Bitanic

The Princess and the Commander

                No restaurante da 1ª classe, reuniram-se para almoçar em torno de uma mesa de seis lugares Clarke, Finn, Abby, Margaret Brown, Thomas Andrews e Bruce Ismay. A senhora Griffin sentou-se na cadeira em uma das extremidades, cujo lugar ao seu lado esquerdo foi ocupado por sua filha e o direito pelo senhor Andrews. Ao lado da noiva, sentou-se Finn que ficou defronte de Brown; Ismay tomou o último lugar, sentando-se na outra extremidade. Começaram conversando sobre a Irlanda, país por onde tinham passado naquela manhã, e não tardaram a mudar de assunto. Falavam de tudo um pouco, só que Clarke realmente não conseguia achar aquela conversa interessante, estava entediada, de modo que dava respostas bem curtas quando era questionada sobre algo, especialmente quando a pergunta feita tinha alguma coisa a ver com o seu casamento. Detestava dizer que estava ansiosa e animada pelo dia em que se tornaria oficialmente esposa de Finn, porque não estava. Definitivamente, não estava. Ao contrário de sua mãe, que só faltava soltar fogos de artifícios.

             Bruce tocou no assunto sobre o Titanic, ressaltando a grande diferença que existia entre este em relação a outros transatlânticos de estruturas grandiosas e colossais, dizendo que o Navio dos Sonhos era o maior objeto que se move já criado pela mão do homem em toda a história. E era, realmente. Andrews foi o principal construtor do Titanic, sendo uma figura de suma importância, uma vez que foi ele quem o projetou, embora a ideia tenha sido de Ismay, que vangloriava-se com o seu feito histórico.

             A conversa rendeu e Bruce fez questão de mencionar o quão supremo e luxuoso era o navio, explicando detalhadamente as etapas que tiveram que passar para que o Titanic saísse do papel e se tornasse real. Tentando prestar atenção no assunto, Clarke acendeu um cigarro na piteira e prendeu o objeto fino entre os dedos indicador e o do meio, não tardando a sorver com classe a nicotina. Como já era de se esperar, Abby lançou em direção à filha um olhar censurador, murmurando baixo o quanto desprezava aquele tipo de atitude. A jovem loira manteve-se indiferente e, como se quisesse desafiar a sua mãe, soprou toda a fumaça na cara dela. Assistindo aquela cena, Finn também reprovou a noiva, mas, em seu caso, ele simplesmente retirou o cigarro da base que Griffin segurava e espremeu a ponta acesa no cinzeiro. Molly encarou tal situação indignada, achando uma grande falta de respeito o que o homem defronte de si fizera, mas não disse nada porque sabia que não devia se meter. Clarke, por sua vez, engoliu em seco, enrijecendo ainda mais a postura e tornando ríspido o rosto angelical.

              Um dos garçons veio à mesa e foi perguntando um a um o que desejavam comer. Clarke já tinha perco o apetite, portanto não pediria nada, mas antes que tivesse a chance de dizer isso, Finn foi mais rápido e fez o pedido tanto para ele quanto para ela. Talvez fosse uma forma maldosa de castigá-la por sua atitude, porque ele sabia que ela era vegetariana, mas ainda assim pediu um carneiro mal passado para os dois. Tão logo o garçom se afastou, Finn voltou sua atenção à noiva com uma sobrancelha perfeita arqueada e, cínico e provocativamente, perguntou se ela gostava de carne ou não. Aquilo fez a raiva se alastrar por todo o corpo de Clarke que, para não dar um soco na cara dele, esboçou um sorriso aniquiladoramente forçado.

– Vai dar a comida na boca dela também, Collins? – Molly não aguentou e acabou por se intrometer, alfinetando-o, mas soltou uma risada para parecer que estava brincando. Finn a encarou com um olhar fuzilativo, o que a fez trocar de assunto rapidamente. – Mas e aí, rapazes, quem foi que deu o nome ao Titanic? – olhou para Andrews e depois para Ismay, pousando o seu olhar no último. – Foi você, não foi, Bruce?

– Bem, sim. – ele sorriu orgulhoso. – eu quis me referir ao tamanho, e tamanho significando estabilidade, luxo e, sobretudo, força.

A língua de Clarke coçou mais do que nunca. Ela poderia manter-se quieta, mas optou por falar, e que se dane o que a sua mãe acharia: