Epílogo

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 "Querida Susan,

                Obrigada por ter sempre estado ao meu lado cuidando de mim, especialmente nesses últimos meses. Palavras não são suficientes para agradecer. Sinto-me tão feliz por ter contado finalmente toda a história do Titanic, a verdadeira história, e ainda mais feliz por você tê-la ouvido também. Queria tanto que você tivesse conhecido a Lexa, iria amá-la, infelizmente você não fez tantas lembranças ao lado dela para recordar-se, mas tenho certeza de que ela está presente em seu coração também. Lexa costumava dizer que você era a princesinha de nossas vidas e você a amava, tanto que a segunda palavra que você aprendeu a falar fora justamente o nome dela, sabia? A perda me fez perceber que a vida passa rápido demais, as pessoas partem sem que esperemos e, quando nos damos conta, também já estamos indo. Por isso, querida, gostaria de pedir a você para aproveitar cada segundo de sua vida como se fosse o último. Nunca lamente por um dia ruim, porque ele servirá como um aprendizado em algum momento; assim como os dias bons, eles te darão ótimas memórias. Lexa dizia que a vida é muito mais do que apenas sobreviver e eu concordo plenamente, ela é o que você faz dela. Portanto, faça cada segundo valer muito, muito a pena. Viva! Viva a vida do jeito que você quiser viver. Saiba que eu sempre estarei aqui por você e te apoiarei em qualquer decisão que tomar, pois eu sei que o seu coração sempre escolherá o certo. Despeço-me agora de ti, porque sinto que chegou a minha hora, mas eu não poderia ir sem lhe dizer adeus. Precisava fazer isso. A minha luta acabou, mas a sua está só começando. Mantenha-se firme em sua jornada, querida. Eu amo você, nunca se esqueça. Lágrimas caem de meus olhos neste momento, mas é porque eu estou extremamente orgulhosa da mulher incrível que você se tornou. Seja sempre você. Sempre!

                  Que nos encontremos novamente."

                  Clarke dobrou o papel ao meio, escreveu no verso "De: vovó Para: Susan" e deixou a caneta sobre este. Levantou-se calmamente da cadeira, buscou o desenho de Lexa sobre a cama e deitou-se, então, confortavelmente nesta. Seus olhos passaram a contemplar aquela imagem por um tempo que não soubera dizer, Clarke apenas quis admirar a beleza da morena desenhada e sorria ao recordar-se dos momentos que passou ao lado dela dentro do Titanic.

                 Segurava a folha com todo o cuidado defronte ao rosto e, inevitavelmente, as lembranças invadiram os seus pensamentos. Recordou-se do dia em que Lexa e ela se conheceram, Clarke estava descontente com a própria vida e ameaçou jogar-se do Titanic, mas foi salva por aquela garota que fez de tudo para demovê-la da ideia. Ela riu ao lembrar-se da desculpa mais estúpida e esfarrapada que conseguiu inventar naquele momento para escapar dos questionamentos de Finn sem prejudicar Lexa. Conseguiu, para própria surpresa e surpresa da morena, que tentava entender aquela situação sem deixar-se rir. Lembrou-se, também, da primeira vez que fizeram amor e Clarke podia afirmar que ninguém nunca a fez se sentir tão especial quanto Lexa um dia fez. A viagem que achava que seria tão tediosa quanto tudo em sua vida naquela época tornou-se uma lembrança não só muito dolorosa, mas memorável. A vida que construiu ao lado dela após tudo fora perfeita e pensar nisto a fez querer chorar de saudades. Com os dedos da mão direita, acariciou o desenho e deu um selinho. Lágrimas caíam veemente de seus olhos. Contudo, apesar das lágrimas, Clarke procurou esboçar um pequeno sorriso e abraçou o desenho com a pouca força que tinha. Seu coração batia a cada vez mais numa frequência baixa. Ela deu um profundo suspiro e fechou calmamente os olhos. Aos poucos, sem que sequer sentisse, a vida foi deixando o seu corpo. A viagem, porém, não foi longa.

                    Não soube dizer onde exatamente estava no momento em que os seus olhos voltaram a se abrir, ficara desorientada por um instante, mas a verdade era que nada parecia fora do lugar para ela. Sentia uma paz tão boa que teve a impressão de que estivesse em uma versão do paraíso. Quando se deu conta, viu-se outra vez dentro do gigantesco Titanic, estava com seus 17 anos novamente e isso não lhe pareceu uma surpresa. Debruçou-se na balaustrada da popa para observar o rastro que o navio deixava ao cortar o oceano, o céu estava completamente azul e a brisa lânguida bagunçava os seus cabelos loiros. Sentia-se tão bem e estava feliz, aliviada, mas não sabia dizer o porquê daquilo, simplesmente se sentia assim. 

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