A New Life [Joohyuk; Jookyun]

10. Pode chorar se quiser

Assim que entrei no beco, vi que os garotos estavam chutando e batendo em uma pessoa jogada no chão, peguei meu celular, digitei o número da polícia e corri até lá, empurrei os garotos e me coloquei na frente da vítima. Antes que eu pudesse raciocinar, fui atingido com um soco no rosto, cambaleei por alguns segundos e revidei com mais força, os outros garotos começaram a se aproximar de mim e eu levantei o celular

— Se alguém se aproximar eu chamo a polícia, tem pessoas que sabem que eu estou aqui e se acontecer alguma coisa comigo, vocês irão ter que terminar isso em uma delegacia — um dos rapazes tentou se aproximar, mas outro segurou o braço dele — Acho que os pais de vocês não vão gostar de saber disso, vão?

— Vamos, não vale a pena — um dos rapazes disse — Nós já fizemos o que queríamos mesmo — olhou para a pessoa jogada atrás de mim e riu antes de se retirar a ser seguido pelos outros garotos.

Olhei para trás e tive a pior imagem que eu poderia imaginar: Minhyuk estava encolhido no chão, tremendo de frio e gemendo de dor. A camisa do uniforme dele estava rasgada ao seu lado e haviam colocado uma blusa do uniforme de uma escola pública nele, a blusa só estava colocada pela metade e parte de seu abdômen estava exposto e sujo por causa do chão que ainda estava úmido devido à chuva de mais cedo, seu cabelo e rosto também estavam sujos, tirei meu casaco e o cobri com ele. Não pensei duas vezes antes de pegar Minhyuk no colo e tirá-lo dali. Eu não sabia o que faria, eu só tinha certeza de que ele precisava ir para longe dali o mais rápido possível, então decidi correr até minha casa enquanto carregava um Minhyuk indefeso chorando nos meus braços.

Assim que cheguei na porta de casa, coloquei Minhyuk em pé, ainda o abraçando, peguei as chaves na minha mochila e abri a porta. Peguei Minhyuk no colo de novo e entrei, subi direto para o meu quarto, se eu ficasse na sala ou em outro lugar, meu pai ou Suhee poderiam me ver e então fariam perguntas, eu não estava afim de responder perguntas. Assim que cheguei no meu quarto, entrei e coloquei Minhyuk na cama, Suhee já havia arrumado ela e guardado os cobertores. Fui até o guarda-roupas, peguei algumas cobertas e uma caixinha onde eu guardava alguns lenços e curativos adesivos. Voltei para a cama, cobri Minhyuk e me sentei ao lado dele. Ele estava deitado de lado e com as mãos tampando rosto

— Deixe-me ver isso — tentei puxar as mãos dele de leve, mas ele resistiu — Ei, eu não posso cuidar de você se você não deixar eu te ver — tentei tirar as mãos dele novamente, mas ele me empurrou e se virou para o outro lado — Para com isso

— Não, eu não quero que você me veja assim — ele já havia parado de chorar, mas ainda estava com voz de choro

— Minhyuk — o chamei, mas ele me ignorou — Minhyuk! — falei em um tom mais alto, o virei para mim e puxei suas mãos com um pouco mais de força — Me desculpe, mas eu preciso ver isso — ele fechou os olhos e os apertou, como se aquilo o escondesse, e eu achei aquela cena absurdamente fofa — Se isso te deixa mais tranquilo, você continua muito bonito — sorri e ele abriu os olhos devagar

— Sério? — eu assenti, ele sorriu sem mostrar os dentes e se sentou.

— Lembra do que você me disse ontem?

— O que?

— Eu sei me cuidar, Jooheon — eu disse imitando uma voz fina e ele negou com a cabeça

— Não, eu disse que eu achava que sabia — ele me corrigiu — e eu não falo assim

— Eu não falo assim — imitei a voz novamente e ele me deu um leve empurrão, eu ri e ele acabou rindo também. Peguei alguns lenços e limpei os machucados, a testa e a bochecha esquerda dele estavam um pouco raladas, o olho direito estava ficando roxo e seu lábio inferior com um pequeno corte. Ele me encarou enquanto eu limpava seus machucados, o que me deixou um pouco sem graça, mas eu gostei. — Tira logo isso — eu disse ao levar minhas mãos até a blusa que aqueles meninos colocaram nele, ele segurou minhas mãos e me olhou

— Você não acha que está indo rápido demais, Jooheon? — o olhei surpreso e ele gargalhou, acabei rindo também

— Para de graça — o ajudei a tirar e vi alguns machucados em seu abdômen, o qual não pude deixar de reparar — Acho melhor você tomar um banho, você está todo sujo — eu disse e ele assentiu. Me levantei e andei até o guarda-roupas novamente, peguei um conjunto de moletom e o entreguei. — Você pode usar isso — ele pegou as roupas da minha mão e se levantou com dificuldade por causa das dores no corpo, o ajudei a andar até o banheiro e fechei a porta assim que ele entrou. Sai do quarto e desci as escadas, andei até a cozinha e encontrei Suhee sentada, lendo um livro de receitas

— O que você está fazendo em casa essa hora? — ela perguntou assim que me viu

— Ocorreu um imprevisto — eu disse ao andar até a geladeira e pegar uma garrafinha de água

— Imprevisto?

— Depois eu te explico — ela assentiu e eu subi as escadas correndo. Entrei no quarto e Minhyuk saiu do banheiro minutos depois, ele estava vestido com a roupa que eu entreguei

— Ficou um pouquinho larga — eu disse e ele assentiu

— Está confortável — ele se sentou na cama e eu me sentei ao lado dele

— Tome isso, vai diminuir sua dor — entreguei um comprimido a ele e água pra ajudá-lo a engolir e ele tomou o remédio — Assim que você achar que está se sentindo bem e quiser ir embora, me avise

— Eu não posso ficar aqui? — ele abaixou a cabeça — Minha mãe trabalha até tarde e agora não tem ninguém para conversar comigo por mensagens, ficar sozinho é meio chato

— Claro, fique o tempo que precisar — sorri — Ficar sozinho é um saco mesmo, sei como você se sente — eu o olhei e ele estava estranho, parecia que ele estava segurando o choro, toquei o queixo dele e levantei seu rosto — Minhyuk, pode chorar se quiser, tudo bem — ele me olhou e eu afastei a franja dele dos olhos — Prometo não contar a ninguém — assim que eu terminei de falar, Minhyuk me olhou por alguns segundos, logo depois abraçou meu pescoço e entrou em prantos, eu fui pego de surpresa com aquela ação e não sabia muito bem o que fazer, então apenas o abracei e deixei que ele chorasse