28. A dor não passa nunca

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Minhyuk POV

Me afastei da minha mãe e observei Jooheon se aproximar. Eu estava aliviado por ela não estar mais com tanta dor, mas ainda assustado por causa da doença. Jooheon abaixou a cabeça, se aproximando mais da minha mãe e eles sussurrravam algo.

— Precisamos levá-la para a sala de cirurgia, o anestesista já está pronto. — o médico disse ao entrar na sala e eu me aproximei dele.

— Posso fazer uma pergunta? — sussurrei e ele assentiu.

— A cirugia é arriscada?

— Toda cirurgia é arriscada. — ele me respondeu e eu senti meu coração apertar, o médico deu um sorriso fraco e sem mostrar os dentes, andou até minha mãe e eu corri até ela, a abraçando forte, eu tentava não chorar, mas não era forte o suficiente pra isso. Minha mãe sempre foi forte e guerreira, eu nunca imaginei vê-la em uma cama de hospital.

— Eu preciso ir meu amor, vai ficar tudo bem. — ela disse ao acariciar meu cabelo, dei um beijo na testa dela e me afastei. Observei os médicos colocando ela em uma maca e a retirando do quarto.

Saí do quarto com Jooheon e voltei para a sala de espera, vi que havia esquecido minha mochila alí e suspirei, andei até ela e me sentei, colocando minha mochila no meu colo, a abracei e encarei o chão, agoniado. Senti Jooheon acariciar meu cabelo e olhei para o lado.

— Vai ficar tudo bem, Minhyuk. — desviei o olhar e voltei a encarar o chão.

— Eu vou acreditar nisso quando eu ver ela de novo. — ele puxou minha mão com leveza e a segurou, apertou um pouco e a acariciou com o dedão.

~

Ficamos umas quase sete horas aguardando notícias, eu estava agoniado. Jooheon ofereceu me levar água ou comida várias vezes, mas eu sempre recusava. Ele tentava conversar sobre coisas aleatórias para me distrair, o que vez ou outra funcionava. Eu liguei para o meu pai e avisei a ele tudo o que havia acontecido, então ele disse que viria e levei uma pequena bronca por não ter avisado antes, mas eu não estava com cabeça pra isso.

Já era noite quando vimos o mesmo médico que atendeu mãe andar me nossa direção. Me levantei imediatamente, assim como Jooheon.

— Como ela está? — eu perguntei, o médico me olhou e suspirou.

— Essas cirurgias são muito complicadas, o cérebro é uma região muito...

— Como ela está? — o interrompi.

— Infelizmente, a paciente não resistiu. — aquelas palavras mais pareciam facadas no meu peito, esse que parecia estar sendo esmagado — Não foi possível conter a hemorragia, nós fizemos o possível. Eu sinto muito.

Eu desmoronei.

As lágrimas caiam dos meus olhos de forma descontrolada e tudo ao meu redor parecia desmoronar junto comigo. Eu me senti fraco, é impossível descrever todas as sensações dolorosas que eu sentia, mas doía, e doía muito. Senti os braços de Jooheon me envolverem e me desmanchei alí por completo, ele me segurava e eu já não me preocupava mais em me manter de pé.

— Eu quero ver ela, eu sei que ela está bem. — eu disse, me desvencilhando do abraço e tentando ir até a sala onde ela estava antes, mas fui impedido por um Jooheon me segurando e me abraçando de novo logo depois. — Eu quero minha mãe! — eu gritei em meio ao meu choro e me entreguei aos braços de Jooheon novamente.

— Vamos sair daqui, Minnie. — Jooheon disse, ele também estava com voz choro.

— Não, eu não posso deixar ela aqui, ela precisa de mim.

— Tudo bem. — ele me sentou em um dos bancos e fez com que eu deitasse minha cabeça seu ombro, abracei a cintura dele e senti seus dedos acariciarem meu cabelo enquanto eu chorava. Ficamos naquela posição por longos minutos e eu simplesmente não conseguia parar de chorar, até que finalmente me acalmei ao pegar no sono.

~

Acordei com uma voz doce me chamando, eu era sacudido de leve e abri meus olhos devagar. Avistei Jooheon na minha frente e me sentei lentamente. Olhei ao meu redor e percebi que eu estava em um quarto, sentado em uma cama.

— Por favor, me diz que foi tudo um pesadelo horrível.

— Infelizmente não. — abaixei o olhar e deixei que uma lágrima caísse — Eu fiz uma sopa pra você, já são quase onze da noite e eu sei que você não comeu nada o dia todo.

— Eu não quero, estou sem fome, obrigado. — eu não sentia vontade de comer, na verdade, não sentia nada além de um vazio horrível.

— Come pelo menos um pouco, por favor. — ele tocou meu cabelo e me olhou — suspirei e peguei o prato de sopa, levei uma colher cheia lentamente até minha boca e assim que experimentei, não sei como não cospi, o gosto estava estranho, estava salgado e muito ruim, fiz uma careta e o olhei.

— Desculpa, mas não dá pra comer isso, você já experimentou? — ele suspirou e tirou o prato da minha mão

— Eu não tive coragem... Nunca fui bom na cozinha, me desculpa.

— Tudo bem, eu não estava com fome mesmo. — ele colocou a sopa na mesinha de cabeceira, pegou um conjunto de moletom que estava ao seu lado e me entregou — Tome um banho e tire esse uniforme, ta bom? Tirei sua gravata e o tênis, mas sei que ainda está desconfortável, pelo menos pra dormir.

— Como eu vim parar aqui?

— Você dormiu e eu te trouxe aqui pra casa assim que seu pai chegou no hospital, uma mulher que dizia ser sua tia também foi.

— Esse não é seu quarto

— Não, é o quarto de hóspedes, imaginei que você fosse se sentir mais confortável aqui.

— Eu não gosto de ficar sozinho.

— Posso ficar aqui até você dormir se quiser — eu assenti, ele se levantou e pegou o prato que estava na mesinha — Meu pai já sabe do que aconteceu e deixou você ficar por aqui o tempo que precisar e seu pai e sua tia estão resolvendo tudo o que precisa ser resolvido. Então apenas tome um banho e descanse, tudo bem? — eu assenti.

— Posso te fazer uma pergunta?

— Claro

— Como você superou?

— O que?

— Perder sua mãe. — ele suspirou e me deu um sorriso fraco, sem mostrar os dentes.

— Eu não superei, Minnie. A dor não passa nunca, só se torna tolerável depois de um tempo. — abaixei o olhar encarei minhas mãos — Eu já volto, tudo bem? — eu assenti novamente e o observei sair do quarto.

A New Life [Joohyuk; Jookyun]Onde histórias criam vida. Descubra agora