Adam

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_ Não parem por minha causa. Por favor, continuem _ falei na boa, sem parar a minha caminhada. 

Não entendia o que estava acontecendo entre eles ou com o Chris e não  fiz questão de entender. Sei que o Chris parou de me encher. Saía com umas garotas, e voltou a me tratar como antes do nosso namoro.

Dois meses depois, estudando com o Natan e eu me sobressaía em todas as matérias. Ele tinha um programa de estudos ótimo. 

Nos finais de semana, saíamos para nos divertir e não falávamos em escola ou sobre a matéria, era uma regra. 

Como entrei na autoescola, o Natan me levou para uma pista de corrida, neste final de semana. Estavam preparando tudo para o treino de corrida do dia seguinte. Entramos nos bastidores e eu me sentia meio intrusa. Tantas pessoas de macacão atarefada e nós de boa como se fôssemos observadores invisíveis. 

_ Hei, Cara! Quem te deu permissão para entrar aqui _ ouvi uma voz rouca e autoritária intimar o Natan e me virei para ver quem era.

Um loiro tão alto quanto o Natan o olhava e riram juntos antes de se aproximarem se abraçando animados com o encontro 

_ Yasmin é minha namorada _ disse me indicando _ O Adam é o meu melhor amigo.

Cheguei mais perto e estendi a mão para ele que a apertou breve e forte, sorrindo.

Foi o nosso guia depois disso. Explicava com detalhes sobre o funcionamento de cada coisa.

Num restaurante perto do autódromo nós almoçamos juntos. 

_ Somos amigos desde pequenos _ falava o loiro com a sua voz rouca, sorrindo de forma irresistível. 

Imaginei aquele lugar cheio de modelos na manhã de sábado. Todas querendo um pedacinho do Adam e de outros corredores lindos e charmosos como ele.

_ Vocês têm a mesma idade?

_ Não. O Adam tem vinte e dois, agora _ o moreno respondeu me abraçando de lado.

_ Essa diferença não atrapalhava a amizade de vocês? 

_ É  que o Adam sempre foi meio retardado _ gargalhou divertido. 

_ Eu sou retardado? Quem capotou o carro em um racha idiota? _ o olhar do Natan baixou e ficou pensativo _ Foi mal, cara. Sei que foi uma Barra para você. Mas eu so-bre-vi-vi _ falou animado e orgulhoso com alegria.

_ Graças a Deus _ o Natan de animou.

_ Na verdade, o Natan era esperto. Como é que diz?

_ Superdotado _ o Natan completou. 

_ Isso! Todo mundo se sentia idiota perto dele. Acabei sendo o seu único amigo por um bom tempo, depois que ele foi adotado. 

_ Por que não me contou? _ cobrei.

_ Não sou _ o Natan desconversou _ O Adam que pensa assim.

_ Claro que é. Mas e vocês? 

_ Vamos para a mesma faculdade, casaremos e seremos felizes para sempre _ o moreno respondeu me olhando nos olhos. 

Daí em diante, a conversa ficou no pretérito passado em um resumo de muitas garotas e encrencas dos dois junto com outros amigos. 

Foi bem divertido ouvir as travessuras do Natan mais jovem. 

Ganhamos entradas para o treino de classificação e para a corrida. O Adam nos deu passes Vips. Ficamos com ele até mais tarde na quinta, pois era epecial esse reencontro. 

Adam voltaria a viajar após a corrida, pois morava em Amsterdã. Mas também,  a sua rotina não permitia que ficasse muito em um país, tinha que viajar pelo mundo para correr.

O Natan passou a noite em minha casa. Adorava nos visitar. O que era estranho, já que sua casa era muito mais confortável que a minha. Ele dizia que sentia o ambiente de lar e que isso era muito bom.

Os seus pais o amavam e eram presentes na rotina dele e minha, já  que eu comecei a frequentar muito a sua casa. Praticamente, viramos uma família só. Todos se conheciam e se falavam. Eu so tinha felicidades com o meu namorado que era perfeito. 

O nosso horário no orfanato ficou restrito a uma hora diária, pôr conta dos nossos estudos. Mas a hora rendia, e era ótimo mesmo assim. 

Havia um combinado entre os dois amigos de trazer as crianças do orfanato no dia da corrida. E o Natan fretou algus ônibus para que todos viessem ver a corrida com direito ao almoço no McDonalds lá perto depois da corrida. Tudo por conta dos dois. 

Era cativante a amizade entre os dois. Pareciam irmãos de sangue de tão unidos. 

Adam ganhou a corrida e comemorou com a sua equipe, família  e conosco que estávamos com orfanato. Foi preciso juntar as mesas e ficamos todos juntos na lanchonete. Um fim de semana inesquecível e uma tarde para relembrar.

As férias vieram logo em seguida. Viajei com o Natan para o Japão, Hokkaido. Saímos umas semanas antes das férias começar com autorização dos nossos pais. Ele queria me mostrar as flores de cerejeira. Por isso tivemos que antecipar nossas férias. 

No hotel, que tinha fontes termais e  um cenário paradisíaco, eu dedilhava o violão do Natan. Havia acabado de tomar banho e usava um camisolao de malha com um coração grande no peito, nada sexy. O Natan estava tomando banho. Havíamos desembarcado à pouco e eu estava cansada. Mas não queria dormir sem o meu namorado. 

Comecei a tocar uma  música que me descrevia bem em meu amor por essa pessoa linda. Sim, o Natan me ensinou a tocar violão. Foi fácil aprender com ele como professor. Nos entendíamos tão bem, tínhamos os mesmos pontos de vista sobre a vida. Ele me passava uma segurança.

Comecei a tocar e cantar meio baixo, pois tinha uma certa vergonha da minha voz manhosa.

Seu olhar parou sobre mim, parando a toalha no cabelo, que antes secava. Com um sorriso, deixou a toalha sobre os ombros e seguiu para uma cadeira de bambu perto de mim, so com uma toalha ao redor da cintura, e sentou para me ouvir. 

Pra Você Guardei o Amor - Ana Cañas

Pra você guardei o amor que nunca soube dar

O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir

Pra você guardei o amor 
Que sempre quis mostrar
O amor que vive em mim vem visitar
Sorrir, vem colorir solar
Vem esquentar
E permitir

Quem acolher o que ele têm e traz 
Quem entender o que ele diz
No giz do gesto o jeito pronto
Do piscar dos cílios
Que o convite do silêncio
Exibe em cada olhar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei 
Vendo em você
E explicação nenhuma isso requer
Se o coração bater forte e arder
No fogo o gelo vai queimar

Pra você guardei o amor
Que aprendi vendo os meus pais
O amor que tive e recebi
E hoje posso dar livre e feliz
Céu cheiro e ar na cor que arco-íris
Risca ao levitar

Vou nascer de novo
Lápis, edifício, tevere, ponte
Desenhar no seu quadril
Meus lábios beijam signos feito sinos
Trilho a infância, terço o berço
Do seu lar

Guardei
Sem ter porque
Nem por razão
Ou coisa outra qualquer
Além de não saber como fazer
Pra ter um jeito meu de me mostrar

Achei 

Vendo em você

Explicação nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e arder

No fogo o gelo vai queimar

_ Isso foi pra mim? _ veio para mim, que pus o violão de lado para abraca-lo.

_ Foi _ ergui a cabeça para alcançar os seus olhos. 

_ Adorei _ Se abaixou para me beijar.

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