Neste mundo não existe algo como coincidência. Tudo o que existe é o inevitável.
(Yuuko – xxxHolic)
As conversas rolavam soltas pelo salão da mansão, pessoas que compartilhavam experiências que tiveram em viagens, negócios, conversas à toa, entre outras coisas mais.
Para Victor Nikforov, um ator e modelo renomado que está ali obrigado _ tinha sido arrastado por seu empresário Yakov Felstman_ aquelas conversas eram incrivelmente triviais e egocêntricas, apenas mais uma das formas de pessoas vazias demonstrarem seus status e se mostrarem melhores que as outras. Assim como os trajes elegantes de marcas famosas e estilistas renomados, as joias extravagantes e brilhosas, maquiagens exageradas e perfumes que de tão fortes lhe causava enjoo.
Não gostava dessas coisas, preferia ficar preso em sua casa, em seu ateliê, pintando o que lhe vinha à mente, ou estar em um espaçoso jardim desfrutando do calor e luz da tarde. Até mesmo lendo algum livro.
–ei, está me ouvindo?!– perguntou a mulher com quem conversava, ou melhor, de que ouvia um monólogo e só acenava com a cabeça vez ou outra. Ela era a personificação perfeita de tudo o que não gostava, presunçosa e exibida, trajava um vestido de veludo vinho que lhe delineia as curvas perfeitas _ que provavelmente foram adquiridas através de algumas cirurgias e dieta absurda _ jóias de rubi e ouro branco, cabelos montados em um penteado complicado e cheio de laquê, o rosto tão marcado por maquiagem que duvidava que a reconheceria caso a encontrasse em outra ocasião. Tão superficial… Tão entediante. Era óbvio as intenções dela, seu cheiro a denunciava, estava excessivamente doce e o serpenteava como uma cascavel, ela o queria. Era apenas mais uma ômega que se oferecia para ele. Tão previsível e vulgar. Ela sustentava um braço por debaixo dos seios fartos, tentando deixá-los mais evidentes que o decote do tomara que caia permitia.
Falava pelos cotovelos sobre o último filme em que foi a atriz principal, o que o fez lembrar de o por que estava falando com ela. Era uma das atrizes que trabalhariam em seu próximo filme, Berenice Chenville, uma atriz francesa que na opinião dele, de tão sem sal não tinha conquistado o papel principal. Teve vontade de tapar os ouvidos quando ela deu uma risada, a voz reverberando em seus tímpanos com um ranho em quadro-negro. Bebericou a taça de champanhe que já estava pela metade e as gotículas molhavam seus dedos enluvados, sequer sabia quando havia a apanhado da bandeja de um garçom, apenas que já era sua terceira aquela noite.
Quando, por fim, conseguiu se livrar daquela gralha engomada sem parecer indelicado _ dando uma desculpa que queria pegar um ar _ dirigiu-se a uma das inúmeras varandas daquele enorme salão. Estava mais escuro ali e o ar frio da madrugada chicoteou seu rosto e dançou uma valsa com seus longos e lisos fios prateados, lhe arrancando um leve sorriso. Foi mais para o canto, onde era escurecido pela sombra da cortina, e sentou sobre a soleira de mármore derramando o que restara de bebida goela a baixo. Ficou observando o céu noturno e aquele imenso e belo jardim que fazia parte da mansão, como as noites no Japão eram maravilhosas! Mesmo estando naquele país umas poucas vezes e de passagem, se apegou as belezas que residiam ali, mesmo as mais ínfimas.
Desviou seu olhar do céu ao notar que já não estava sozinho na varanda, mas permaneceu quieto, seu acompanhante não tinha o notado. Espreitou com o olhar o que pode daquele belo moçoilo, aparentemente nipônico. Tinha uma estatura mediana, provavelmente um pouco mais baixo que si, trajava um terno negro que destacava as belas curvas, pernas torneadas, ombros meio largos, quadril um pouco arredondado e nádegas redondas e empinadas que lhe deram água na boca. A camisa social cor chumbo estava com os dois primeiros botões sem abotoar lhe dando a visão de uma tez branca e perfeita, mas o chamativo em seu pescoço delgado era uma coleira de couro preto liso com um brasão em ouro com a letras K e Ω entrelaçados. Se surpreendeu com a própria visão por lhe fornecer tantos detalhes. Subiu para o rosto e, ah! O rosto, lábios levemente cheios e rosados, nariz pontudinho, cílios longos e negros como carvão, assim como os cabelos médios e rebeldes jogados para trás com os dedos e os pequenos brincos de argola.

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Heart Of Kaleidoscope [Victuuri/ Otayurio]
RomanceVictor Nikforov, um ator e modelo russo. Renomado e respeitado em vários países a fora. Uma pessoa particularmente reservada em sua vida pessoal e com muito poucos escândalos em sua ficha, animado e bem educado. Sempre preocupado com sua imagem. E t...