I need to find her

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                     Os raios solares daquela manhã de 14 de abril invadiam preguiçosamente o convés de passeio particular da suíte de Clarke, aquecendo pouco a pouco o ambiente que ainda carregava no ar os vestígios do frio da noite anterior. Uma mesa toda preparada para o café estava posta no centro daquele cômodo e um dos mordomos perambulava pelo local junto a Zoe. Finn já estava sentado à mesa.

                    Clarke notou que uma certa tensão pairava sobre o lugar logo quando adentrou ao convés, pressentia que o dia não começaria muito bem. Esperava que fosse apenas coisa de sua cabeça, afinal de contas estava de bom humor e começar o dia com problemas não fazia parte dos seus planos. Porém, sua suposição tornou-se mais forte quando viu que Collins ostentava uma cara de poucos amigos. Não deveria ser uma surpresa para ela, dado que ele comumente carregava a carranca no rosto, contudo, a rispidez esboçada daquela vez denunciava o descontentamento a respeito de algo, o que não era nada bom.

— Bom dia. — disse ela, a fim de descontrair o silêncio desconfortável que preenchia o ambiente. Ele não a respondeu, nem olhar em sua direção olhou. Se o conhecia bem como o conhecia, sabia que aquilo significava que a situação não era uma das melhores. Com isso em mente, tomou o lugar à frente dele e manteve a postura impecável. Iria perguntar onde estava Abby, no entanto, optou por deixar pra lá.

                    Tão logo sentou-se à mesa, Zoe veio ao seu encontro. A mulher perguntou a ela se gostaria de um pouco de chá e recebendo a sua confirmação, despejou na xícara uma pequena quantidade do líquido. Logo, tomou distância. Elegantemente, Clarke segurou a chávena de porcelana com o seu polegar e mais dois dos seus dedos ao enrosca-los na alça e a levou à boca. Seus olhos estudavam discretamente Finn. Ele evitada encará-la, mas lançava-lhe um olhar bastante cortante quando o fazia, beirando ao mortal. Caso apostasse, certamente diria que toda a presente situação tinha algo a ver com a festa que compareceu logo após o jantar no suntuoso salão. Sabia que fora seguida por Karl, não duvidava nem um pouco. Sendo sincera, odiava por demais aquele fúnebre homem, muito mais do que era capaz de descrever. Ele sempre estava ali, de alguma forma, como se fosse uma sombra ou algo semelhante. Não, pior que isso, podia-se dizer que era quase como um daqueles animais selvagens que ficam na espreita aguardando a hora certa para dar o bote na presa.

— Eu estive a sua espera ontem, mas você não foi me ver. — quando Zoe e o mordomo saíram do local, Collins pela primeira vez naquela manhã falou. Sua voz grave atingiu os ouvidos dela num tom suavemente baixo, mas era perceptível a raiva e decepção mescladas àquelas palavras. Ele encarava o vapor do café e contornava distraidamente a borda de sua xícara com o polegar, porém, tão logo terminou de falar, ergueu os olhos e a fitou.

— Eu estava bastante cansada, por isso não fui. — justificou-se da maneira mais calma que conseguiu, revezando o olhar entre o chá que adoçava e as orbes castanhas perscrutadoras. Ele, certamente, não caiu em tal pretexto, apesar de não ser 100% uma mentira. A exaustão mencionada foi consequência da festa que aproveitara na terceira classe. Em seu ponto de vista, não julgava errado dançar e beber um ou dois copos de cerveja, embora soubesse que esse tipo de atitude ia contra os valores da elite. Não fora imprudente, só gozou um tanto da liberdade limitada que lhe fora oferecida por uma noite, nada mais que isso. Ninguém podia culpá-la por se divertir um pouco.

— Mesmo? Bom, concluo que as celebrações no convés inferior foram bem interessantes para você, não? — ele ergueu uma sobrancelha, esboçando um sorriso aniquiladoramente dissimulado. Ela repousou a xícara que tinha em mãos sobre a mesa. — Divertiu-se bastante?

— Mandou o seu criado me seguir outra vez. — não foi uma pergunta, nem tampouco soou como uma, foi uma constatação de um fato, pois ela tinha ciência da resposta. — É bem típico de você, Finn. Eu sabia q...

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