O demônio acolhedor

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CAPITULO 23 - Sad

A primeira coisa que Lis viu assim que abriu seus olhos foram os olhos de Michael a encarando fixamente, enquanto ele permanecia sentado em uma cadeira próximo a porta. Ela hesitou por alguns segundos antes de exibir um estranho sorriso.

— Aquele remédio é milagroso – Se viu falando tentando não se importar em como sua voz havia soado. Sonolenta, preguiçosa e ligeiramente rouca. – Ficou a noite toda aqui? – Ela queria acreditar que ele não havia feito tal sacrifício. Ela queria continuar enumerando razões para odiá-lo, contudo assim que o viu assentir em silêncio, suspirou. – Não precisava fazer isso, mas agradeço.

— Prometi que estaria por perto se precisasse conversar quando acordasse.

— Eu lembro – Murmurou desconfortável temendo que aqueles pequenos gestos o tornasse humano aos seus olhos. Ela não queria acreditar que ele pudesse ser gentil mesmo quando tentara lhe matar tantas vezes. – Mas já estou melhor – Mentiu ao exibir o melhor sorriso que conseguiu – Não precisa ficar aqui preso.

E então, Michael se levantou cruzando o quarto rapidamente. Seus passos não fizeram barulho e os olhos de Lis se viram presos no modo elegante e confiante como Michael caminhava em sua direção. Ela se viu engolindo em seco assim que ele parou ao seu lado.

— Pelo que eu saiba até essa história de noivado acabar, sou o seu noivo e responsável pela sua segurança.

— Não sou sua obrigação. – Por algum motivo, sentiu um gosto amargo em sua boca. – Sebastian... Ele pode cuidar de mim e sempre posso cuidar de mim mesma.

— Lis Muller, apenas aceite o que estou lhe oferecendo.

— E o que é? Migalhas – Respondeu brava ao tentar levantar da cama, mas foi impedida por ele. Michael segurou em seu braço delicadamente – Apenas pare. – Pediu ao desviar o olhar – Pare de fingir que se importa ou que deseja o meu bem. – Puxou o seu braço, libertando-se, mas assim que seus pés tocaram o chão frio, praguejou ao perceber estar tonta. – Não deveria ter feito isso – Disse ao sentir os braços de Michael rodearem a sua cintura, lhe segurando. Ela sabia que se não fosse por ele, teria caído.

— Por qual motivo está me tratando dessa forma? – Michael se viu perguntando com curiosidade – Estou tentado lhe ajudar.

— Eu sei, e é isso que está me deixando louca. – O encarou suspirando – Assim que parar de se preocupar, voltará a ser o mesmo lunático de antes. Se continuar sendo gentil, não vou conseguir lidar com o seu outro eu. - O príncipe a soltou, afastando-se em seguida. E sem nada falar, foi para a porta a deixando sozinha. – Eu fiz a coisa certa – Sussurrou para si mesma ao se apoiar contra a cama tentando não se recordar do olhar repleto de decepção do príncipe.

***

Regina Stone. Regina Stone. Regina Stone.

O nome não saia da mente de Pedro Alenzo durante todo o percurso que fizera, e assim que retornou ao hospital procurou por Michael, o encontrando encostado na parede do lado de fora do quarto de Lis.

— Espero que nada tenha acontecido – Disse gentil tentando não prestar atenção ao semblante ligeiramente entristecido de seu amigo. Ele sabia o quanto Michael odiava demonstrar fraqueza. – Consegui o nome. Na verdade, o Wolf conseguiu, mas não sei se vai gostar.

— Diga, preciso de uma boa noticia.

— A conta está em nome de Regina, sua cunhada. – Disse esperando alguma surpresa, contudo enxergou um sorriso de crueldade na face de Michael – Já sabia. – Percebeu estupefato.

— Desconfiava que alguém da minha família fosse responsável, afinal somos assim. A família real destrói tudo, Pedro. E vou destruí-los para sobreviver.

—Isso é loucura – Murmurou perplexo – Não pode destruir a sua família.

— E eles não deveriam tentar me matar, mas as regras já foram quebradas, e agora vou continuar seguindo em frente destruindo qualquer um que tente me machucar. Eu sou assim Pedro. Destrutivo, louco e doente. Não vou parar até vê-los sangrando.

Pedro piscou diante da intensidade de seu amigo, contudo suspirou antes de concordar. Ele mais do que ninguém sabia o que a família havia feito para o Michael e o quanto haviam machucado.

— Preciso deixar claro que não concordo com o método, mas irei lhe ajudar. – Pedro disse por fim – E a sua noiva, como ela está?

— Abalada. Provavelmente terá estresse pós traumático.

— Vou conseguir um psicólogo de confiança para ela.

— Não. – Negou ciente do olhar de Pedro. Um olhar repleto de questionamento –Talvez assim, ela possa me entender quando chegar a hora.

— Está querendo que ela tenha estresse pós traumático para te beneficiar? Ela não é como nós. Ela não vai aguentar.

Michael assentiu, compreendendo.

— Mas eu estarei lá para ela. – Sorriu levemente – Estarei lá para apoiá-la.

***
No momento em que Lis abriu a porta do quarto de Sebastian, sorriu largamente ao avançar em sua direção e abraça-lo. Ela estava realmente feliz por vê-los vivo. Enquanto desculpava-se, sentia as lagrimas caírem nos ombros do segurança.

— Está tudo bem, não foi sua culpa – Sebastian disse tentando não gemer de dor diante do abraço apertado da jovem. – Meu trabalho é esse, Lis. Fico feliz que esteja bem. - Lis não conseguiu falar nada, apenas abraça-lo. – Sabe, seu abraço está um pouco forte para alguém que levou um tiro – Disse sorridente ao vê-la se afastar com rapidez. – É melhor descansar no apartamento. Precisarei continuar aqui por mais alguns dias.

— Virei visita-lo todos os dias.

— É mais seguro seguir as ordens de Michael. Digo, escutar o que ele diz sobre isso. Se você se machucar ou ser morta, tudo o que passei terá sido em vão. Entendeu? – Ela concordou ao desviar o olhar. – Tudo bem? – Ela demorou alguns minutos para concordar em silêncio – Assim que eu sair do hospital vamos beber juntos – Prometeu sorridente diante do olhar entristecido da jovem.

***

Lis fez o possível para não olhar para Michael durante todo o percurso até o apartamento, mesmo sob protestos, ela se viu sendo levada do hospital. E por mais que tentasse argumentar com ele e Sebastian, recebia respostas negativas sobre o quão imprudente estava sendo.

— Eu ficarei no apartamento durante todo o dia, se precisar de algo...

— Não faça isso – Lis pediu ao interrompe-lo assim que saíram do elevador. – Sei que está se sentindo culpado, mas você não é assim, Michael. Não posso e nem quero ser iludida. – Deu as costas a ele entrando no apartamento, mas assim que passou pela soleira da porta sentiu os braços de Michael rodeando o seu corpo. Ele estava a abraçando. – Me largue – Pediu com um fio de voz. – Eu realmente não vou conseguir aguentar suas duas personalidades. Seja o Michael sádico que gosta de me ver sofrendo – Pediu ao colocar a sua mão por cima da dele.

— Eu sei que está sendo difícil, mas estarei aqui – Michael falou próximo ao ouvido dela. 

CONTINUA...

DARK - Amor Sombrio (Degustação até junho ou julho)Onde histórias criam vida. Descubra agora