Vencendo demônios 2/2

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Capítulo: 61

DIANA RAMOS

Ao entrarmos no restaurante amplo e praticamente vazio, toda a atmosfera do lugar mudou, de um ar leve e aparentemente tranquilo, para algo pesado e quase palpável. Seguro forte a mão de Tyler que me encara com um pequeno, mas muito consolador sorriso. Sem conseguir me conter acabo sorrindo de volta, às vezes nossa ligação é estranha, mas em momentos como esse... ela apenas me traz paz!

Foram meses fazendo novamente a terapia para me salvar de meus demônios internos. Meses entre o consultório da minha psicóloga e o escritório de Alexia, lugar onde decidimos toda a decoração do meu tão esperado casamento.

Houve dias em que tive surtos, ouvia passos ecoando pela minha cabeça e por um momento chegava acreditar que lembraria de tudo, noites mal dormidas por sofrer com pesadelos impossíveis de serem decifrados. O que me fez em palavras não poder descrever o tamanho sofrimento que passei após rever pessoalmente Leonardo.

Eu queria de verdade, um dia, ser capaz de perdoa-lo por tudo que me fez e me causou. Entretanto, bem lá no fundo, eu sinto que se mesmo eu diga que o perdoo, por dentro estarei me corroendo aos poucos pela mentira. Infelizmente não basta ele se curar, continuar o tratamento e sair da clínica para que tudo se resolva.

Tyler como um cavalheiro puxa a cadeira para atrás e me sento agradecendo pela gentileza. Quando ele se acomoda em seu lugar encaramos as duas pessoas que mais me fizeram mal.
Katherine e seu filho, meu ex namorado e pai da minha filha, Leonardo.

- Boa noite! - Leonardo deseja fitando intensamente meus olhos e eu agarro a borda da mesa tentando controlar meus sentimentos.

Quando estabeleço novamente o controle sobre minhas emoções que por um momento ameaçaram fugir e causar pânico em todo o meu corpo, eu consigo abrir meus lábios para deixar que as palavras escorra por eles.

- Podemos ir direto ao ponto?

- Claro, querida!

Pelo canto dos olhos vejo Tyler olhar feio para Katherine e dessa vez quem segura sua mão sou eu. Tudo que menos preciso é tornar isso um campo de guerra.

- Estamos aqui para falar sobre Charlotte. - Vejo os olhos de ambos brilharem de admiração e amor quando falo o nome de minha filha e engulo em seco.

- Ah, que bom! Se você preferir podemos estabelecer um tipo de acordo para que eu e meu filho estar sempre vendo a minha neta.

- Charlotte é muito pequena! Então eu e Tyler conversamos e a gente acha melhor que você Leonardo, - O encaro e  respiro fundo antes de continuar - tenha calma e espere que ela cresça mais um pouco. E eu Diana Ramos, acredito que quem deve decidir ficar perto de você ou não seja ela. Mas Charlotte só tem três anos e ainda não é capaz de decidir por conta própria. Aliás você saiu a pouco tempo da clínica, ainda está se recuperando e começou o tratamento agora. Eu realmente não posso concordar em deixar minha filha sozinha com você ou com sua mãe. Entendo que esteja arrependido de tudo que fez como escreveu no e-mail que me mandou semana passada, mas eu realmente não posso e espero que entenda.

Leonardo abaixa a cabeça e limpa o rosto com as mãos. Sua mãe, Katherine me encara com puro ódio nos olhos e eu me volto para Tyler.

- Estou aqui! - Ele sussura e eu pisco querendo chorar e sorrir ao mesmo tempo.

Chorar por toda essa merda de situação, chorar por meio ao caos ter encontrado um cara incrível e que hoje junto da minha filha faz meu mundo MIL VEZES melhor. Sorrir por o ter ao meu lado em um momento tão difícil, sorrir por ele sempre estar comigo e não me julgar, por me apoiar nas decisões que tomo referente a nossa filha e até mesmo me aconselhar melhor nelas. Eu simplesmente amo esse homem. Amo com todo o meu coração!

- Eu sei que você não consegue nem me olhar por muito tempo Diana. Sei que te causei muito mal e quase matei você e Charlotte, sei que minha síndrome tirou de mim o direito de te chamar de minha mulher e de chamar Charlotte de minha ou nossa filha. Mas eu estou disposto a aceitar qualquer proposta sua e de Tyler se isso me permitir se redimir ao menos com aquela garota. Então por favor, ao menos me deixe vê-la de vez em quando, nem que seja por cinco minutos. Eu só preciso saber que ela irá crescer sabendo que mesmo tendo sido uma pessoa muito ruim, hoje estou disposto a me redimir e a melhorar a imagem que meu passado deixou marcada em vocês. Por favor, não me negue isso! Charlotte é único motivo que me faz querer se manter vivo.

Sob meus Cuidados Onde histórias criam vida. Descubra agora