O demônio e sua família - Part 1

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CAPITULO 29  - Enter One

Um longo suspiro escapou dos lábios de Lis ao sentir a mão quente de Michael segurando a sua mão com força. Por mais que sentisse vontade de fechar os olhos assim que entrou no carro, sentando-se ao seu lado atrás, meneou a cabeça.

— Quando vai parar com tudo isso? – Lis indagou ao levar a mão até o rosto, esfregando seus olhos – Não pode me perseguir, me rastrear e agir gentilmente quando deseja. Entende isso? – Falou ao encará-lo.

— E o que eu deveria fazer quando você desaparecer? – Indagou exageradamente calmo ao encará-la. Os olhos de Michael foram em direção as mãos dela, as quais repousavam em seu próprio colo, e em um ímpeto se viu tocando-as. – Eu disse para me falar se fosse sair. – O modo como sua voz soou gentil fez com que Lis o olhasse buscando qualquer vestígio do ser demoníaco que sabia que ele era, contudo nada encontrou. Ela suspirou antes aproximar o seu corpo dele.

— Quando realmente irá demonstrar sua verdadeira personalidade? – Lis indagou – Em um momento é um monstro sedento por sangue, em outro é um homem com medo e agora se mostra ser gentil. Nenhum deles é realmente você.

— Posso ser todos.

— Sim, pode, mas sei que não é – Sorriu compreensiva ao afastar sua mão das dele. – Eu poderia brigar com você agora, mas não quero – Repousou a sua cabeça no ombro de Michael – Eu realmente não quero brigar – Murmurou ao fechar os olhos. Michael se viu olhando para o rosto dela até chegarem ao apartamento carregando-a em seus braços, onde as malas já estavam prontas. O rei havia solicitado a presença dele antes da reunião oficial. Ele olhou para Sebastian sentado no sofá, aliviado ao vê-lo bem, mas o modo como o segurança olhou para Lis, o fez suspirar.

— Quando devemos ir? – Michael indagou sem parecer se importar em carregar Lis, a qual se aconchegou murmurando coisas desconexas.

— Disseram o mais rápido. – Sebastian falou ao se levantar com cuidado.

— Se ainda estiver machucado é melhor não ir. A família real continuará viva infernizando as pessoas, se estiver morto.

— Não se preocupe, Príncipe Michael. Eu estou bem – Garantiu sorrindo levemente – A senhorita Muller bebeu?

— O poodle alcoolatra gosta de beber – Deu de ombros – Vou coloca-la na cama e me arrumar. Ela deve acordar logo, e que horas é o voo?

— A noite – Garantiu ao ver Michael se afastando em direção ao quarto dela.

***
Philipe entrou em seu quarto no palácio tentando ignorar os gritos de Augusto trocados com sua esposa no quarto ao lado. Ele já se acostumara com o comportamento anormal de sua família, contudo sempre que os via brigar por algo recordava-se de Lis e indagando-se o quanto ela sofreria se permanecesse naquela família. Fechou os olhos por alguns segundos ao se aproximar da janela, conseguindo ver Michael sorridente caminhando ao lado de Lis e de Sebastian. Engoliu em seco ao tocar o vidro da janela.

Ele deseja tocá-la.

Ele desejava tocar Lis.

Ele desejava beijá-la.

O que estou pensando?

Recriminou-se ao se afastar da janela sentando-se na cama confortável antes de ver a porta do seu quarto ser aberta por Augusto. O primeiro príncipe mantinha uma marca na face contrastando com seu rosto avermelhado.

— Aquela mulher é louca – Augusto desabafou assim que fechou a porta atrás de si – Acredita que ela me bateu?

— Deve ter feito algo para receber tal tratamento. – A voz indiferente de Philipe fez com que Augusto resmungasse – Sempre faz algo que ela não gosta.

— Ela que é louca – Respondeu ao cruzar os braços em frente ao corpo – Sabe o motivo do nosso pai ter nos chamado? – Philipe negou – Provavelmente deve estar ficando senil.

Algo que adoraria.

