15. Tenho uma condição

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Esse capítulo e o próximo serão narrados pelo Minhyuk

💘

Corri para o mais longe possível de Jooheon e logo cheguei na escola. Eu fui um idiota em ter acreditado que Jooheon iria querer alguma coisa com alguém como eu, um garoto odiado pela metade da escola e que ainda por cima é filho da empregada dele. A culpa foi minha por ter me iludido atoa, mas ninguém nunca havia me tratado daquela forma ou sido tão doce comigo. Ele não merecia ser tratado daquela forma, mas eu não queria continuar perto dele, não enquanto ele estivesse com Changkyun, aquilo me machucaria demais e eu já sabia das consequências de continuar próximo de alguém que não corresponde o seu amor e no lugar disso, ama outra pessoa. Eu não queria passar por isso de novo.

Entrei na minha sala e encontrei Kihyun sentado no lugar de sempre, com a mochila dele guardando o meu lugar.

— Você está bem? — ele perguntou assim que eu me aproximei e o entreguei a mochila dele — Parece que você foi atropelado por um caminhão — me sentei e encostei minha testa na mesa — Na verdade, parece que você foi atropelado por um trem. — ele acariciou meu cabelo e aproximou o rosto de mim — Ei, o que aconteceu?

— Nada, eu só estou com um pouco de dor de cabeça

— Não vai me dizer que isso é ressaca, Minhyuk? — eu suspirei — Quantas vezes eu já disse pra parar de beber assim? Principalmente durante a semana! — levantei minha cabeça, tapei a boca de Kihyun com a minha mão e fiz um "shhhh"

— Hoje não nanico, por favor, outro dia você me dá sermão, mas hoje realmente não quero. — ele mordeu minha mão e eu soltei um grito

— Não me chama de nanico!

— Porteiro de maquete, pintor de rodapé... — ele começou a me dar tapas e eu gargalhei, não importava o quão mal eu estivesse, implicar com Kihyun sempre era divertido.

Nós passamos as aulas quietos, vez ou outra Kihyun se virava para conferir se eu estava dormindo ou mexendo no celular, o que não acontecia, já que eu passei a aula inteira olhando para o nada, enquanto pensava no quanto eu era idiota.

— Vamos para o refeitório hoje? — Kihyun perguntou assim que o sinal para o intervalo tocou

— Eu não estou afim de sair daqui hoje, Kihyun — ele assentiu, fez um bico e abaixou a cabeça, Kihyun sabia que conseguia qualquer coisa fazendo aquilo e se aproveitava disso. Suspirei, me levantei e andei até a porta, ele riu e me seguiu.

Assim que chegamos no refeitório, sentamos na única mesa vazia e assim que olhei para a mesa da frente, eu quis sumir. Jooheon e Changkyun estavam sentados ali, de costas pra gente, rindo e conversando. Eu não sabia que a cena de duas pessoas felizes podia doer tanto. Olhei para Kihyun e ele também estava incomodado com a cena.

— Você não tem nada para me contar, Minhyuk? — ele perguntou enquanto desembrulhava seu sanduíche

— O-O que?

— Parece que eles estão bem próximos, né? — ele abaixou o olhar e suspirou — Mas não tem nada demais, até porque se tivesse, os meninos com certeza teriam comentado e você me falaria, não é? — ele me olhou, eu abaixei a cabeça e suspirei. Olhei para Kihyun quando ele ficou em total silêncio, ele olhava boquiaberto para um ponto fixo, segui seu olhar e vi a pior cena que eu podia imaginar: Changkyun e Jooheon se beijando, bem na nossa frente.

Ontem quando Changkyun chegou, eu estava em uma ligação com Hyungwon e Wonho, então eles colocaram  Changkyun na chamada também. Ele falou que o encontro dele com Jooheon havia sido incrível, que ele se beijaram muito e Jooheon era muito mais interessante do que ele imaginava. Hyungwon ameaçou desligar, dizendo que dispensava detalhes, então Changkyun riu e não falou mais nada.

