Sob meus Cuidados

Triângulo amoroso

CAPÍTULO 14

DIANA RAMOS

Dois sentimentos definem meu estado de espírito nesse atual e tão complicado momento. Na verdade literalmente palavras me faltam quando penso em descrever o que estou sentido agora. Até certo tempo estava me corroendo por dentro de culpas e incertezas, agora estou me perguntando em que momento da minha vida eu me deixei levar por sentimentos tão desconhecidos assim... de um jeito tão fácil e sem escrúpulos.

Tyler me beijou e ao invés de uma culpa assustadora tudo o que sinto é uma calmaria selvagem e uma felicidade exuberante. Dois sentimentos que trazem para o meu peito uma paz inigualável. Com que direito Tyler me beijou tão apaixonado e cheio de si? Com que direito eu me permiti beijar e ser beijada por ele? Até onde eu sei, ou acho que sei, ele ainda é namorado de Rebeca e nem a decência de pensar nela quando fui vencida pelo ato mais impulsivo da minha vida, eu tive. Certeza, sou uma megera e isso não tem perdão. Apesar de ter afirmado que não transaria com ele nem morta, cá estou eu me imaginando em seus braços, sentindo seu calor e sendo preenchida por toda sua glória. Eu só posso ser o diabo mesmo, vim para destruir a minha própria dignidade e o relacionamento de um homem que só quis até então me ajudar. Sinceramente não sei o que estou fazendo dessa minha vida!

[...]

David entra no quarto sem bater e sua carinha de confusão ao me pegar no flaga sorrindo e olhando para o nada é muito bonitinha, mas eu sei bem o que uma criança curiosa é capaz de fazer e mesmo que eu intervenha sei que não vai adiantar! David é um ótimo menino, Dorota além de mãe, é sua fiel amiga e ele sempre conta as coisas para ela. Os dois tem um tipo de elo super lindo e intenso que até sinto uma invejinha boa, espero que meu filho tenha esse mesmo tipo de sentimento comigo. Com sua voz fofinha e alguns pronunciamentos errados ele me informa sobre o almoço estar pronto. Sua mãe simplesmente odeia ficar gritando pela casa que a comida será servida, por isso sempre manda o pequenino para nos avisar, mesmo que sempre acabe brigando com ele depois por sua mania incorrigível de correr pelas escadas. Acredito que só aprende quando se machuca e se for ver bem isso vale pra mim também. Aquele beijo pode significar muitas coisas para nós dois, mas eu não acredito e nem me iludo pensando que Tyler vai se enxergar apaixonado por mim como nos livros e deixar Rebeca para me ter em seus braços, me amar como mereço e criar meu filho como o pai biológico cujo não me lembro quem seja, deveria fazer. Por falar em pai, às vezes me pego imaginando em quem seja, nunca chego a nenhuma conclusão e mesmo que lá no fundo eu queira muito lembrar quem é e qual o grau de participação na minha vida antes do acidente, uma voz no meu interior sempre me alerta que o melhor mesmo é se esquecer pra sempre dessa história e dar continuidade na minha vida como se eu não tivesse um quase passado. Digo quase pelo fato de que não pode fazer tanto tempo assim... enfim, acho que esse negócio de memória perdida e tempo indeterminado para a minha recuperação completa seja muito complicada e cheia de altos e baixos que me deixam com dor de cabeça. Sempre evito fazer esses momentos de reflexão, acredito que me deixa um pouco emotiva e perturbada demais.

— Posso saber o motivo de você estar tão calada e com um brilho nos olhos jamais visto em todas essas semanas que passei ao seu lado?

Dorota é uma mulher curiosa, persistente e que sempre arranca alguma coisa de você, até mesmo sem a sua percepção. Vera não fica atrás e quando essas duas se juntam para saber da fofoca da vez... meu Deus.

— Nada! Só li uma matéria interessante sobre bebês e me peguei pensando sobre o futuro. — Ao semicerrar os olhos sei muito bem que ela não acreditou na mentira.

— Sabe Diana, sou quase uma idosa, vivi e pretendo viver muitos anos ainda. Então não tente me enganar por que eu sou uma mulher esperta e creio que você saiba disso muito bem. Apenas pense que não importa o que seja, eu não vou te julgar.