If I Fell

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Ao me ver no espelho, uma dúvida pairou sobre mim: Batom vermelho ou rosa?

Essa dúvida me atormentara, e ainda mais eu que estava nervosa. Mas eu escolhi vermelho.. apenas por que estava de noite e combinava, e por que depois de verde, essa é a cor favorita de George. Ele havia me falado uma vez.

Eu já havia preparado a mesa, lavei cada talher delicadamente e já estava tudo em seu devido lugar. Respirei fundo e tirei o salto. Ele era apertado, e eu não conseguiria ficar com ele até os meninos chegarem. Então, quando eles chegarem, eu colocarei de novo.

Bufei na mesa, pelo menos eu não estava soando e o ambiente estava ótimo. Anteriormente eu iria fazer sob luz de velas, mas aí eu me dei conta que o jantar não era apenas meu e de George, por mais que eu queria que fosse.

Esperei 5 minutos sentada com a mão apoiando meu queixo, até que finalmente tocam a campainha e eu dou um pulo de susto. Não foi muito barulhento porém machucou minhas costas. Coloquei o salto e fui até a porta.

Dei um suspiro antes de abrir a porta e finalmente encontrei coragem.

Abri, e lá estava John na frente, Paul, Ringo.. E George.

Abri a porta para todos entrarem e todos me abraçaram e cumprimentaram.

George foi diferente. Me abraçou e beijou minha nuca e minhas mãos. Senti um arrepio, mas não demonstrei nada.

–Desculpe a demora.

Paul disse. Não poderia negar que ele estava tão bonito e elegante, me senti como uma fã admirando seu ídolo. Ringo percebeu e cutucou George se referindo ao jeito que eu olhara para Paul.

Eu senti um desconforto, pelo jeito que George me olhava, ou por que eu estava nervosa. Os meninos se espalharam pela sala, Ringo olhara meus quadros e enfeites da sala, John e Paul estavam parados e George olhava para mim.

–Bem vindos todos. Fiquem a vontade, vamos para a sala de jantar e, eu preciso da ajuda de alguém se alguém não se incomodar..

–Eu!

Paul foi ligeiro e George lhe lançou um olhar ciumento.

–B-bem. Vamos então, é por aqui.

Entramos todos na sala de jantar, que era grande e espaçosa. Eu chamei Paul para escolher qual disco tocaria, pedi a opinião dele para qual desses, entre Bob Dylan e outros, os garotos preferiam ouvir enquanto comem e bebem na mesa.

Meu salto fazia um barulho que eu achava desconfortável. Se fosse uma festa ou um evento sem muita importância eu tiraria, ou sequer nem viria com isso calçado. Peguei os álbuns, novos e sequer desgastados para Paul. Ele sorriu.

Fiquei com receio de que George pensara outra coisa, mas encarei calmamente.

–Nenhum álbum dos Beatles. Raridade, Janis.

Ele se referiu aos meus álbuns e eu ri, mas ele estava certo. Em Liverpool eram poucas as famílias que não tinham álbuns dos Beatles, todas as jovens imploravam para seus pais comprarem álbuns dos Beatles, e assim era realizado quase sempre.

A maioria dos meus álbuns eram de música clássica, mas apenas os mais antigos. Os novos eram de cantores atuais.

–Pois é. Você não me deu de presente, então...

–Uh, então quer um segundo presente? Ou o porta jóias não te satisfez?

Eu olhei para seus olhos castanhos. Paul estava tentando me provocar?

–Não é isso

Eu ri de nervoso

–Desculpa por não ter avisado que eu não tinha um álbum dos Beatles antes. Seria um belo presente. Você poderia me dar o que fosse, eu seria grata. Pare de ser difícil comigo, Paul.

Ele quebrou o clima tenso relatando seu verdadeiro objetivo:

–Relaxa, Janis. Você preocupada é fofa.

Suspirei de alívio, pensei que ele tinha algo contra mim ou queria alguma coisa. Eu ri mas me senti estranha. Paul gostara de mim afinal? E não era por causa da conversa sem jeito, e sim pelo jeito que ele me tratava e me olhava. Engoli em seco.

Paul escolheu Bob Dylan mesmo, voltamos para a sala e Ringo chamou Paul para perguntar o que aconteceu, eu deduzi.

–Sentem.

Os meninos sentaram. Ringo e Paul á esquerda, George.. ao meu lado, na esquerda e John na mesa de frente. A outra mesa de frente ficou sem ninguém.

Ringo assobiava as canções de Dylan e John era o que mais puxava assunto na mesa. McCartney trocava olhares comigo, que na maioria não eram correspondidos, pois eu só tinha olhos para Harrison. McCartney me fez rir quando relembrou as bobagens que fez em Hamburgo, George relembrou o dia que foi deportado, Lennon começou a fazer piadas, e ser sarcástico. Eu amava todos eles, até mesmo quando eles zoavam do nariz de Ringo e eu achara errado.

–Mas me conte, Janis. Por que uma garota tão bela como você ainda não arrumou um namorado?

John me deixou surpresa. Eu demorei um pouco pra dizer, e George fixou seu olhar em mim.

–Por quê ninguém me quer.

Todos riram e até mesmo George desatou a rir.

–Dúvido

Paul se manisfestou do outro lado e despertou a ira de Harrison.

Eu tive que fazer alguma coisa, e por debaixo da mesa, entrelacei meus dedos com o de Harrison. Ele não precisava se preocupar com isso.

–Janis, do jeito que o George é, deve ter adorado sua bolonhesa.

Disse Ringo se referindo a comida que preparei.

–Não é só isso o que eu adoro em Janis Bowie..

Eu comecei a sorrir e coloquei minha cabeça no ombro de George. Paul parou de trocar olhares comigo depois disso.

Depois de uns minutos, os meninos foram embora. Apenas sobrou George, que falara que ficaria para me fazer companhia, e eu deixei. Queria conversar com ele, sobre qualquer coisa, mas com ele.

–Paul gosta de você.

George sentou no sofá.

–Eu percebi isso, mas não é algo para se preocupar. Não é dele quem eu gosto..

George se levantou e se aproximou de mim.

–E de quem a senhorita desatou a gostar?

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