Promessas de amor

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CAPÍTULO: 27

TYLER FONTAYNE

 Se pudesse dividiria a cama com você todas as noites e te acordaria toda manhã com um beijo na testa. — No caos de Sampa 

Dormir ao lado de Rebeca nem se compara a dormir com Diana. Se for levar pelo lado de que ambas são mulheres e que ambas fizeram meu braço ficar dormente eu até poderia dizer serem parecidas, nesse requisito. Mas nos outros, a elas são completamente diferentes. Não vou comparar porque pra mim isso é algo chato, mas não posso deixar de lembrar que Diana me fez acordar várias vezes no meio da noite com seu cabelo entrando em tudo quanto é lugar do meu rosto, assim como ela acordou várias vezes pra ir ao banheiro e sempre se mexia tentando encontrar uma posição confortável na cama por causa da barriga, que foi o lugar onde eu deixei a minha mão enquanto dormíamos ou pelo menos tentei deixar com essa criatura se movimentando toda hora. Preciso lembrar que quase perdi a sanidade quando Diana encontrou uma posição onde a gente ficava de conchinha e não, eu não fui capaz de não desejar mais do que eu desejo essa mulher. Sou homem, ela é mulher e independente do que aconteceu com ela eu vou respeitar, amar e cuidar do seu corpo, coisa que crápula que a jogou naquela estrada não o fez. O corpo não é um copo descartável que você usa e joga fora e quero mostrar isso a Diana. De qualquer forma tudo tem seu tempo, mas a minha vontade de amar o corpo dela não é só para o meu prazer, é para o prazer dela, é para quando ela lembrar de tudo não se esquecer que mesmo com o que fizeram com ela, mesmo com tamanha crueldade ela não pode odiar o próprio corpo. Já vi muitos casos onde a mulher se torna oca, vazia por dentro por causa da crueldade cometida sem escrúpulos e eu não quero e nem vou deixar que a minha garota se torne isso.

Passo a mão pelos meus cabelos molhados e bebo da imagem maravilhosa de Diana deitada na cama com seus cachos espalhados pra tudo quanto é direção. Um sorriso involuntário aparece só de lembrar que a poucos minutos eu estava junto com ela nessa cama, sentindo seu corpo, seu calor, sua barriga e dormindo como se fossemos um casal. Ando até lá com passos silenciosos e com cuidado dou lhe um beijo na testa antes de descer para tomar café e conversar com Dorotéia sobre a visita nas escolas onde David foi aceito.

Quero um futuro bom pra esse menino, quero que ele estude nas melhores escolas e faculdades, faça os melhores cursos e tenha o melhor material para que não haja margens para um futuro de merda. David é um menino inteligente, minha mãe até afirmou que pelo pouco que ensinou a ele esses dias em casa já deu pra perceber que tem força de vontade e vai longe se a gente o colocar na direção certa. Dorotéia como sempre fica chorosa, agradece milhões de vezes pela a oportunidade e só falta me esmagar em um abraço de agradecimento.

Quando Diana desce com os cabelos presos em um coque muito mal feito, os olhinhos pequenos por causa do sono e bocejando como se sua vida dependesse disso eu tento ao máximo controlar a vontade desgraçada de pegar ela no colo como um bebê e mostrar o quanto sou louco por essa mulher.

— Bom dia bela adormecida! — Dorota brinca e Diana murmura algo pra ela que saí rapidamente.

— O que foi? Você não parece estar em um bom dia.

— Estou enjoada, mas não se preocupe! Dorota vai me fazer um chá e tudo vai ficar bem. — Dessa vez ela sorri pra mim e eu retribuo.

Penso em sentar ao seu lado que se encontra em minha frente e abraça-lá, mas conheço essa garota o suficiente pra saber que não iria se sentir confortável sabendo que eu ainda sou um homem comprometido e Dorota na certa falaria algo. Começo a tomar meu café da manhã e ficamos em um silêncio sepulcral, Diana está com o corpo curvado, os braços dobrados na mesa e a cabeça sobre eles, enjôo deve ser a coisa mais filha da puta que vocês mulheres sentem nessa gravidez, claro que não tanto quanto a dor na hora do parto.

— Aqui menina! — Uma caneca fumegante é posta na frente de Diana que a pega sem exitar e se levanta indo em direção aos quartos.

[...]

As visitas às escolas com David e Dorotéia aconteceram e logo de cara o pequeno já se apaixonou por uma, até chegou a fazer uns amigos por conta do fato da gente ter ido na hora de um dos intervalos. A escola é período integral e oferece bons cursos, sem falar que estuda três tipos de línguas. Após algumas burocracias deixo Dorota e seu filho em casa e vou para o trabalho. Queria muito que Diana fosse a consulta com sua psicóloga, tenho certeza que já adiei de mais esse encontro entre as duas, mas não posso obriga-lá e fico preocupado por ela estar enjoada, o que vai deixar tudo ainda mais difícil. 

Quando chego no hospital respiro fundo ao me dar conta que terei muito trabalho pela frente. Ontem praticamente paralisei todo esse lugar apenas pra tentar achar Diana e me sinto um pouco arrependido. Não posso misturar o profissional com o pessoal, mesmo que isso se torne muito difícil ultimamente. A papelada posta em cima da minha mesa não deixa margens para uma provável escapada antes do horário e já sinto todos os meus músculos tensos só de lembrar que preciso muito conversar com Rebeca.

Eu tentei, juro que tentei mesmo não cair em tentação, tentei ao máximo não deixar meus sentimentos por Diana assumirem o controle do meu coração, entretanto a gente não manda nesse órgão tão filha da puta que deveria servir só pra bombear sangue e ontem eu percebi, que adiar não vai adiantar. É necessário assumir, é necessário deixar pra trás aquilo que não me satisfaz sentimentalmente, aliás Rebeca é uma mulher incrível e tenho certeza que não irá demorar para alguém notar isso, só espero não destruir seu coração e sua visão para o mundo dos apaixonados, eu sei o quanto é ruim ter seu coração quebrado e fazer isso com aquela mulher não seria uma solução viável se eu não estivesse louco para beijar os lábios de Diana sem me fazer se sentir culpado e traíra. A primeira vez que rolou entre a gente um beijo eu tentei fingir que não era nada, voltei para os braços de Rebeca sem dar uma real satisfação sobre o que aconteceu, sem pedir desculpas pela situação que a fiz passar e ela me aceitou, ela não cobrou, nós dois facilitamos, nós dois escolhemos esconder o que tinha acontecido e agora eu vejo que não dá mais.

A Diana o que foi que você fez comigo?

Sob meus Cuidados Onde histórias criam vida. Descubra agora