Encontro demoniaco

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Os olhos de Lis continuavam presos na imagem do rei a sua frente. O rei conseguia ser mais intimidador do que havia imaginado. O cômodo onde estava aparentava ser um salão devido as inúmeras portas fechadas que conseguia avistar. No centro do salão havia quatro poltronas e uma mesa entre elas.

— Por favor, sente-se. – A voz do rei a fez hesitar. Ela não sabia como deveria se comportar em sua frente ou ao menos o que fazer.

— Perdoe-me, alteza – Murmurou – O que eu devo fazer? Reverência? – Perguntou realmente perdida ao olhar com desespero para o rei.

— Não seja tola – Disse bem humorado ao sorrir – Estamos conversando como duas pessoas normais. Senhorita Muller ou posso chama-la de Lis?

— Como desejar, alteza – As mãos de Lis tremeram levemente ao ver o rei se aproximar de si – Alteza, me perdoe, mas o que deseja comigo? Digo.. – Sua insegurança era nítida em sua voz – Jamais escutei sobre alguém ser convidado ao palácio, como fui.

— Sim, deve estar bastante nervosa. Eu que devo me desculpar pelo meu comportamento exagerado. Não pensei em como se sentiria, perdoe-me – A gentileza e elegância do rei a fez se sentir um pouco mais confortável. – Venha, sente-se comigo – Nada no rei a fazia teme-lo sempre que ele lhe sorria ou lhe dirigia a palavra. Lis havia escutado sobre a eloquência do rei antes, contudo não pensara o quão charmoso poderia ser. Sentou-se na poltrona em frente ao rei mantendo suas mãos em cima de suas pernas. O nervosismo era nítido em seu corpo.

— Estou um pouco nervosa sim – Admitiu ao levar a mão até o seu pescoço. O seu desconforto não passou despercebido para o rei. – Mas também curiosa.

— Ah, claro – Sorriu ligeiramente – Gosto de ser direto, Lis. Sabe que na família real quando o filho mais velho casa, o segundo deve casar-se. Já que se algo acontecer com o herdeiro ao trono, o segundo na linha de sucessão já estaria apto para governar. Nenhum rei jamais governou sem casar-se antes. Isso é proibido.

— Sim, eu estudei sobre isso no colégio, alteza.

— Isso é bom – Compreensivo olhou para ela, observando os detalhes de seu corpo discretamente e a sagacidade que seu olhar emanava – Seu pai trabalhou para mim quando era uma criança. Costumava correr pelos jardins do palácio, mas não deve se lembrar disso. Era uma criança bela e tornou-se uma adulta ainda mais bonita – A elogiou – Lembra-se de meu segundo filho? Michael? – Lis assentiu confusa. Não havia como alguém não conhecer o segundo príncipe. – Ele precisa se casar o quanto antes.

— Fico feliz em saber sobre isso – Respondeu incerta sobre o que deveria dizer.

— E sempre o rei que deve escolher a noiva dos seus filhos. E após analisar, a escolhi para ser a esposa de Michael Ausgust Stone, Lis.

A jovem encarou o rei perplexa sem conseguir pensar em nada durante alguns segundos até gargalhar animadamente. Ela jamais iria acreditar em algo como aquilo antes.

— Ninguém me falou que o senhor pudesse ser tão divertido ao contar essas piadas.

— Piada?

— Sim – Assentiu – Como eu poderia me casar com o príncipe? – Sorriu ainda mais – Isso é por eu ter entrado na universidade com louvor devido a minha pesquisa? Ela é a melhor universidade em meu campo de estudo, sabia que não conseguiria manter essa noticia escondida, mas não esperava uma recepção vinda do rei.

O rei estava prestes a falar novamente quando uma das portas foi aberta. Os dois olharam em direção do barulho encarando o príncipe Michael com surpresa.

— Então essa é a escolhida? – Michael disse sério ao cruzar os braços em frente ao seu corpo fazendo com os músculos se destacassem na camisa social branca. – Ela é menos do que eu esperava. Muito menos – A olhou de cima a baixo demonstrando desgosto com o olhar. – Como espera que eu me case com alguém como ela?

