O tempo e suas reviravoltas

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CAPÍTULO: 39

TYLER FONTAYNE

O tempo passa incrivelmente rápido e quando fomos perceber nossa pequena Charlotte já estava vindo ao mundo, foi tudo muito rápido e quando Diana começou á ter suas primeiras contrações eu a levei ao hospital, onde as pressas a levaram para a sala de cirurgia, participei de tudo, mas apenas pra enfatizar... o tudo se enquadra até na hora que houve algumas complicações com minha linda garotinha que infelizmente teve duas paradas cardiorrespiratória, mas Deus muito justo me deu o privilégio de ter contratado para trabalhar em meu hospital médicos que se mostraram mais do que competentes, quando salvaram meu bebê.
Minha mulher ficou bem, quer dizer, quando viu a correria dos médicos começou a ficar muito nervosa e para que não houvessem mais complicações autorizei que fosse sedada, mas no final do parto deu tudo certo.

Charlotte foi limpa, cuidada e após ser checada várias vezes sobre o meu comando foi pro berçário, onde todos os familiares correram vê-lá.

Então quando a vi com clareza, o mundo começou a ruir, pois eu soube que nossos dias seriam uma tormenta se aquela pequenina despertasse em Diana a memória perdida.

[...]

Três semanas se passaram e a cada dia eu ficava ainda mais impressionado com a semelhança de Charlotte com Leonardo, mesmo me considerando pai dela e tendo a certeza que a criaria como tal, o sentimento de ciúmes habitava em mim, assim como o medo de minha princesinha querer conhecer o homem que por causa de um maldito sangue é considerado seu pai biológico, medo de no final Diana... sei lá, acabar lembrando de tudo, dos momentos bons que eu sei que eles viveram e querer ficar com ele quando o tratamento da clínica começar a dar sinais muito positivos.

Todos tolos!

Mas reais o suficiente em minha mente para me perturbar, quase todos os dias.

[...]

Hoje Diana vai a terapia, foi um pedido meu a alguns dias atrás, quero que ela continue seguindo com a psicóloga e além do mais ela não vai se esforçar indo daqui até o hospital, eu a levarei e buscarei para que não ocorra contra-tempos, já estamos ciente que ela precisa ficar de resguardo, mas como eu disse... ir ao consultório de sua psicóloga não é um esforço preocupante nem demais.

Em questão dos cuidados a Charlotte posso dizer que nós dois depois de alguns cursinhos básicos e livrinhos bem informativos sobre cuidados com um bebê, estamos muito bem preparados. Ambos cuidam; ela dando de mamar, uma função que não posso exercer, eu a fazendo arrotar, Diana às vezes trocando a fralda que nunca para limpa, mas às vezes sou eu também, damos banhos e essas coisas que pais normais fazem. Preciso admitir que amo cada momento com as duas e apesar de ser a cara de Leonardo, Charlotte, talvez coisa de minha cabeça, esteja criando alguns traços de Diana e isso me deixa bem feliz, não que eu seja capaz de amar menos minha garotinha por ser a cara do desgraçado, mas ter traços de Diana se torna pontos positivos, não é mesmo?

— Está pronta meu amor? — Beijo a testa das minhas duas lindas garotas e Diana confirma.

— Não estou nem um pouco animada, mas por você e por Charlotte vale o esforço.

Sorrio contente com sua confidência e antes de me abaixar para colocar nossa pequena na cadeirinha beijo seus lábios. Ainda não fizemos nada desde que a princesinha nasceu, mesmo assim sei que estamos bem e que Diana é inteligente o suficiente pra entender que é pro próprio bem, não quero que nada de mal ocorra durante sua cicatrização, depois que o tempo de cura passar vamos fazer tudo o que ela quiser.

— Então vamos?

Checo mais uma vez a cadeirinha e quando Diana concorda que podemos ir, damos as mãos e saímos até o carro!

[...]

