A cabine de primeira classe do avião conseguia ser totalmente a prova de som. Lis olhou pela pequena janela avistando as nuvens do lado de fora. Em vão tentava ignorar o homem sentado na confortável poltrona ao seu lado. Assim que amanhecera, suas coisas estavam prontas para serem enviadas para o Reino Unido e sem ao menos ter chance de se despedir de seus pais, se viu sendo colocada em um carro acompanhada por Sebastian e Michael. Sentia-se como um lixo jogado fora ao ser enviada daquela forma, e enquanto tentava lutar contras as lagrimas, se viu fechando os olhos.
— Senhorita, gostaria de algo? – A aeromoça fez com que Lis abrisse os olhos ao encará-la.
— Futura viscondessa de Lagros – Michael a corrigiu sorrindo divertido. A aeromoça olhou para o príncipe com um sorriso na face. Todos que olhassem para o príncipe veriam apenas a sua beleza selvagem, o modo como seus olhos pareciam encarar a sua alma e seu sorriso charmoso.
— Claro, me perdoe Visconde de Lagros – Respondeu sorrindo envergonhada ao ver o modo como Michael a encarava. – O visconde deseja algo?
— Vinho tinto – Sorriu soando agradável enquanto Lis revirava os olhos, enojada com o seu comportamento. – E para a minha linda noiva, acho que ela irá adorar, se trouxerem algo mais forte. – Piscou para a aeromoça que sorriu ainda mais antes de se afastar.
— Um psicopata e um cafajeste. O que mais devo saber sobre você? – Lis perguntou sem ao menos encará-lo.
— Ciúmes?
— De você? Jamais – Respondeu ao suspirar – Pode fazer o que quiser com a sua vida, não espero nada de você.
— Isso faz com que eu me sinta realmente triste, sabia? – O modo como falou a fez revirar os olhos ao escutar seu tom de escarnio.
Nada mais foi dito durante o voo, mesmo que Michael a provocasse deliberadamente a cada segundo. A jovem estava disposta a permanecer em silencio ao tentar ignorá-lo. No momento em que saíram da área de desembarque, Lis soube que ser a noiva de Michael era maior do que imaginara. Inúmeros repórteres se aglomeravam na área ao tirar fotos e gritar perguntas desconexas. Sem reação, permaneceu parada, assustada. Ela jamais vira algo assim antes.
— Senhorita Muller, precisamos ir – Sebastian disse ao tocar delicadamente nas costas da jovem, empurrando-a para frente, enquanto Michael acenava para todos entusiasmado. – O senhor Stone sabe como lidar com a imprensa. Então basta seguir minhas instruções por hora.
Lis assentiu sem saber o que fazer.
— Sorria – Sebastian falou próximo ao seu ouvido. Totalmente assustada, Lis se viu sorrindo em automático ao sentir a mão de Sebastian em suas costas levemente, levando-a na mesma direção de Michael. O príncipe acenava para os repórteres com extrema elegância.
— Como ele consegue ficar assim tão calmo? – Lis se viu falando ao admirar o modo como Michael estava lidando com tudo.
— O príncipe Michael é da realeza acima de tudo. Por mais que ela seja insensato, impulsivo ou agressivo, foi criado para agir com elegância na maioria das situações.
— Esse tipo de coisa acontece com frequência?
— Bastante, precisará se acostumar – Falou quase paternal ao sorrir. – Poderei lhe ensinar, se assim desejar. Sou o segundo guarda e para conseguir minha posição precisei ser o melhor em tudo.
Lis assentiu em silencio, incomodada. O modo como Michael sorria agradável, falava com paciência e polidez a fazia sentir-se frustrada e decepcionada. Ela queria que todos enxergassem o demônio que ela vira. Ela queria que todos o odiassem assim como ela o odiava.
Com repórteres nos perseguindo, não será difícil.
Sorriu ligeiramente ao começar a pensar em seu plano.
***
— Está é a residência providenciada – Sebastian falou ao abrir a porta da cobertura dando espaço para que Michael passasse antes de Lis, a qual não esboçava reação. A cobertura ficava a duas quadras da faculdade. A enorme sala possuía um conceito aberto que integrava a cozinha totalmente moderna. Os moveis na sala destacavam-se pela cor cinza e alguns toques coloridos, como almofadas e vasos. Os quadros nas paredes a fizeram se questionar se eram originais. – A cobertura possuí dois quartos e três banheiros. Os quartos são suítes.
— Onde vai ficar? – Lis perguntou realmente séria. Ela não pretendia ficar sozinha com o sádico psicótico. – Não pretendo dormir no mesmo quarto com esse doente – Apontou para Michael, o qual deu de ombros ao sentar-se no espaçoso sofá.
— Irei ficar em outro apartamento. Um andar a baixo. Não precisa se preocupar, se precisar basta me ligar.
