Paranormal

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[ 25 de maio, terça-feira de 2022 /  Vestuário masculino. ]

Calmamente e de olhos fechados eu apenas esperava que Jeon Jungkook saísse do vestuário. Eu realmente odeio esperar as pessoas pela sua boa vontade mas nesse caso, há uma exceção.

Quase todos já haviam saído do prédio. A corrida havia terminado e depois de festejar algumas pessoas foram pra casa e algumas se trocaram nos vestiários. Acho que rendeu um bom dinheiro pra alugar tudo aquilo. Era um lugar, digamos assim, bonito. Tinha um jardim, algumas altas palmeiras balançando com o vento quente que passava no momento. Considerado por muitos um lugar calmo. Bem afastado do lugar onde ocorreu a corrida.

Encostada à divisória de vidro fosco eu sentia uma calmaria nostálgica que eu não sentia  desde a morte da minha mãe. Quando comecei a fingir, minha família parecia perfeita. As vezes nos finais de semana nós saíamos para fazer passeios ou até piquiniques em lugares sem muita urbanização, como esse lugar.

Senpai: — Já me vesti! Pode vir aqui me ajudar a arrumar as coisas, S/a? - Perguntou me fazendo sair do transe. Me desencostei da divisória e entrei de verdade no vestuário. Ele usava uma blusa azul claro com uma calça comprida azul com detalhes brancos dos dois lados e um tênis Vans.

Senpai: — Já ia esquecendo. - Disse apontando para um frasco de perfume masculino em cima da pia de granito branco Siena.

Peguei e joguei pra ele, que pegou como se fosse uma bolinha de papel e colocou dentro de uma mochila de costas preta.

S/n: — Vamos?

Ele assentiu positivamente com a cabeça.
Estávamos saindo quando ouvimos o barulho da janela de vidro se quebrar.

Olhei para trás sem sair de perto do Kookie e tudo que pude ver foi Mark com numa forma perturbadora. Ele estava usando o mesmo moletom branco de antes com o capus na cabeça nas suas mãos encontravam-se cortadas e sangrando já que, provavelmente, ele havia quebrado o vidro com suas próprias mãos. Por falar em mãos talvez eu tenha me esquecido de mencionar a faca que ele tinha em mãos. Sua respiração estava ofegante tentava voltar ao normal enquanto seus olhos fuzilavam qualquer um que olhasse. Sua raiva eminava de forma estridente.

Mark e encarou Jeon por alguns segundos mas não demorou muito até que ele partisse pra cima dele com a notável intenção de mata-lo.

Os caíram no chão nesse meio tempo, ficando Mark por cima de Jeon. Jeon conseguiu evitar uma facada no rosto com seus punhos. Segurou firme  as duas mãos de Mark. Sem ao menos saber o que fazer, segurei a cintura de Mark e o puxei com todas as forças que pude reunir no momento. O fato de estar desarmada não significava que eu deixaria que Mark o matasse.

Era inútil. Nem parecia que eu puxava. Ele não ligava pra minha presença.

Mark: — Desculpe querida mas agora você é um estorvo. - Sorriu em meio ao seu olhar distorcido piscoticamente virando-se para mim. — Prometo ter  tempo para você assim que terminar de fazer esse serviço. - Disse lançando-me longe com seu pé e seu cotovelo. Ao chocar contra a parede eu soltei um gemido de dor.

Ainda tonta com o impacto eu me levantei para tentar fazer os dois se soltarem mesmo que eu soubesse que não daria certo.

Apoiei as mãos no chão e lentamente me aprumei. Agora eu não tenho escolha.

— Sentiu minha falta? - Soou uma voz conhecida que fazia muito tempo desde a última vez que eu tinha a ouvido.

S/n: — Nem um pouco. - Rebati a analisando de cima a baixo. Ela se encontrava desarmada.

O que ela pretende fazer assim?

S/n: — Você está desarmada Letícia. O que pretende fazer? - Falei verificando de aqueles dois continuavam agarrados, fuzilando-se apenas com um olhar. A resposta era sim.

Ela riu com minha pergunta sarcástica.

Letícia : — Não fique se achando. Você não é a única especial por aqui, S/n. - Colocando seu braço direito para cima e o outro na cintura, um vento invadiu o lugar bagunçando seus cabelos curtos.

As quatro lâmpadas de LED no teto começaram a piscar. O clima do ambiente tornou-se mais pesado e completamente vazio. Ouvi o barulho de raios de eletricidade sairem da lâmpada indo diretamente para o corpo de Letícia que começou a reluzir com tamanha habilidade de sugar eletricidade do local.

Apenas o seu olho descoberto pelo tampão eminava ódio. Era visível quase até para um cego.

Ela ainda tinha seu braço estendido quando o esticou ainda mais fazendo com que as lâmpadas se apagassem por completo.

Letícia: — Lugar de lixo, é no lixo! - Disse  passando sua mão que até agora se encontrava absorvendo energia, me arremessando contra os divisória de vidro fosco que se quebrou quando me choquei com a mesma.

Minhas costas doíam muito e nos meus braços apenas pequenos cortes causados pelos estilhaços eram notáveis. Olhei para dentro do vestuário e avistei Jeon e Mark já de pé, desferido chutes e tapas uns nos outros.

Letícia passou pela abertura da divisória que não tinha mais vidro e ficou frente a frente comigo.

Eu podia sim usar meu amuleto e fazer  algo ou apenas com mais esforço tentar quebrar seu pescoço mas na frente do Senpai? Senpai... Eu não posso. Já basta a quantidade de coisas que ele ainda não faz a mínima ideia que eu fiz, e ainda fazer isso na frente dele? Eu ainda não estava doida.

Apoiei minhas mãos e meus joelhos nos estilhaços sem ao menos me importar com os machucados que eu teria depois. Eu não ia entregar-me tão fácil. Eu não ia me entregar. Não é uma paranormal que vai me fazer desistir dos meus objetivos destintos e concretos.

Não importa o que ele pense de mim daqui para frente. Eu prefiro estar viva juntamente a ele. E eu daria um jeito caso ele não aceitasse. Eu sempre dei um jeito.

Meu nome é S/n, prazer, inferno.

Me levantei reunindo minhas forças e encarei aquela vadia olho a olho.

S/n: — Você me dá pena... - Disse cuspindo sangue no chão e encarando sem conter a raiva no olhar.

Corri rápido até mesma e desferi um soco no seu 1ueixo fazendo com que ela caísse alguns centímetros de distância de mim.

Mesmo na terra fofa, ouvi alguns passos vindos de trás de mim. Olhei para trás no reflexo de rebater mais um estorvo da minha frente mas aquela imagem foi mais curiosa e interessante que qualquer outra coisa.

— Acho que precisa de ajuda. Se importa? - Perguntou retoricamente encostando o material gelado de uma arma no meu braço.

S/n: — Será um prazer. - Respondi sarcástica pegando a arma da mão dela.

My Senpai...Onde histórias criam vida. Descubra agora