Philipe sentiu vontade de falar, mas calou-se. Ele não surportaria discutir com Augusto quando se sentia cansado da viagem. Havia rejeitado – mais uma vez – a passagem para ir de primeira classe, e agora se viu dolorido da viagem em segunda classe. A única que ele conseguia pagar com o dinheiro de seu trabalho.

— Não está curioso em como Michael está tratando sua noiva? – Augusto falou ao se aproximar de Philipe sentando-se em sua cama –Acredita que encontrei ele tentando deslocar o braço dela? Ele é louco – Gargalhou sem prestar atenção no semblante aterrorizado de Philipe. –E depois ainda preciso ficar de olho naqueles dois. Eu realmente queria ter uma vida calma como a sua.

Ignorando tudo o que Augusto lhe dizia, Philipe se levantou abruptamente e seguiu em direção a porta. No momento em que abriu a porta, estancou ao se deparar com Michael e Lis ao seu lado. O segundo príncipe não pensou ao avançar em direção a Lis, segurar em sua mão e a puxar para longe de Michael. Philipe ignorou os pedidos de Lis ao puxá-la enquanto caminhava o mais rápido que conseguia, parando apenas quando se viu no jardim, soltando-a finalmente.

— O que foi isso? – Lis indagou confusa ao encará-lo após olhar para os lados e perceber que estavam sozinhos. – O que aconteceu? – A simples pergunta fez Philipe olhar para a sua própria mão tentando compreender o que fizera. Percebeu alarmado que agira totalmente por impulso. Mas ao se virar, a encarou. O modo como os olhos dela lhe encaravam demonstrando sinceridade e medo, o fez suspirar.

— Precisa ir embora – Philipe a aconselhou aproximando-se de seu corpo tocando em seu ombro – Precisa ir e não olhar para trás.

— O que está falando? Eu não entendo.

— Essa família é tóxica. Não quero vê-la imersa nesse mundo de podridão, apenas vá embora. Vá. Ainda é tempo.

A jovem meneou a cabeça extremamente confusa diante do olhar assustador do terceiro príncipe. Ela conhecia a fama obcecado e conhecia Michael para saber o quão insana aquela família seria, mas ainda assim se viu impactada em como Philipe a olhava. Engoliu em seco antes que pudesse pensar em uma resposta, contudo viu o modo como o príncipe abaixava o seu rosto.

— Philipe – Murmurou e não demorou para sentir os lábios do príncipe sobre os seus. Ela manteve os olhos abertos e os lábios fechados ao sentir o beijo frio. Afastou-se dando dois passos para trás, deixando-o constrangido. – Eu...

Ela se calou no momento em que escutou palmas atrás de si. Virou-se se deparando com Michael exibindo um sorriso doentio ao encará-los.

— Estou atrapalhando? – Michael indagou exibindo um sorriso que fez Lis estremecer. Ela jamais o vira com um olhar tão lunático quanto aquele. – Por favor, falem, vou odiar ser o vilão que interrompe o encontro apaixonado.

— Não foi nada disso – Lis se viu tentando explicar, mas ao olhar para Philipe percebeu que ele desejava aquela cena devido ao sorriso em sua face e seu semblante calmo. – Vocês são doentes. Psicopatas – Gritou frustrada ao se afastar de Philipe e ao passar por Michael, sentiu o seu braço ser agarrado com força. Se encararam em um duelo silencioso, onde ela mantinha as unhas pressionando a palma de sua própria mão ao tentar se acalmar, enquanto Michael mantinha seu olhar frio. – Largue – Lis falou séria – Estou dizendo para largar – Gritou ao tentar se libertar, mas em resposta Michael a puxou para o seu corpo, passando a mão pela sua cintura, apertando-a. – O que é?

— Agora sei como conseguiu a sua posição. Não foi pelo rei e sim pelo príncipe. O meu irmão mais sonso – Disse ao passar a língua pelos lábios deleitando-se pelo sofrimento que a faria passar. Ele estava ansioso. – Sabe o que vou fazer não, é?

Sem pensar, Lis chutou a perna dele, mordendo o seu braço, libertando-se. Ela estava ficando cansada de tudo sobre aquela família e principalmente sobre Michael. 

CONTINUA...

DARK - Amor Sombrio (Degustação até junho ou julho)Onde histórias criam vida. Descubra agora