Um demônio afogado no oceano

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CAPITULO 15 - I dont wanna be you anymore

Lis sabia o quão insana estava ao fechar os olhos mantendo a imagem do corpo de Michael em sua mente mesmo conhecendo as consequências ao se manter próxima a ele. Sempre que fechava os olhos, ela ainda conseguia lembrar das mãos dele em seu pescoço. Levantou da cama suspirando ao olhar para a parede sem saber ao certo o que fazer em uma situação como aquela, e antes que pudesse recobrar a sua consciência, saiu da cama e foi em direção a porta. Ela precisava de alguém para conversar e a única disponível estava um andar a baixo. Assim que chegou na sala, estancou surpresa ao ver Michael segurando um copo com uísque enquanto sorria ao lhe encarar. Ele estava vestindo uma blusa preta e seus cabelos estavam despenteados.

Ela pensou em ignorá-lo, mas viu ser impossível no momento em que ele bebeu todo o liquido de uma vez, colocou o copo no chão e começou a andar em sua direção. E no instante seguinte, se viu prendendo a respiração até ele a encurralar na parede.

— Para onde pretende fugir? – Sua voz denunciava a quantidade de álcool que ingeriu e ao fazer uma careta, a jovem se viu desviando o olhar, tentando não encará-lo. Para ela, os olhos de Michael assemelhavam-se a um oceano em meio a tempestade. Profundos, belos e perigosos. Ela o odiava, mas ainda assim ele tinha algo que a fazia se sentir incomodada. Desconfortável.

E em um movimento controlador, o príncipe colocou a sua perna entre as de Lis para evitar que fugisse assim que abaixou a sua cabeça. Seus olhos estavam na mesma altura. Sorriu perigosamente ao aproximar os lábios de seu ouvido.

— Sabe o que mais odeio? – perguntou e diante de seu silêncio continuou a falar mesmo sentindo as mãos dela em seu peito, com o intuito de afastá-lo – A sua falsa expressão inocente. Eu vi como está flertando com todos, e minha vontade é de matá-la. Quero lhe destruir. Quero que fique em pedaços, Lis Muller.

Lis não precisava escutar dele para descobrir o que ele pretendia fazer com ela, contudo por algum motivo, se viu hesitando. Jamais alguém a odiara daquela forma.

O seu estômago embrulhou ao piscar e perceber a inevitável verdade: Michael jamais a deixaria viver em paz e muito menos acreditaria nela. Seus dedos tocavam o tecido da camisa dele com força e no instante seguinte se viu recordando das cicatrizes dele.

—Está bêbado? – Ela questionou ao erguer o olhar.

— É assim que está conquistando eles?

—Não – Negou diante da pergunta e no segundo seguinte, tocou o rosto dele com a ponta dos dedos, esperando que ele se afastasse, o que não aconteceu.

—Não me toque – Grunhiu em resposta sem tirar os olhos dela ou retirar a mão dela de seu rosto. – Não quero ser tocado por alguém como você. Alguém que flerta com todos em busca de dinheiro e posição.

E com um tímido sorriso na face, Lis se viu perguntando.

— Me ver flertando com seu irmão e com Sebastian lhe incomoda? – Indagou tentando soar firme quando sentia vontade de fugir dele. Fugir da forma como ele parecia controla-la.

— Nada do que faz me afeta – Michael respondeu sem se afastar – Só quero lhe destruir lentamente. Já viu alguém ser destruído ou alguém que perdeu toda a esperança de viver? Eu sei que não, mas eu sim. E eu quero ver tudo isso em você.

Engolindo em seco, Lis desviou o olhar incomodada diante da intensidade.

—Já fez isso antes? – A sua voz saiu mais baixa do que pretendia. Por algum motivo, sentia medo da resposta que o príncipe poderia fornecer.

—Muitas vezes – A arrogância e a prepotência estavam presentes em sua voz ao confirmar o que tanto afligia a jovem – E você será mais uma quebrada quando tudo isso acabar.

—E quando acaba?

— Quando eu, o mestre, quiser. – Aproximou seus lábios dos lábios de Lis – E você como um cachorro deve obedecer – Sorriu sedutor ao depositar um frio beijo próximo aos seus lábios – Pode ir atrás do homem que acredita que irá salvá-la, mas no fim será apenas você e eu – Se afastou deixando espaço para que ela saísse, mas Lis não conseguiu se mover. Suas pernas não aceitavam a ordem que o cérebro enviava e como uma tola levou a mão até o próprio pescoço, acreditando que daquela forma poderia se proteger dele. – E quando eu quiser te matar, acredite, eu farei – A avisou ao se afastar ainda mais indo em direção a garrafa de uísque próxima a varanda – Matar a primeira pessoa é o mais difícil, depois é como andar de bicicleta. Intuitivo, fácil e prazeroso, Lis Muller. Quer ser a minha nova vítima? – Indagou sorrindo sedutoramente ao encará-la.

—Se tentar algo, irei manda-lo para a polícia – Falou finalmente ao recobrar a razão – Não serei um maldito brinquedo seu.

— E qual seria a graça de brincar com um brinquedo que faz tudo o que eu quero? – Deu de ombros – Estou lhe dando duas opções: fuja para Sebastian ou comece a sofrer comigo agora.

— Seu doente – Disse rindo sem acreditar na arrogância do príncipe – Não farei nada disso. Você não me controla.

E como se tivesse vencido, Michael sorriu ao ir em direção a Lis. Seus passos eram rápidos, firmes e decididos, o que a fez questionar se o álcool havia sido uma mentira. Mas antes que pudesse pensar ou indagar algo, as mãos de Michael foram em direção ao seu cabelo puxando a sua cabeça para trás, colocando seus lábios.

O modo agressivo de Michael fez com que Lis brigasse com ele para se libertar, sem sucesso, pois a cada segundo em que lutava, os lábios dele eram mais firmes sob os seus fazendo-a desejar gritar. E antes que percebesse, a língua dele invadiu a sua boca.

O que é tudo isso?

Lis se perguntou ao corresponder ao beijo dele antes de morder seu lábio, forçando-o a parar de beijá-la. Ele não soltou o seu cabelo, mantendo um sorriso na face diante do olhar incrédulo de sua noiva.

— É assim que pretende me quebrar? – Lis se viu provocando o demônio como se desejasse descobrir até onde ele estava disposto a ir.

— Não, isso é a abonaria antes da tempestade – A alertou ao empurrar o seu corpo com mais força em direção a parede, puxando o seu cabelo com mais força. – Eu vou adorar te ver destroçada – Sussurrou em seu ouvido ao soltá-la, afastando-se. – Divirta-se com Sebastian e amanhã iremos no médico, afinal faz um bom tempo em que deflorei uma virgem.

Lis permaneceu parada assistindo Michael se afastar sem reação. Por um segundo ela sentira compaixão pelo sofrimento que ele deveria ter passado, mas agora sentia apenas raiva. Raiva e humilhação. 

CONTINUA...

DARK - Amor Sombrio (Degustação até junho ou julho)Onde histórias criam vida. Descubra agora