Minerva estava achando aquilo hilário. Zach, nem tanto.
Os Calore estavam sentados à frente deles, a proposta pairando entre ambas as partes.
—Vocês precisam de nós. — Zach anunciou, aproveitando cada sílaba. — O que nos impede de sair daqui e ir direto ao rei?
—Muito pouco, realmente. — Kurt deu de ombros. — Mas sabemos o quanto os Samos foram restritivos com os Merandus ao longo das gerações. Sabemos o quanto eles não se importam em humilhar sua Casa simplesmente porque tiveram vontade.
Zachary tinha suas dúvidas. O que fazia os Calore diferentes deles? Podiam ascender ao trono e ignorá-los como os outros faziam agora. Minerva queria respostas simples e concretas.
—O que nos oferecem?
—Duas coisas. — Camille respondeu. — Segurança no contrato com Seamus Welle, e imunidade aos seus. E uma próxima rainha Merandus.
—Isso é tudo muito futuro. — Zach levantou uma sobrancelha.
—Calore pagam suas dívidas. — Sejam de moeda ou sangue, completou Kurt para si mesmo. — E foram favoráveis aos Merandus no passado. Treine bem suas filhas, e uma delas será rainha, podemos garantir.
—Só tem uma falha enorme nessa sua oferta. — Minerva interrompeu. — Eirian é "um dos meus". E ela está na lista de Samos a serem subjugados nessa história.
Eles tinham vindo a essa reunião dispostos a aceitar a proposta, os gêmeos perceberam. Tinham pouca convicção quanto aos Samos no poder, e ninguém podia culpá-los. O rei era inconsequente e impulsivo, e o filho dele era pior. O sobrinho do rei tinha melhores aspirações, mas era um monstro, e bem conhecido por isso.
—Minerva, Eirian vai ficar bem segura com um anel Calore no dedo. — Camille suspirou. Infelizmente manter a princesinha imbecil por perto e segura era inevitável se quisesse o apoio da outra.
—Bom saber que temos um acordo. — Ela levantou, Zach ainda ficou sentado, encarando os dois por um longo tempo. O rosto da irmã, apesar, dizia que convenceria o outro desde que honrassem com a proposta. — Vamos, vamos, Zachary. Eu ainda preciso pôr meu traje de hoje. — ela puxou-o atrás.
***
—Meus súditos, — ressoou a voz de Maximus Samos pela arena. — esta noite é a última em que comemos como rivais. Todos estamos reunidos neste lugar de tradição, e eu lhes honro assim como me honram. Hoje saberemos, enfim, quais moças desejam se dispor a favor da coroa e competir na Prova Real pela chance de comandar no futuro nossa nobre nação. — ele tomou a mão de Emmeline na sua própria, e ela então substituiu a voz dele.
—Dentro dos ambientes dedicados a suas Casas, há um mecanismo. Basta ativar o mecanismo, e seus estandartes se mostrarão. Assim, saberemos que desejam participar. — Era muito raro uma casa não o fazer, ou não ter participantes para fazê-lo. — Que comece então o anúncio! — proclamou a rainha.
O primeiro estandarte a ser ativado foi o da Casa Titanos, por uma ansiosa Esme, que sorria como o gato de Cheshire. Sua mãe, Sadira Laris, tinha uma mão no ombro dela, e também sorria, orgulhosa da filha. Esme parecia que ia começar a convulsionar, de tanto que se balançava e pulava no lugar, como uma garotinha que acaba de ganhar um doce.
Fria como o gelo que comandava, Elisa Gliacon ativou o seu também. Minerva Merandus foi em seguida, rindo das caras ansiosas das outras participantes. Roslyn Viper depois, o irmão dela olhava direto para Kurt, e ele desviava, como se não fosse com ele. Ivayne Welle e Caritas Provos ativaram ao mesmo tempo. Alexis Haven, Stachys Tyros, uma menina Eagrie, Dumali Arven, Parthenope Osanos, Laris, Lerolan, Nolle, Rhambos, Marinos... Todos, e por fim, restava apenas uma. Por fim, todas as casas seguravam o fôlego, encarando a última casa restante.
Dante assentiu para Camille, Sulpicia fez o mesmo. Kurt olhou de relance para a princesa Samos, e de volta para a irmã. Beijou suas mãos, e, fora da vista de todos, pôs nelas a peça de mármore preto e vermelho. Não havia mais volta. A escolha estava nas mãos dela. Mas não podia recuar. Não podia, não podia. Se olhar para trás estou perdida.
Quando as casas tinham respirado de alívio, pensando na desistência dos Calore, um último som se pôs no lugar, um baque surdo. As cabeças viraram, e sons de desaponto e desalento de alguns também podiam ser ouvidos se você estivesse prestando atenção.
Eles sorriam como se tivessem acabado de vencer, e não apenas de anunciar sua presença. O sorriso de Camille continha mais preocupação do que mostrava, e ela mal podia respirar. A única coisa que a mantinha em pé eram as mãos do irmão em seus ombros.
O estandarte preto e vermelho estava estendido, e a rainha Calore queimava na mão dela.
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A Silver Knife
Fanfiction"[...] Você esquece daqueles que nos prejudicaram, e você esquece o que nós ainda temos a perder, e as dignidades que ainda precisamos roubar para acertar com um sussurro aquilo que deveria ter sido respondido com guerra quando aconteceu. Você me pe...