Perdoar vs Confiar.

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[ 26 de maio, quarta-feira de 2022 / Casa de S/n. ]

[Ligação On]

- COMO ASSIM VOCÊ BRIGOU COM ELE?! - Gritou Kokona do outro lado da linha, me fazendo afastar o celular do ouvido.

- Simplismente brigamos. Ele não confia em mim. - Falei ainda distante do celular.

- Mas se você estava apenas se defendendo, não há porque você não querer dizer isso bem na cara dele. - Falou ela regulando seu tom de voz.

- Esse é o problema. Eu queria mata-la. - Falei nervosa, um pouco baixo, mas ela escutou.

Ela fez uma pausa que durou cerca de uns dois minutos.

- Olha S/n, não é o impulso de matar alguém que separa alguém. Eu sou sua amiga e vou te apoiar, sempre. Mesmo que você fosse uma assassina a sangue frio eu iria deixar de ser sua amiga. Eu não ligo. Eu gostava do Senpai, e ele merece você, você o merece. Eu vou fazer vocês ficarem juntos. Nem que eu tenha que fazer uma loucura. - Falou firme e grossa. Suas palavras me fizeram relaxar um pouco.

- Ele praticamente nem vai olhar na minha cara. - Suspirei cansada.

- Então eu vou fazê-lo olhar pra outro lugar. - Falou num tom estranho que eu não indentifiquei.

- Como assim?! - Perguntei receosa.

- Não se preocupe, S/n. Seu pai chega hoje, certo? Vá arrumar a casa que eu vou colocar meus planos em prática. Tchau! - Disse ela rindo de leve desligou sem me dar chance de retrucar.

[Ligação Off]

Resmunguei a xingando por esconder algo de mim. Ela tinha esse mal costume de fazer surpresas estranhas de uma hora pra outra. Eu fico um pouco receosa com suas ideias mirabolantes que surgem assim. Ela pode fazer alguma besteira sem querer.

Me levantei da cama, onde eu estava deitada e coloquei o meu celular no bolso, antes de descer as escadas.

Fui até a despensa de limpeza e encarei a vassoura e o espanador por alguns segundos antes de pega-los e me direcionar a sala, por onde eu começaria a faxina. Mas antes de começar, eu coloquei meu celular pra tocar Impossible de Arthur.

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Encostei as costas na porta da despensa de limpeza assim que eu terminei de limpar a casa e suspirei profundamente. Eu estava me sentindo um pouco suja e então decidi tomar um banho já que daqui a pouco meu pai chegaria.

Entrei no banheiro do meu quarto e encarei o espelho ainda quebrado e completamente limpo. Me despi rapidamente e pendurei as roupas no cabide atrás da porta. Entrei no Box e abri o chuveiro, deixando a água morna molhar meu corpo inteiro, fazendo-me relaxar.

Fiquei ali por alguns minutos mas logo fui tomar banho, pra que a conta de água não vinhesse tão alta.

Saí do banheiro enrolada na minha toalha e fui em direção ao meu armário, procurar uma roupa para o esperar. Decidi colocar meu moletom amarelo da Gucci com flores vermelhas bordadas nos cotovelos uma calça jeans preta, meu tênis preto Vans e minhas luvas pretas que cobrem apenas a palma das mãos.

Desci as escadas e fui até a cozinha, abri a geladeira e procurei algo para enganar minha fome e por fim, peguei um potinho de pudim de leite e comecei a comer sentada no tapete, com as costas encostada no sofá da sala.

Estiquei meu braço até alcançar meu celular que estava em cima do sofá e comecei a procurar uma música para ouvir. Por fim, selecionei Mad Hatter da Melanie Martinez.

Raspei o potinho de pudim de leite com a colher a depois de colocá-lo no lixo eu me deitei no sofá, desliguei o telefone, abracei uma almofada e fechei os olhos. Acabei cochilando naquele silêncio.

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Por que você mentiu para mim?

Me dizia uma voz.

Agora corra, fuja, fuja para bem longe.

Achou que eu não iria descobrir a verdade?

Continue a correr.

E eu corria. E eu estava chorando.

E eu caí num buraco.

E então eu acordei.

Acordei suando frio com o som insistente da campainha me dando dor de cabeça. Me levantei um pouco tonta, com cuidado pra não pisar no meu celular que estava sobre o tapete e abri a porta. E lá estava ele, meu pai, o responsável pela família Aishi. Hisoka Aishi.

Ele me abraçou com força assim que me viu e eu fui solta por ele assim que ele percebeu que eu não retribuía o ato. Por alguma razão, ele não se importou em questionar o porquê de que eu não tenha retribuído o abraço. Talvez por que aquilo não significasse nada de especial.

Hisoka: - Como minha garotinha cresceu! Sentiu minha falta?! - Perguntou sorrindo de olhos fechados.

S/n: - O senhor sabe minha resposta. - Falei fria e seu sorriso se desmanchou quando ele abriu os olhos. - Aliás, eu sou sua filha defeituosa. O senhor me conhece como ninguém.

Hisoka: - Desculpe se não gostou da minha presença. - Começou calmo.

S/n: - O senhor sabe que esse não é o problema.

Hisoka: - Sei que não confia mais em mim como antigamente, mas confiando ou não, eu mudei. Mudei por você. Do mesmo jeito que você mudou por mim naquela época. - Falou entrando e fechando a porta em seguida.

S/n: - Isso foi a muito tempo. Eu mudei porque o senhor merecia. Não é mais a mesma coisa. Você precisa provar. - Apertei os pulsos.

Hisoka: - Pensei que já houvesse me perdoado. - Pareceu despontado.

S/n: - Perdoar não significa voltar a confiar. - Disse antes de me virar, pegar meu celular e subir para meu quarto novamente.

My Senpai...Onde histórias criam vida. Descubra agora