— Casar – Murmurou repetindo as palavras encarando o príncipe e em seguida o rei – Não estava brincando?

— Esse velho não costuma brincar – Michael falou ainda parado próximo a porta olhando para ela. Algo em seu olhar a fazia se sentir ainda mais desconfortável, sentia como se ele a desprezasse e a odiasse.

— Me desculpe, mas isso é algum engano – Lis falou ao se levantar – Provavelmente errou de pessoa ou algo assim, alteza, digo Vossa majestade. Não tenho pretensões de me casar agora. – Para qualquer um, sua resposta foi adequada e educada, entretanto o rei odiava ser contrariado.

— Não é engano. Não cometo erros – O rei falou orgulhoso ainda sentado – Eu estava disposto a ser educado com você, Lis, mas não permitiu isso. – Sorriu de uma forma que trouxe calafrios para o corpo da jovem – Caso se recuse a casar-se com Michael, irei fazer com que a faculdade que a aceitou retire o pedido, seus pais não terão onde morar e você perderá tudo. Entende isso? Eu sou o rei e você não é ninguém.

Ninguém. A palavra continuou sendo repetida na cabeça de Lis ao encarar o homem que outrora havia sido tão gentil e cordial consigo, agora mostrava a sua verdadeira face.

— E depois dizem que o sádico sou eu – Michael sorriu divertido ao ver a verdadeira face do rei, o seu pai ser revelado com tamanha facilidade.

— Apenas concorde e tudo ficará bem – O rei garantiu – Após o noivado irá morar onde pretendia, mas Michael irá com você. É aconselhável a morarem na mesma casa, afim de evitar mal entendidos, e dentro de poucos meses podem se casar.

— Está decidindo tudo por mim – Lis percebeu angustiada – Não pode fazer isso. Ninguém deve fazer isso por outro pessoa. Temos o direito do livre arbítrio e a última coisa que desejo é casar com o seu filho, Vossa majestade.

Lis manteve a sua expressão mais séria possível tentando não se intimidar quando o rei se ergueu, entretanto foi impossível.

— Senhorita Muller, parece estar esquecendo que posso destruir a sua vida.

— O que não estou compreendendo é o motivo de ser escolhida para isso – Falou segurando-se para nao gritar tamanha a frustração.

— Tudo na vida deve ter um motivo? - Perguntou antes de olhar para Michael – Não deveria estar aqui. – Michael deu de ombros, ignorando como sempre fazia – De qualquer forma, o noivado será anunciado amanhã. A festa será realizada em três dias aqui no salão, é claro. Mandarei alguém pegar as suas coisas, será mais prático vir morar no palácio durante esses dias e após o noivado poderá ir com Michael para o local onde estudará.

—Isso é sequestro – Lis disse petrificada – Em momento alguém permiti isso tudo. Não desejo esse casamento.

— Sabe quantas mulheres estariam dispostas a tudo para isso?

— Então vá atrás delas – Respondeu automática – Eu não pretendo e não irei me casar com ele.

— Mesmo que a sua família sofra? – O rei perguntou curioso com o comportamento dela – Não estou mentindo sobre isso. Devo lhe provar o quão cruel e insensível posso ser?

O silêncio no salão tornou-se angustiante ao ponto de Michael sentir-se incomodado com o que a jovem responderia. Ele estava curioso para saber até onde o rei iria para obter o que desejava.

— Como pode um rei agir dessa forma? – A voz de Lis demonstrava a repulsa que sentia – Acreditava que um rei representava ordem, carisma e lealdade para com o seu povo, mas não é nada disso. Ser um rei é apenas uma forma e obter o que deseja ameaçando os outros. Quer que eu me case com o lixo do seu filho? Está bem, mas vou infernizar a vida dele – Prometeu.

— Isso faz de vocês um par perfeito – O rei revelou ao dar as costas a Lis – Sebastian irá acompanha-la.

Lis permaneceu em pé tremendo de nervosismo e medo. Ela jamais passara por algo como aquilo antes e agora temia as consequências de tudo em sua vida. 

CONTINUA...

DARK - Amor Sombrio (Degustação até junho ou julho)Onde histórias criam vida. Descubra agora