

Tal material era tão raro que somente seis pessoas em toda Alvura havia obtido uma espada daquelas, e Selena era a sétima.

Não queria ter a atenção em si, contudo, com a espada em mãos era inevitável. A vontade de querer entrar em um portal que a levasse o mais breve possível para o seu tranquilo quarto era enorme.

Àquela altura já não sabia mais o que estava acontecendo a seu redor. Seus pés automaticamente a guiaram para a fila onde os outros foram levantados escudeiros. Não usariam as espadas para qualquer coisa, os Alliand não dariam o luxo de deixar qualquer um embainhar uma espada. Seriam usadas apenas quando fossem levantados cavaleiros, como Dom disse logo que foram conduzidos para uma tenda ao lado do palco onde estava os Alliand.

Mal sobrou-lhe tempo de sentar e uma figura irrompeu a sua frente.

— Conhece-me daquele dia?

Era Dalienne. Impossível não reconhecer o mesmo rosto fino e o nariz pontudo herdados do pai.

— Sim — respondeu, forçando um sorriso. Ainda estava absorta pelo fato do qual havia passado.

—Eu sei, é surreal ter que dizer que quase encaramos a morte — disse, sentando-se a seu lado. — Mas o pior já passou, não é?

Haviam dispostos pela tenda quatro longos assentos. Todos conversavam assiduamente sobre a experiência pela qual haviam passado, alguns poucos ainda divagavam a morte dos dois adolescentes e suas faltas de sorte.

— Acho que sim. — Torcia para que realmente fosse aquilo.

O olhar da menina caiu sobre a espada de Selena, reluzia neles um estranho brilho de curiosidade. Ela notou aquilo.

— Que nome dará à espada?

— Nome?

— Sim. A minha será... — Olhou para a sua de erênio de prata. – Ceifadora de Almas.

Claramente, Selena tinha alguma dificuldade em escolha de nomes. Não sabia que nome dar a ela. Até Domnus tinha nomeado sua enorme espada de Mensageira e Alec de Rugido do Leão.

— Não sei que nome dar. — Deu de ombros. Não fazia ideia.

— Nomeie-a com algo que tenha um significado importante para você.

Princesa de Gelo: O Legado da Aurora [Vol 1]Onde histórias criam vida. Descubra agora