O monstro demônio

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CAPITULO 24 - The Day 

Pesadelo, tremor e medo eram os sentimentos de Lis ao acordar pela terceira vez. Ela já havia tentado de tudo, mas nada a fazia permanecer adormecida por um longo período de tempo. Continuou olhando para o teto tentando não se recordar do barulho dos tiros e do sangue de Sebastian em sua frente. Tudo pelo o que passara continuava a surgir em sua mente.

Se viu levantando da cama, percebendo estar suando e com as mãos tremulas. Sorriu de seu próprio estado antes de abrir a porta do quarto, indo em direção ao quarto de Michael. Hesitou ao bater na porta, temendo ver o seu olhar sádico e seu sorriso de escarnio, mas assim que ele abriu a porta, ela se viu segurando a respiração.

Michael vestia apenas um short de malha cinza exibindo o seu corpo definido e suas cicatrizes que a deixavam curiosa. Ele a encarou com compaixão ao lhe dar espaço para entrar no quarto.

— Pesadelos? – Michael perguntou mesmo já sabendo a resposta. Ele reconhecia as mãos ligeiramente tremulas, a insônia e o medo que enxergava em seus olhos – Quer conversar ou tentar dormir? – Apontou para a sua cama fazendo-a o encarar de forma inexpressiva. – Irei ficar no chão – Se viu falando ao coçar a cabeça desconfortável, contudo Lis desviou o olhar ao erguer a sua mão tocando em seu braço.

— Não quero dormir sozinha – Murmurou envergonhada antes de encará-lo. Michael desviou o olhar durante alguns segundos até suspirar e andar em direção a cama. Se deitou por cima da coberta desconfortável ao sentir a movimentação no lado oposta. Lis havia deitado ao seu lado. – Não se sente confortável comigo deitada ao seu lado? – Perguntou calma ao olhar para o teto.

— Não – Respondeu sincero evitando encará-la. O silencio no quarto deixou o clima ainda pior. Michael se manteve calado ao mesmo tempo em que apertava sua própria mão com força, com o único objetivo de não fugir. Deitar-se ao lado de alguém, daquela forma, era algo que não fazia havia anos.

— Se quiser posso sair ou deitar no chão – Murmurou diante do desconforto do príncipe. – Estou falando a verdade.

— Isso não vai adiantar – Se viu confessando – Não gosto de dormir no mesmo lugar com outra pessoa.

Lis piscou diante da nova informação, mordiscou os lábios levemente antes de se virar, apoiando a cabeça em seu braço. Manteve seus olhos no corpo do príncipe, na forma em como ele mantinha seus olhos abertos encarando o teto branco e na forma em como o seu corpo estava rígido. E sorriu levemente ao ver as mãos dele pressionando uma a outra.

— O que causou isso em você? – Perguntou ao se sentar na cama – Há algo... Como um tipo de segredo que o tornou dessa forma, estou certa? – Indagou calma, não se importando diante do silêncio do príncipe, voltando a se deitar. – Não é normal estar assim somente por outra pessoa estar deitada ao seu lado. Deveria procurar ajuda psicológica.

E sem perceber, sentiu a cama movimentar rapidamente, e em seguida Michael deitar sobre si. Seus olhos expressavam fúria ao encará-la.

— Minha vida não lhe interessa – Disse sério antes de passar os dedos pelo pescoço dela – Se insistir, a matarei. Não estou brincando – Advertiu antes de se afastar, contudo Lis segurou em sua mão. – O que é agora?

Lis limitou-se a sorrir ao agarrar a mão dele, antes de se levantar e abraça-lo. Aproximou o seu corpo o máximo que conseguiu mantendo sua cabeça em seu ombro. Sentiu o aroma do príncipe penetrar em suas narinas e sentir o calor de seu corpo. O príncipe não a abraçou. Ele manteve seus braços rente ao seu corpo.

— Eu estou aqui – Sussurrou – Estarei aqui para lhe escutar.

— Quem é você? – Michael perguntou friamente – Quem realmente é você?

— Sua noiva temporária – Respondeu baixo – Mas ainda assim sou alguém que odeia, esqueceu? – Sorriu levemente ao apertá-lo ainda mais conta o seu corpo por mais alguns segundos antes de o soltar, encarando-o – Posso lhe ajudar assim como está me ajudando.

