Camille não queria estar ali. Tudo naquele salão parecia forçado. Mas sorria. Usava vermelho e preto como sempre, a tiara de Alix em seu cabelo como uma estrela. Sou uma rainha, sou uma rainha, sou uma rainha. O príncipe a seu lado era como um verme morto. Ah, sim, claro, ele era belo, ele sorria diplomaticamente, mas era inconsequente, burro, irresponsável. Tinha medo de estar noiva dele. Medo de ser dele.
Estava ao lado do rei e da rainha, que parecia apreensiva mas calma. O processo da Prova tinha passado, o estresse dos enterros, amainado. Um peso tinha sido tirado dela. Parecia que finalmente teria paz. Camille não se sentia mal pelo que faria a ela. Por mais que ela fosse relativamente inocente, e a própria Calore não fosse fanática a ponto de acreditar que todo mundo que se associasse com os Samos depois do golpe era culpado, Emmeline tinha sua culpa. Ela subestimava a todos eles.
Eirian não estava acompanhada, nem Leonard. Eles dois estavam além de Callum, que estava do outro lado dele.
A primeira família a vir saudá-los foi a dela própria. Seu pai e sua mãe vieram primeiro, cumprimentaram ao rei e à rainha, então a ela e o príncipe, transbordando de orgulho. Dante não era incluído nas conspiração dela e de Kurt, Sulpicia tampouco, mas, especialmente ele sabia que algo aconteceria.
Kurt veio logo atrás. Embora satisfeito, e não menos orgulhoso, ele era grave. Camille não sabia se mais alguém via aquilo. Ele olhava para o salão e via apenas uma lista de mortos. Olhava para seu atual soberano com a consciência de que viveria mais do que ele. Abraçou-a com força, e ela fez o mesmo. Sentiam falta um do outro, agora que estavam divididos além do que era normal. Mas ele a congratulou, dirigiu alguns gracejos ao agora noivo dela, apertou suas mãos, e seguiu em frente. Ela viu, de canto, Kurt beijar a mão de Eirian, e achou aquilo um teatro desnecessário. Mas tudo bem. Ele com seus amores pela filha fraca do aço e ela com seus próprios pelo observador da casa Eagrie.
O restante de sua casa também veio saudá-la. Heath Calore e Valencia Nornus, sua esposa, tinham orgulho dela. Sangue de seu sangue, rainha mmais uma vez. Ignacia por sua vez, parecia ter amadurecido cinco anos em um mês, e Camille podia admirar aquilo nela. Sorriu, fez suas reverências, mas o que mais a surpreendeu foi que, quando a abraçou, Ignacia deixou sair apenas um suspiro, apenas para os ouvidos dela.
—Eu sou sua arma.
***
Quando as saudações terminaram, Camille e Callum lideraram o caminho até o centro do salão. Em posição, esperaram cerca de cinco segundos até a música começar. Ela dançava graciosamente, e ele não era diferente. As máscaras de ambos aquela noite eram de felicidade apaixonada e encantamento. Poder e triunfo também estavam lá, menos evidentes, mas lá.
Ela se sentia desconfortável perto do príncipe. Algo nele a fazia querer purificá-lo com fogo. Sabe. Jogar gasolina nele e atear fogo. Ele era mesquinho, manipulador.
—Logo acaba. — ele sorriu de maneira tranquilizadora, mas o sorriso não chegava aos olhos.
—Me perdoe por contrariar vossa alteza, mas acho que não acaba até morrermos. — ela sorriu, mas olhou para os nobres que os encaravam de maneira um pouco melancólica.
—Cal.
—Cal?
—Se vamos ser casados, você não pode me chamar de 'vossa alteza' para sempre, não é? — ele abriu um pouco mais o sorriso, e ela sorriu também, verdadeiramente. Eu nunca vou estar casada com você, incompetente manipulador.
—Cal. — ela assentiu.
Ela então passou um tempo doloroso rindo recatadamente como uma dama das piadas ruins dele sobre vermelhos e sobre a corte. Ele subestimava a tudo e a todos. Mas ela sobreviveu. A imagem dele, destronado e sem títulos, a manteve firme.
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A Silver Knife
Fanfiction"[...] Você esquece daqueles que nos prejudicaram, e você esquece o que nós ainda temos a perder, e as dignidades que ainda precisamos roubar para acertar com um sussurro aquilo que deveria ter sido respondido com guerra quando aconteceu. Você me pe...