Bitanic

I'm flying, Lexa

                  Ao atravessar a porta de saída do Salão de Jantar e voltar à área destinada aos da 3ª classe, Lexa passou a procurar por sua melhor amiga, que já não mais dormia no quarto. Andava com pressa de um lado a outro, como se estivesse correndo contra o tempo. Procurou e procurou. Só foi encontrá-la alguns minutos depois no Salão de Convivência localizado no Deck C do Castelo da Popa. Anya e Bret Carson jogavam algum tipo de jogo de Baralho com um casal em uma das mesas circular de madeira teca no canto esquerdo daquele local. Aproximou-se.

— ... no pokêr. Pode-se dizer que tivemos muita sorte, mas ela tem todo o crédito, afinal de contas é uma excelente jogadora. — Lexa chegou ao final da conversa, mas sabia bem de quem Anya falava.

— Eu preciso da sua ajuda pra fazer uma coisa. — foi imediatamente ao ponto da questão, ignorando a presença dos outros ao direcionar sua atenção somente a loira. Todos entorno da mesa voltaram seus olhares por um instante a ela, inclusive Walsh.

— Olá, garota apaixonada. — com o seu típico sorriso zombeteiro, Anya a cumprimentou, ao passo que alternava o olhar entre a amiga, que mantinha-se séria, e as cartas que tinha em mãos. — Você não morre tão cedo, sabia disso? — comentou, ainda com o tom de divertimento presente em sua voz. — Estávamos falando justamente de você. Mas, me diz, por onde andou? Eu não te vi acordar.

— Eu andei por aí. — não quis entrar em detalhes, tinha pressa, por isso desconversou. Estava um pouco impaciente. — Temos que conversar.

— Tem como ser daqui a pouco? O jogo já está quase no fim.

— É importante, Anya, por favor. E precisa ser agora.

— Ok, ok, ok. — revirou os olhos e, contra a sua vontade, colocou-se de pé, bufando. — Pessoal, me desculpem, mas vou precisar deixar o jogo. Topam jogar mais tarde?

— Certamente.

— É claro. — disse a mulher que também estava jogando, Clara. Logo, começou a recolher as cartas do baralho. — Mais tarde jogaremos, então.

— Sinto muito por isso. — Anya se desculpou, mas não era preciso, porque eles compreendiam. — Nos vemos depois.

                   Lexa esperava de braços cruzados. Bret, Clara e Harry deixaram o lugar assim que Anya se aproximou da amiga. Pressentia que a tal ajuda as colocaria em uma fria cedo ou tarde. Portanto, foi direta na pergunta.

— O que você quer? Espero que seja importante, Lexa.

— Preciso que me ajude a entrar na 1ª clas...

— Não! — recusou-se de imediato, não dando nem chance da outra terminar de falar, até porque não era necessário, pois sabia do que se tratava. Entrar na primeira classe sem ser convidada não lhe soava uma boa ideia e, como previu, tratava-se de problemas e isso era a última coisa que gostaria de arranjar.

— Anya, por favor. — persistiu, mas a loira não cedeu aos seus caprichos. Balançou a cabeça em negação e começou a andar em direção à saída a fim de fugir daquela encruzilhada. Lexa foi atrás. — Ah, vamos lá, Anya. Você sabe que eu não pediria se não fosse importante. — a mais velha fingiu que não estava ouvindo e permaneceu andando, até que Fairchild segurou seu braço e a virou para si. — É importante para mim, por favor. Eu tentei entrar pela escadaria, mas me expulsaram de lá.

— Sinto muito, é realmente uma pena, mas a minha resposta ainda é não! — tentou se desvencilhar, só que Lexa não a soltou.

— Por favor. — não foi um pedido, foi mais uma súplica. Anya a encarou por um segundo com uma das sobrancelhas arqueadas. — Preciso que me ajude a chegar à Clarke. Em poucos dias iremos embora e eu não posso ir sem dizer tudo o que sinto. Talvez você não entenda, talvez me ache uma idiota, mas eu peço que me ajude ainda assim. Por favor.