— Eu não me interesso por isso – Sua frieza a fez sorrir antes de dar de ombros. Ela parecia se divertir aos olhos de Michael. – E deveria parar com isso – A alertou – Antes que eu resolva me divertir com você. – E então um sorriso cruel preencheu a face do príncipe ao exibir suas covinhas.

Lis estava prestes a ignorar quando sentiu seu corpo ser empurrado, forçando-a a deitar na cama. Seu corpo logo foi imobilizado por Michael com extrema facilidade, e sem hesitar, ele passou a mão pelo corpo dela, parando em sua costela, apertando-a com força, fazendo-a a emitir um grito.

— Precisa entender que eu posso fazer você gritar e sofrer lentamente, mas ainda não fiz isso. Você não é especial para mim e muito menos estou sendo gentil. Sua vida está em minhas mãos.

Lis gargalhou ao segurar a mão de Michael.

— Sim, mas tudo também pode ser o inverso. Seria divertido descobrir que a sua vida está em minhas mãos, não acha? Agora, se afaste – Mandou séria, virando de lado e fechando os olhos assim que ele se afastou. Ela pretendia adormecer na cama do príncipe mesmo que ele tivesse a ameaçado.

***
Philipe suspirou profundamente ao bater na porta do apartamento de Michael segurando um buquê de flores com uma mão e sua pasta do trabalho em outra. Seu semblante de cansado era perceptível assim que Michael abriu a porta, instantes depois. O segundo príncipe vestia uma regata branca exibindo suas cicatrizes com naturalidade, algo que o terceiro príncipe estranhou. Poucos conheciam as cicatrizes de Michael.

— É para a Lis – Philipe disse ao entrar no apartamento – E onde ela está? – Viu o olhar de Michael em direção ao próprio quarto, fazendo o irmão suspirar ao caminhar em direção ao quarto, abrindo a porta, encontrando Lis adormecida. Ele se viu hesitando ao entrar no quarto, e como cego pelo próprio desejo parou ao lado da cama, acariciando o rosto dela com delicadeza após largar o buquê no chão. Seus dedos contornaram o rosto, os olhos, o nariz e os lábios dela com extrema calma sem se importar com Michael na soleira na porta, o observando. – Ela deveria estar no hospital – Disse sem encarar o seu irmão.

— E você trabalhando, mas olhe onde estamos – Respondeu com ironia ao cruzar os braços em frente ao corpo. – O que espera com isso?

— Nada – Com frieza se afastou de Lis, olhando-a mais uma vez antes de olhar para Michael – E o que pretende fazer com ela? Não acho que fazê-la ter o mesmo tipo de trauma que o seu a fará mais próxima.

— Não sei sobre o que está falando.

— Tem certeza? Ela deveria ter ficado no hospital, tomado a medicação e estar tendo consultas com um psicólogo, mas sei que fez questão de afastá-la de lá. O motivo é exageradamente simples, meu irmão. Você deseja que ela esteja tão destruída quanto você para que assim tenha algum aliado.

— Não quero aliados.

—Apenas alguém que o entenda, eu presumo – Diante do silêncio de Michael, deu de ombros – Saiba que eu a ajudarei. Irei leva-la até o psicólogo amanhã.

— Não tem esse direito.

—E nem você de destruí-la. Ela não merece um trauma como esse. Ninguém merece.

— Então algumas pessoas merecem? – Perguntou amargo fazendo Philipe negar com um aceno de cabeça – Desde quando gosta dela?

—Estou sendo sensato. Sou o mais sensato entre nós, imaginei que já tivesse percebido isso.

— Sim, e por ser tão sensato é melhor sair antes que eu, o monstro, perca a cabeça.

— Não pode continuar se escondendo atrás de um monstro que não existe – Philipe falou ao passar por ele – E esteja pronto, o nosso pai deve marcar uma reunião no próximo mês. – Michael continuou parado na soleira do quarto encarando a jovem adormecida. 

CONTINUA...

DARK - Amor Sombrio (Degustação até junho ou julho)Onde histórias criam vida. Descubra agora