— Se eu estiver morta, como farei? – Indagou com a voz baixa antes de desviar os olhos – Caso o príncipe faça algo contra mim, irei denunciá-lo a policia e irei para a mídia. Não ficarei calada sendo um saco de pancadas.
— Ninguém espera por isso, Senhorita Muller. Se ele a tocar, estarei a sua disposição para ajuda-la com o que for preciso.
Como se fosse me ajudar a mata-lo.
— Espero que ao menos sinta alguma dor em sua consciência quando meu corpo aparecer jogado em alguma viela, mas não me surpreenderia se o senhor fosse a pessoa que se livraria do meu corpo de qualquer forma – Deu de ombros – Vou para o meu quarto, descansar.
—Como quiser, Senhorita Muller – Respondeu inquieto – E eu a levarei para a universidade todos os dias e a buscarei.
— Agora sua função é ser uma babá? Deve ser difícil trabalhar para eles – Seu tom de escarnio foi completamente ignorado por Sebastian. – E apenas ignora o que é verdade. Eu realmente sinto pena de sua vida – Lis se viu falando ao lhe dar as costas ao ir em direção ao corredor que dava acesso aos quartos. Ela parou em frente a uma porta fechada, e ao abri-la encontrou suas malas. – Pelo menos são organizados – Murmurou ao entrar no quarto, trancando a porta. Ela não desejava encontrar Michael em seu quarto. Não quando ele tentara lhe matar a poucos dias.
Sempre que ele me vê parece estar pronto para me matar.
Corrigiu-se em pensamento ao observar o quarto. A suíte possuía uma enorme cama repleta de almofadas azuis, um tapete cinza, uma cômoda, uma mesa de estudos próxima a porta do closet e uma penteadeira ao lado da porta do banheiro. Lis respirou fundo antes de ir até a cama e deitar. Ela não quis admitir para si mesma o quanto o quarto era aconchegante, o quanto a cama era confortável e o quão animada estava para começar a faculdade.
Lis não queria admitir por medo.
— O que eu estou fazendo? – Se perguntou ao colocar as mãos em frente aos olhos tentando compreender suas emoções confusas. Ela desejava fugir do príncipe sádico, mas não desejava abandonar seus pais.
***
Um barulho irritante fez com que Lis abrisse os olhos confusa e languida. Ela olhou em volta com lentidão, por desejar que tudo o que passara pudesse ser um sonho. Um pesadelo, mas se viu retornando a realidade. E enfim, percebeu a origem do barulho. Alguém batia em sua porta com força sem parecer se preocupar com nada.
— Quem é? – Gritou ainda deitada na cama. Não sentia vontade de levantar e muito menos de aparentar cordialidade.
— Seu noivo e seu pesadelo – Michael respondeu atrevido ao bater na porta novamente – Temos compromissos, não veio ficar de férias.
— Eu não vim com você porque quis – Gritou em resposta ao se sentar – E saia daqui. Já passei tempo demais olhando para sua cara.
Ela estava prestes a deitar novamente quando viu a sua porta ser aberta por Michael. O modo como seus olhos foram em direção ao corpo do príncipe, primeiro olhou para seus pés e subindo lentamente, enquanto sua respiração mantinha-se suspensa.
— O que está fazendo? – Se viu perguntando confusa ao olhar para as chaves que ele balançava em sua mão – Você tem a chave de todas as portas? – Perguntou mesmo sabendo a resposta pelo sorriso debochado. – E ele ainda acha que vou sobreviver a isso – Murmurou ao se lembrar de Sebastian – É agora que vai me matar? Se for, faça rápido.
— Qual seria a graça? – Michael sorriu exibindo seus dentes brancos e ligeiras covinhas – Sou um homem que gosta de ver o sofrimento das pessoas, e lhe matar por que me pediu seria patético. Se arrume, vamos para uma festa promovida pela sua universidade, por sinal.
— Uma festa? – Alegrou-se instantaneamente – Que tipo?
— Uma formal. Acredito que meu pai tenha enviado vestidos mais formais para você – Olhou para as malas de Lis ainda fechadas no chão – Tente olhar no closet, ele é um homem extremamente controlador. – O modo como pronunciou a ultima palavra, repleto de amargura fez com que Lis o encarasse inexpressiva. Ela se viu curiosa e ao menos tempo feliz ao ver tais sentimentos no arrogante príncipe a sua frente.
CONTINUA...
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DARK - Amor Sombrio (Degustação até junho ou julho)
RomanceMichael August Stone pertencia a família real e mesmo que muitos o odiasse e o desprezasse precisavam manter a educação e sorriso na face ao se dirigirem ao segundo príncipe regente. Mesmo que o príncipe fosse um sádico e imoral. Todos conheciam a r...