A aparição de Leonardo

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Capítulo: 57

Tyler Fontayne

Como o previsto Alexia fez seu trabalho de forma impecável. Deixando minha comemoração algo simples e muito especial, diria até que de uma forma que nem eu esperava. Mas vamos combinar que ela sempre nos surpreende um pouquinho com suas habilidades.

Diana ficou louca, extasiada e emocionada quando soube que finalmente comprei a casa que havia prometido. Também ficou brava por eu a ter colocado de lado sobre tudo isso, mas chorona e emotiva como estava, acabou me perdoando. A festa para a comemoração inicial ocorreu da melhor forma possível e minha mulher estava linda em seus trajes.

JÁ EU...

Bom, praticamente a festa inteira tive que ficar enxugando minha testa e tentando esconder a evidente tremedeira em minhas mãos. Talvez, só talvez eu quase tenha tido uma crise de ansiedade durante a festa. Pedir a mão daquela mulher em casamento me deixou naquele estado de calamidade absoluta. Mas cada gota de suor de puro nervoso valeram imensamente a pena quando diante de todos Diana me bateu por esconder dela tudo aquilo e depois disse sim enquanto me beijava loucamente em frente dos convidados.

Digamos que tudo isso tenha me causado emoções intensas demais. Todas elas, sendo ruins ou boas, estando a festa toda nos picos mais altos.

Como o esperado minha futura esposa amou seu anel e chorou dizendo que sempre quando olhar para ele se lembrará da primeira vez que me viu, da primeira vez que olhou meus olhos e ganhou uma nova cor predileta. Quase chorei junto, mas me mantive para não acabar explodindo com tantas emoções colidindo sem controle uma com a outra dentro de mim.

[...]

Diana Ramos

Depois de todo o evento de altas emoções que Tyler criou com a ajuda de Alexia, não só surpreendendo a todos, mas principalmente à mim, fiquei feliz e animada para os preparativos do casamento. Se dependesse de Fontayne, nos casariamos no mesmo dia do pedido, mas felizmente meu noivo é um homem sensato e aceitou me dar alguns meses para preparar tudo.

Tornando esses poucos meses nosso tempo de "noivado".

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah, estou tão feliz com tudo isso que nem consigo conter esse sentimento dentro de mim. Quero sair por aí mostrando para todos meu lindo anel de noivado e contando sobre como sua cor representa um momento, um dia, uma situação da minha vida que fez ela mudar por completo e de uma forma inexplicável.

Tudo que vêm me acontecendo desde o dia da estrada, tem sido inexplicável.

- Moça, aqui está seu troco! - Pego as moedas que o homem da barraquinha de algodão doce me estende e guardo dentro da carteira.

Agradeço pelo atendimento e volto a dirigir o carrinho de Charlotte pelo parque, dessa vez com minha filha toda concentrada em comer seu doce. Vejo pelo canto dos olhos algumas pessoas nos olhando de forma preconceituosa e até curiosa. Mesmo hoje em dia sendo tão normal homens e mulheres negras se envolverem amorosamente com pessoas brancas e gerarem crianças como fruto desse amor, para alguns ainda é algo digamos incomum ver uma mulher negra passear com uma garotinha tão branca quanto minha filha. Pelo olhar de alguns, posso apostar que estão se perguntando se sou só a babá ou de fato a mãe de Charlotte.

Mas não ligo! A muito tempo aprendi a não me importar com esse tipo de situação. A não levar pro coração! Continuo meu caminho e paro embaixo da sombra de uma árvore. Dessa vez em uma área aonde não seja proibida para não jogadores. Sorrio lembrando de Heitor e de nossa forma desastrada de se conhecer.

Retiro Charlotte de seu carrinho e a deixo livre brincando na grama com alguns de seus brinquedinhos. Queria que Tyler estivesse com a gente, ele adora esses momentos com nossa princesinha, mas infelizmente ele teve que viajar para resolver alguns problemas de sua ONG com a Rebeca. Por um momento me distraio com o barulho estridente do meu celular, tentando achar ele dentro da bolsa tirando por alguns instantes os olhos da minha filha, e quando finalmente o acho, atendo vendo que é Tyler. Mas assim que levo o celular na orelha e olho para onde Charlotte está, me deparo com um homem sentado ao seu lado brincando com ela de boneca. No mesmo instante largo o celular de lado esquecendo completamente de dizer algo ou desligar e corro até a minha filha.

- Charlotte! - A chamo atraindo a atenção dos dois para mim.

Quando o homem levanta a cabeça deixando em evidência seu rosto sinto minha cabeça latejar e me curvo tentando fazer os sons de passos pararem de ecoar por minha mente.

Não posso acreditar que ele voltou.

Não posso acreditar que ele está na minha frente. Que está brincando com minha filha.

Eu não...

Não consigo pensar direito...

Minha cabeça está doendo de mais, sinto meu rosto molhado, mas não consigo raciocinar...

Os passos começam a ecoar mais altos e  a voz inconfundível começa a tomar meus sentidos de forma lenta e dolorosa.

Quero tirar minha filha de perto desse homem...

Quero sair daqui...

Quero correr, gritar, chamar por Tyler...

Mas não consigo me mover, não tenho mais controle sobre meu corpo e o medo junto das vozes e dos passos começam a ecoar cada vez mais alto pela minha cabeça.

Preciso criar forças para proteger meu bebê

Não posso deixar ele nos pegar

Ele vai nos machucar

SOCORRO, SOCOOOORROOOOO, SOCOORROOO

Desesperadamente começo a chorar e caio no chão incapaz de controlar meu próprio corpo, incapaz de controlar meus medos, meus pensamentos, incapaz de proteger minha filha, proteger meu bebê, me proteger dele, de Leonardo, do monstro, de mim...

Socorrooo

grito sem forças

Sob meus Cuidados Onde histórias criam vida. Descubra agora