Linha de fogo

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CAPÍTULO: 24

DIANA RAMOS

Acordo ouvindo vozes, logo de primeira identifico a de Heitor, mas a segunda é impossível saber de quem é.

Levanto da cama ainda um pouco sonolenta, arrumo minhas vestes e passo a mão no cabelo afim de pelo menos tentar parecer apresentável a seja lá quem for. Não acho que seja educado aparecer para as pessoas toda desajeitada, afinal, a primeira imagem é a que fica. Vejo se estou com bafo antes de abrir a porta, porém assim que chego na cozinha um homem alguns poucos centímetros mais alto do que eu me põe sobre a mira de seu revólver.

Engulo em seco e algo dentro de mim se agita só em pensar na possibilidade de morrer. Meu filho ainda não tem nem sete meses, duvido que sobreviva e essa se torna uma das minhas maiores preocupações.

Se antes eu tinha dúvidas sobre querer ou não essa criança, agora sinto me imensamente culpada por um dia se quer ter pensado em abortar.

O homem fala algumas coisas, mas não entendo porque estou simplesmente surtando de mais para compreender qualquer palavra que saía de sua boca. Seus olhos castanho escuro me encaram com um brilho estranho, seus lábios curvados em um sorriso mostra o quão lindo ele poderia ser se não estivesse sendo tão cruel comigo nesse exato momento. Seus cabelos negros o deixam com um ar diferente, suas roupas manchadas de sangue deixam vestígios de algo que prefiro nem imaginar.

Sua mão firme segura o revólver com força o suficiente para mostrar que ele não é um qualquer e que sabe exatamente o que está fazendo. Heitor me olha preocupado, alternando seu olhar entre mim e o cara que ainda mantém um sorriso no rosto. Palavras saem de suas bocas com uma rapidez quase agoniante, mesmo assim ainda continuo sem entender nada, exceto a parte em que escuto um:

— Dominic guarde essa arma, pelo amor de Deus irmão, Diana está grávida e não quero que perca seu bebê por estar sendo ameaçada sem nem um motivo por você!

Os olhos negros me encaram com tanta intensidade que sou obrigada a desviar os meus para o chão. Estou com medo, não só por mim, mas por Heitor e principalmente por meu bebê. Se o que entendi mesmo for verdade, sinto pena de meu amigo por ter um irmão tão louco como esse.

Ainda sim, não consigo me arrepender por ter aceitado o convite de Heitor.

— Por que vocês estão tão em choque? Eu só estava brincando, bobinhos.

Heitor passa pelo irmão como um raio quando o mesmo abaixa a arma, meu amigo suando frio me puxa para si.

— Isso não é brincadeira que se faça Dominic e você sabe o que nossa mãe pensaria sobre isso.

— Nossa mãe não está aqui Heitor! Guarde seus sermões para si próprio, agora se me dão licença tomarei um banho para tirar toda essa tensão do corpo. — Rindo, o tal Dominic passa por mim e por seu irmão como se não tivesse acabado de me ameaçar com a PORRA DE UMA ARMA.

— Você está bem?

— Sim, eu só estou um pouco enjoada. Não é sempre que tenho alguém me colocando na linha de fogo.

— Se você quiser posso te levar embora. Quer?

— Não, eu estou bem! Só quero uma água com açúcar por favor.

Heitor corre e volta tão rápido quanto foi.

— Obrigada!

Sem saber como agir diante do que acabou de acontecer, ficamos apenas sentados um ao lado do outro no sofá. Heitor me pediu milhares de desculpas e perdões por me colocar nesse tipo de situação logo na primeira vez que saímos juntos, enquanto eu ainda um pouco cansada de mais guardo minhas palavras e me calo apenas ouvindo.

[...]

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