— E-Eu perdi o apetite — Kihyun se levantou devagar, seus olhos lacrimejavam e os meus também — Vejo você na sala — ele disse antes de se virar e sair do refeitório. Pensei em ir atrás dele, mas Kihyun não gostava que incomodasse me ele quando ele estivesse chorando e eu sabia que era exatamente isso que ele faria depois de correr até o banheiro e se trancar em uma das cabines.

Eu me levantei e fui para a sala, assim que cheguei lá, me sentei em minha cadeira, apenas fiquei olhando para um ponto fixo. Eu não conseguia tirar aquela cena da minha cabeça e a dor que eu sentia, era estranha e inexplicável. Eu e Kihyun passamos o restante da aula em silêncio e assim que fomos liberados, fomos para fora da escola, esperamos o carro de Kihyun e fomos para a biblioteca. Prometi para Kihyun que iria para a biblioteca com ele de novo, já que tínhamos trabalho para entregar semana que vem, então apenas cumpri minha promessa e fiquei aliviado por não encontrarmos Jooheon ou Changkyun do lado de fora.

Quando chegamos na biblioteca, nós sentamos na mesa de sempre e ficamos ali por horas, ainda sem dizer uma palavra. Kihyun não estava afim de estudar, então apenas folheava alguns livros, enquanto eu estava com a cabeça apoiada nas mão e pensava em mil coisas ao mesmo tempo. Kihyun se levantou e foi até uma das prateleiras afastadas, o segui e o observei procurar o livro que ele precisava. Eu não aguentava mais aquele silêncio, eu estava muito mal e aquilo estava me doendo ainda mais.

— Kihyun... — decidi quebrar o silêncio e falar algo, mas ele me interrompeu antes que eu pudesse dizer algo além de seu nome.

— Eu sinceramente não sei por que estamos tão decepcionados, se nós sabemos que não temos mais chances com eles — ele suspirou e desviou as atenções dos livros, se virou para mim e me olhou — Changkyun já me superou e está ficando com o primeiro garoto que despertou sentimentos reais em você, enquanto nós dois estamos sofrendo igual a idiotas

— Nós somos idiotas, Kihyun — ele se aproximou de mim

— Minhyuk — ele me chamou, acariciei seu cabelo e murmurei um "hm?"  — Lembra do que você me disse na terça? — eu suspirei e assenti

— Que você podia me usar para esquecer Changkyun quando quisesse? — ele assentiu e eu sorri — Você disse que isso seria estanho, lembra?

— Você também precisa esquecer alguém agora — ele desviou o olhar — e eu não acho que tenha problema, não vai ser nada demais, né? — ele voltou a me olhar e eu levantei uma das sobrancelhas — Digo, vai ser só uma vez e benéfico aos dois — eu ri e ele me deu um tapa — Do que está rindo?

— Você é a única pessoa do mundo que fala a palavra benéfico, Kihyun — ele fez uma carinha de bravo e abriu a boca para dizer algo, mas parou e arregalou os olhos assim que o puxei pela cintura e colei nossos corpos — Nós até podemos fazer isso — aproximei nossos lábios e Kihyun engoliu seco — Mas eu tenho uma condição.

— Qual?

— Você vai ter que me foder também — ele assentiu e então eu levei minhas mãos até suas coxas e as puxei, ele entendeu o que eu queria e pegou impulso para subir no meu colo, o imprensei contra uma das prateleiras e o olhei. Jooheon não foi a primeira pessoa a despertar sentimentos reais em mim, a primeira pessoa a fazer isso, foi Kihyun. Perdi a conta de quantos caras usei para conseguir esquecer Kihyun, então usá-lo para esquecer Jooheon seria interessante. Nós nos encaramos por alguns instantes, até que fui surpreendido por um beijo de Kihyun, eu realmente não esperava essa atitude dele. Nós dois estranhamos o beijo no começo, mas logo relaxamos e nos entregamos a mistura de sensações tensas e gostosas que sentíamos naquele momento.

A New Life [Joohyuk; Jookyun]Onde histórias criam vida. Descubra agora