Enquanto Diana ficou no consultório eu saí com Charlotte dar uma volta fora do hospital, ela ainda é pequena e creio que ficar em um local contaminado não seja recomendado para uma recém nascida. Como imã acabamos atraindo várias pessoas pra perto de nós, a maioria mulheres loucas e que só faltavam me engolir vivo ou roubar Charlotte de meus braços. No final ficamos sentados em um banquinho tomando um pouco de sol e "ar puro". Quando a terapia de Diana acabou ela ainda demorou um pouco pra me ligar, até achei estranho, ela praticamente estava quase meia hora atrasada, mesmo assim relevei achando estar paranóico, e vai ver a doutora acabou prolongando a conversa e deu nisso, quando voltamos pra casa Dorota fez questão de preparar um banho especial pra princesinha, depois que contei o quanto fomos paparicados na rua minha mãe e ela trocaram olhares e deram um discurso sobre quebrante e algumas outras coisas.

Diana está estranha, não me olha nos olhos, parece pensativa demais e não sei se isso se deve a terapia ou a sua demora, simplesmente NÃO SEI e isso me perturba, não consigo acreditar que apenas um dia vai ser capaz de nos afastar novamente como aconteceu quando contei sobre Leonardo pra ela.

Mas diferente daquela vez, não vou dar um tempo pra ela,  vou ir e perguntar logo de uma vez o que se passa, somos um casal e além da cama temos que dividir nossos demônios internos também. Tomo um banho e fico brincando com Charlotte enquanto ela se arruma em nosso quarto, hoje pensei em irmos a um restaurante, precisamos de uma noite nossa e minha mãe se prontificou a cuidar da neta para que nada fuja do meu controle, precisamos conversar sobre seu comportamento, meus medos e colocar tudo em pratos limpos.

[...]

Ela é incrível, é linda, charmosa, bela, tem uma luz própria e irradia calor. Ela é sensacional, maravilhosa, seus lábios carnudos sempre me levam ao delírio e suas mãos macias quando me tocam me deixam tão feliz, tudo nela me deixa feliz, principalmente quando ela está feliz, quando seu olhos sorriem junto com a boca, quando ela vê nossa filha ou até quando fazemos amor, eu simplesmente a sinto feliz e isso me deixa melhor.

Hoje em especial ela está com um vestido que ilumina sua pele e não só a deixa gostosa, mas a torna poderosa também, não sei explicar, só consigo olhar pra minha mulher e pensar o quanto ela é incrivelmente linda. Sorrindo tímida se aproxima de mim e me toca o peito em uma carícia lenta e gostosa, toco seus lábios, contorno seu rosto e me perco em seus olhos.

Nossa noite foi perfeita, um jantar gostoso e levemente romântico, com uma música boa e uma conversa agradável, leve e casual. Uma pena que meu coração implorava por mais e antes de irmos embora a convidei para passear um pouco pelas ruas movimentadas e iluminadas da Flórida. Estamos sentados na grama agora, Diana está entre minhas pernas e sua costa nua encostada em meu peito coberto pelo terno, calados apenas se acariciando e olhando a lua. Assim como eu, ela também está perturbada com algo e sinto sua vontade de falar pra mim o que a atormenta tanto, mas algo a impede e eu resolvo tomar partido, talvez comigo falando primeiro sobre o que me perturba ela se abra...

— Tenho medo de Charlotte crescer e querer ir atrás de Leonardo.

Silêncio

— Você não viu a foto dele e eu não queria dizer isso, mas você sabe, vê com seus próprios olhos que ela é a cara dele e tenho medo de isso te fazer lembrar daquilo que sua mente luta pra não trazer à tona.

Silêncio

Sua respiração se torna pesada e ela aperta mais minhas mãos.

— Eu amo vocês Diana, por favor não pense o contrário depois disso que te confidenciei. Somos um casal e temos que dividir um com o outro nossos temores, querida.

Ela respira fundo e até me dá a falsa impressão que vai falar, me surpreendendo quando desolada inclina seu corpo pra frente e entra em um estado de choro compulsivo. Com palavras de conforto e um abraço meio torto devido sua posição eu a acalmo de sua crise. No fim ela apenas se levanta, não me olha nos olhos, mas pede com uma voz de quem quer chorar de novo e quase implorando para que eu a leve embora, me deixando triste e com sensação de impotência no peito.

Talvez, eu a esteja perdendo.

Sob meus Cuidados Onde histórias criam vida. Descubra agora